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Ações do IFRS visam promover inclusão e acessibilidade para a comunidade surda


 

Em 03 de dezembro foi celebrado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Conheça algumas iniciativas do IFRS voltadas para as pessoas surdas.

Imagine assistir TV, ir ao cinema, teatro e não compreender o que está sendo apresentado. Pense em espaços nos quais seus colegas não lhe entendem, você não consegue se comunicar ou momentos em que a informação se perde ou chega incompleta. É desconfortável e até mesmo angustiante, não? No entanto, pessoas surdas ou com deficiência auditiva passam frequentemente por situações como essas.

Esse público corresponde a 1,2% da população brasileira (aproximadamente 2,5 milhões de pessoas), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), dos quase 20 mil alunos, 715 possuem alguma deficiência. Desses, 33 estudantes são surdos e 40 apresentam deficiência auditiva, conforme dados da Assessoria de Ações Afirmativas, Inclusivas e Diversidade.

O IFRS  possui algumas iniciativas para diminuir as barreiras e proporcionar mais inclusão e acessibilidade para a comunidade surda.  Conheça algumas delas.

Ingresso como um direito

As Políticas de Ações Afirmativas (Resolução nº 022/2014) e de Ingresso Discente (Resolução nº 042/2022) do IFRS, que regulamentam ações inclusivas e a entrada de estudantes, respectivamente, estabelecem diretrizes para atender a comunidade surda. São recomendações das Políticas que o processo de ingresso de estudantes surdos seja realizado por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras); as provas do processo seletivo com questões de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias considerem a diferença linguística desta comunidade; e intérpretes de Libras estejam disponíveis gratuitamente aos estudantes surdos durante todo seu percurso educacional.

Considerando esses documentos, no site ingresso.ifrs.edu.br, pessoas surdas interessadas em ingressar em cursos técnicos e de graduação no IFRS encontram os editais, explicações sobre o sistema de cotas e as provas aplicadas em anos anteriores traduzidos em Libras. Além disso, no momento da inscrição, candidatos podem solicitar condições específicas para a realização da prova, como: a presença de intérpretes, a prova filmada em Libras e também a correção da redação de modo diferenciado em função de ter a Libras como primeira língua.

O Instituto também oferece cotas para ingresso de pessoas com deficiência (PcD) na pós-graduação desde o ano de 2015 (Resolução nº 104/2019). A instituição foi pioneira na Rede Federal a reservar uma vaga para PcD em seus cursos de especialização e mestrado.

Erliandro Felix Silva é surdo, tem 43 anos e é mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT). Ele ingressou no curso em 2021 por meio das cotas destinadas às pessoas com deficiência e foi o primeiro aluno surdo a concluir o Mestrado ProfEPT no IFRS. O egresso relata que teve intérprete durante todo o curso, além de acessibilidade em Libras. “Tenho orgulho do IFRS. Nunca me senti tão bem-vindo em uma instituição. O Instituto compreendeu a minha língua, minha cultura e os meus direitos”.

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Erliandro, avaliadores e intérpretes na banca de defesa do mestrado ProfEpt. Eles realizam o sinal de amor e gratidão em Libras.

Permanência em foco

Ao longo de todo o curso, estudantes surdos podem contar também com o apoio dos Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napnes). Esses núcleos têm entre suas funções propor, orientar e executar estratégias de inclusão, permanência e saída exitosa para o mundo do trabalho. Todos os campi da instituição possuem esse espaço.

Sabrine Oliveira, que foi coordenadora do Napne e é intérprete de Libras no IFRS – Campus Ibirubá, explica: “Os tradutores intérpretes de Libras/Português desempenham um papel importante na quebra de barreiras comunicativas e asseguram que os surdos vivenciem o ambiente escolar, tanto na sala de aula como nos diversos espaços da instituição, com equidade”. Além disso, o processo de aprendizagem dos estudantes surdos precisa ser acompanhado e exige que os profissionais de Libras e da inclusão trabalhem em parceria com os  professores e demais setores da instituição.

