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Reflexões sobre a formação integral nos IFs no encerramento do Arte e Cultura em Rede


A arte é mais do que um complemento da educação, mais do que algo que serve como alento: a arte é uma forma de conhecimento e faz parte da formação integral a que os Institutos Federais se propõem a oferecer. Reflexões como essas foram estimuladas no encerramento da primeira edição do Arte em Cultura em Rede: Tramas e Conexões, na noite desta quinta-feira, 5 de novembro de 2020.

A atividade contou com palestra da professora de arte Carla Amaral, do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), com o tema “O Estado da Arte nos IFs: um Mapeamento para Resistência”. Em sua fala, destacou que “a arte é uma produção cultural que propõe e permite o avanço ético, nos faz pensar sobre o mundo.”

Na abertura da atividade de quinta-feira, as pró-reitoras de Extensão Raquel Lunardi (IFFar), Marlova Benedetti (IFRS) e Gisela Duarte (IFSul) destacaram que a integração entre os IFs gaúchos vem fortalecendo a atividade extensionista no Estado. Devido ao trabalho em rede, o evento superou as expectativas. Elas agradeceram os servidores envolvidos na organização e os estudantes que atuam em ações culturais.

O evento Arte e Cultura em Rede foi promovido pelas Pró-Reitorias de Extensão, Núcleos e Grupo de Trabalho de Arte e Cultura dos três IFs gaúchos: do Rio Grande do Sul (IFRS), Farroupilha (IFFar) e IFSul. A programação contou com  duas palestras e a apresentação de 41 projetos ligados à arte desenvolvidos nos IFs, durante a Mostra Mosaico (saiba mais aqui). Todas as atividades ocorreram de forma on-line, com transmissão pelo YouTube, devido à pandemia de Covid-19.

A arte e a educação profissional

Na palestra de encerramento, a professora Carla Amaral destacou como a arte vem perpassando a história da educação profissional no Brasil. Os Institutos Federais nasceram com o objetivo primordial de ofertar Ensino Médio na forma integrada, o que fortalece a relação com a arte, cuja presença é obrigatória na educação básica.

Carla salientou que a formação omnilateral, que deve ser assumida nos IFs, propõe superar a ideia simplista de que há uma diferença entre trabalho manual e intelectual ou uma dicotomia entre razão e emoção. “Somos seres completos. É um direito dos educandos ter uma formação que dê conta da integralidade. Os IFs são esse passo a mais no entendimento de educação profissional que se tinha até então”, frisa.

A professora apresentou dados de sua pesquisa de doutorado, em andamento. Conforme seu levantamento, 13% dos campi de IFs do Brasil que ofertam Ensino Médio integrado não têm docentes de arte, apesar da obrigatoriedade legal. Carla destacou a Lei 13.278, de 2016, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação, salientando o ensino de arte deve se dar nas linguagens de artes visuais, danças, música e teatro para todos os estudantes da educação básica. A lei estabelece prazo de cinco anos para que a implantação nos sistemas de ensino. 

Conforme a pesquisa da professora, nos IFs gaúchos, a maior parte dos docentes da área são de artes visuais e música. Há apenas um professor de teatro e nenhum de dança. “Mesmo que a gente tenha encontrado muitas alternativas para promover maior acesso à arte nos Institutos Federais situados no Rio Grande do Sul, como os projetos de extensão e atividades organizadas por docentes de outras áreas, entendo que ainda é paliativo. Embora já façamos muito, como instituições de ensino que têm o compromisso de ofertar educação integral, precisamos fazer um pouco mais.”

Para esse avanço, a palestrante propôs a criação de estratégias de resistência coletivamente. Uma delas é a informação e a criação de espaços para reflexão e discussão sobre a existência da Lei 13,278 e sobre a formação específica dos docentes para as diferentes linguagens, “que precisa ser valorizada e respeitada”.

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