Início do conteúdo

Documentos do Arquivo do Campus Porto Alegre passam por trabalho de recuperação após a enchente


Servidores trabalhando com trajes de proteção trabalham em arquivos de papel que estão em diversas pilhas.

Trabalho de recuperação dos documentos

Em torno de 500 caixas com documentos de estudantes e diários de classe ficaram molhadas no alagamento de maio. Os documentos mais antigos são da década de 1950. Uma equipe desenvolve um trabalho minucioso de limpeza, secagem e planificação dos materiais, para posterior reorganização do Arquivo.

 

Um trabalho delicado, que demanda paciência e dedicação vem sendo realizado para tentar recuperar o acervo do Arquivo do Campus Porto Alegre do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). Aproximadamente 500 caixas de documentos foram danificadas pelas águas durante a inundação que atingiu  o prédio no mês de maio. O volume representa 45% dos materiais, compostos em especial por dossiês de estudantes (pastas com documentos pessoais dos alunos) e diários de classes, sendo os mais antigos da década de 1950.

São registros de quem frequentou a Escola de Comércio de Porto Alegre, a Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Campus Porto Alegre do IFRS – diferentes institucionalidades da unidade ao longo do tempo. É um capítulo da história da educação profissional gaúcha. Parte do acervo ainda não foi digitalizada, pois o projeto de digitalização prioriza os documentos com prazo legal de guarda longo (alguns com cem anos) ou permanente. 

Até então localizado no térreo, o espaço, assim como o restante do andar, ficou alagado de 03 até 20 de maio de 2024. No dia 03, alguns servidores do IFRS conseguiram ir ao local e deslocar documentos para as partes mais altas das estantes. Mas não se imaginava que a água enlameada da enchente alcançaria 1,1 metro, como mostraram as marcas nas paredes. 

 

Resgate e recuperação

Arquivo após o alagamento: caixas de documentos mostram a marca da água e o chão ainda está molhado

No dia 21 de maio foi possível visitar o local pela primeira vez para conferir os danos. A arquivista do campus, Flávia Rossato, fez um planejamento para o resgate e a recuperação do material. Durante quatro dias, de 28 de maio a 02 de junho, as caixas foram deslocadas para o oitavo andar do edifício garagem do campus, área com bastante ventilação natural, onde ficaram por duas semanas. Muitas folhas de papel e fotografias 3×4 estavam coladas, amassadas, com barro. 

Nesse período foi possível organizar salas e conseguir materiais para a recuperação dos documentos. O tratamento começa com a retirada e o descarte de invólucros plásticos. Pontos visíveis de mofo são removidos com cotonete embebido em álcool. É feita uma limpeza na pia, com água corrente, e a posterior inserção de folhas de papel toalha para absorver a umidade. Ventiladores e um desumidificador auxiliam no processo. 

Os documentos são dispostos ainda em uma mesa secadora construída artesanalmente. As prateleiras são feitas de uma trama de fios de nylon e permitem a passagem de ar. Para fazer a exaustão da umidade, foram acoplados na estante coolers de computadores do campus que já passaram pelo processo de desfazimento. Depois, muitos documentos ainda precisam ser planificados, em uma prensa também construída artesanalmente em madeira.

 

Testemunhos da história

Quem está “colocando a mão na massa”, sob a coordenação de Flávia e dos servidores Ângela Flach (Campus Porto Alegre) e Marcelo Vianna (Núcleo de Memória), é um grupo de servidores e estudantes com diferentes formações voltadas à documentação e também de outras áreas, que atuam como voluntários (nomes ao final do texto). A equipe do Arquivo Nacional prestou orientações e realizou, no dia 02 de julho, uma visita presencial ao campus. O Núcleo de Memória, da Pró-reitoria de Extensão, e a Coordenadoria de Gestão Documental, da Pró-reitoria de Administração do IFRS, também auxiliam.

Já são várias semanas de trabalho, mas ainda é só o começo. Após a recuperação, virá a reorganização do Arquivo, agora em novo espaço, no oitavo andar da unidade. 

Flávia justifica todo esse cuidado: “Os documentos são o resultado das atividades desenvolvidas, o testemunho do nosso fazer; eles registram a história, o desenvolvimento das instituições”. E apesar dos prejuízos e do trabalho para recuperar, a arquivista consegue destacar um aspecto positivo que ficará dessa situação, enfrentada por várias instituições gaúchas atingidas pela enchente: a visibilidade aos Arquivos institucionais e o modo como as instituições lidam com os patrimônios histórico e cultural. 

Interessados em auxiliar na recuperação podem fazer contato pelo e-mail [email protected].

 

Confira imagens do resgate e do tratamento do acervo

 

Voluntários do trabalho de resgate e recuperação do Arquivo:

  • Campus Porto Alegre do IFRS: Martha Helena Weizenmann; Rosângela Carvalho da Rosa; Camila Pedrazza; Aline Krümmel; Eduardo de Oliveira da Silva; Filipe Xerxeneski da Silveira; Magali Lippert da Silva Almeida; Alex Dias Gonsales; Gabriele Meira dos Santos (bolsista de extensão); Letícia Peixoto Porto (bolsista de ensino); 
  • Reitoria: Claudineli Carin Seiffert
  • Museu de História da Medicina/RS: Angela Beatriz Pomatti 
  • NuMem/IFRS: Malu Saturno (bolsista de pesquisa CNPq); Nalbert Ferreira Viana (bolsista de extensão NuMem)

 

Fim do conteúdo