A Comissão de Estudos Surdos (CES) (Instrução Normativa Proen Nº 07/2022) é um grupo permanente constituído de profissionais de Libras da instituição. Uma das ações da comissão é o “O IFRS em Libras, canal do IFRS no Youtube que tem a finalidade de reunir conteúdos produzidos na instituição e oferecer acessibilidade ao público surdo. O canal aborda assuntos  como: processos seletivos, materiais didáticos, projetos, eventos, cursos, glossário de termos , dentre outros.

Francinei Rocha Costa foi coordenador da CES, é professor de Libras no IFRS – Campus Ibirubá e surdo, e explica: “Trata-se de uma importante ação de inclusão e de acessibilidade de comunicação, pois contribui para a valorização e o reconhecimento da língua de sinais e da cultura surda. Através dele, os surdos do instituto e da comunidade externa podem obter informações e conhecimentos acessíveis, não ficando restritos somente à língua portuguesa”. Os interessados em contribuir podem entrar em contato pelo e-mail [email protected].

Servidores e estudantes também podem  promover ações relacionadas à inclusão de pessoas surdas. Um exemplo  foi a “Oficina de vinificação e análise sensorial para a comunidade surda”, realizada pelo Centro Tecnológico de Acessibilidade (CTA) em parceria com a Vinícola-Escola do IFRS – Campus Bento Gonçalves. Ocorreu nos dias 31 de agosto e 1ª de setembro de 2023 e teve a participação de um enólogo que, com o apoio de intérpretes, transmitiu aos presentes informações e conceitos introdutórios sobre o mundo dos vinhos.

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Turma da Oficina de vinificação e análise sensorial realizada na Vinícola-Escola – Campus Bento Gonçalves

Desafios e êxitos na trajetória

“A criação de políticas e ações institucionais é resultado de um trabalho  que está sendo realizado desde 2012”, relata Andréa Poletto Sonza, assessora de Ações Afirmativas, Inclusivas e Diversidade. As ações têm por objetivo complementar e promover inclusão e possibilidades de êxito para os estudantes surdos. “O  compromisso é contínuo, precisamos aprimorar ainda mais nossa comunicação com a comunidade para que a informação possa chegar e ser compreendida por todos”, aponta.

Jean Filipe Krebs, 29 anos, formou-se no ano de 2015 no Curso Superior de Tecnologia em Marketing pelo IFRS – Campus Erechim. Ele foi o primeiro estudante surdo a concluir um curso superior no Instituto. “Sempre quis ter um curso superior e o marketing me ajudou em muitas situações. Tive intérprete desde o começo até o final do curso. Isso foi muito importante para minha comunicação e aprendizado, pois tinha dificuldades com alguns termos, textos e palavras difíceis em português.”  Para os surdos que desejam estudar, ele diz: “o IFRS oferece vários cursos e possibilidades de melhoria na carreira e realização de sonhos”.

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Jean em sua formatura no ano de 2015

O IFRS também oferta cursos online gratuitos na área. Para conhecer e se inscrever, basta acessar ead.ifrs.edu.br. 

Sobre a Libras

A Libras é a Língua Brasileira de Sinais e é reconhecida pela Lei Federal 10.436/2002 como a língua de comunicação e expressão dos surdos brasileiros. Junto a isso, a LBI – Lei Brasileira de Inclusão 13.146/2015 reforça a importância da acessibilidade nas plataformas e sites. Mesmo com o uso recorrente de avatares em ferramentas de acessibilidade em Libras, o grupo da CES entendeu necessária a criação do canal IFRS em Língua Brasileira de Sinais para disponibilizar e transmitir os eventos, pois a acessibilidade é um direito dos surdos. A língua portuguesa é a segunda língua para os surdos, pois as estruturas na sinalização e na fala oral se diferem. Além disso, nem todos os surdos são alfabetizados em leitura e escrita em português. Por isso, os vídeos em Libras são mais inclusivos do que os vídeos que contêm apenas legendas.

 

#MundoIFRSparaTodoMundo

O IFRS é uma instituição de todos e para todos. Pensando nisso, o respeito deve ser um compromisso individual e coletivo para que se possa construir diariamente uma instituição mais diversa, inclusiva e acessível.

Acompanhe outros textos publicados este ano sobre a atuação do IFRS pela diversidade e inclusão:

 

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