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[Se liga na dica!] Estudante Heloiza de Oliveira apresenta a resenha do livro “É assim que acaba”
Ao longo do 3° trimestre letivo de 2022, os estudantes da turma do 2° ano do curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio engajaram-se na produção de resenhas com o objetivo de compartilhar com a comunidade escolar dicas de livros, séries, filmes e álbuns musicais para preencher de cultura o período das férias.
A atividade ocorreu no âmbito da componente curricular Língua Portuguesa e Literatura II e constituiu etapa da implementação do projeto de pesquisa “O ensino e a aprendizagem da escrita pela reescrita: a interlocução a serviço da construção de conhecimento em língua portuguesa no ensino médio”, liderado pela professora Andréia Kanitz.
Nesta série de publicações, você terá acesso aos textos produzidos pelos estudantes, que escolheram resenhar produtos culturais diversos que compõem a cultura juvenil. Então, se liga na dica!
É assim que acaba:
“Cinco minutos. É o necessário para destruir completamente uma pessoa.”
Por: Heloiza de Oliveira
Publicado no ano de 2016 e adaptado para o português brasileiro em 2018 pela editora Galera Record, É assim que acaba, da autora americana Colleen Hoover, explora a jornada de vida nada fácil da personagem Lily Bloom. Seus pais aparentavam ser um casal normal perante a sociedade. Entretanto, isso não passava de uma mentira, pois o próprio pai abusava verbal e sexualmente da sua mãe. Quando Lily se torna adulta, ela vai morar em outra cidade, Boston, para recomeçar sua vida e esquecer sua trágica infância relacionada às lembranças que havia guardado da mãe com o pai. No meio dessa jornada, ela encontra um homem chamado Ryle Kincaid, alguém que faz ela acreditar no amor novamente, mas isso apenas por um tempo. A obra traz uma narrativa sensível relacionada à violência doméstica, com uma escrita bastante respeitosa.
Margaret Colleen Fennell, mais conhecida como Colleen Hoover, é uma escritora norte-americana que nasceu em Sulphur Springs, Texas, no dia 11 de dezembro de 1979, porém cresceu em Saltillo, no México. Ela escreve livros de romance e ficção para jovens adultos. Alguns dos livros escritos por ela foram: Tarde Demais, É assim que começa, Todas as suas perfeições, O lado feio do amor. O seu livro mais famoso é justamente a obra foco desta resenha: É assim que acaba.
O romance de 368 páginas está dividido em 2 partes com um total de 35 capítulos, um epílogo e também uma nota da autora no final do livro que significa muito para os leitores, porque apresenta a experiência da própria Colleen com violência, o que torna o enredo da obra muito real. A classificação indicativa do livro é de 18 anos ou mais, pois traz cenas de violência. Então, a leitura do livro não é recomendada para pessoas sensíveis em relação a esse assunto.
A primeira parte da obra inicia com a Lily adulta, uma jovem bem sucedida formada em marketing que se mudou para Boston. Em uma noite, após fazer um discurso no funeral de seu pai, Lily conhece Ryle Kincaid, um residente de neurocirurgia. Nessa mesma noite, eles criaram um jogo de “verdades nuas e cruas” e dividiram seus segredos. Entretanto, depois desse momento não se encontraram mais. Com a morte de seu pai, a sua mãe resolveu se mudar para Boston, o que fez Lily ter um pouco de contato com o seu passado. Ela encontrou seus antigos diários em que escrevia cartas para a apresentadora Ellen Degeneres e, a partir disso, o passado difícil da personagem começa a ser contado. Passam-se seis meses e Lily abre uma floricultura, em Boston. Com isso, ela contrata Allysa para ser sua ajudante, uma mulher rica, que decide distrair-se após mais uma tentativa falha de engravidar. Na floricultura, Lily acaba machucando seu tornozelo após limpar um cômodo. Então, Allysa chama seu irmão, Ryle, para socorrê-la e nisso seus destinos se cruzam novamente. No final da primeira parte, Ryle comete o primeiro erro. Ele atinge Lily com o braço em um momento de estresse e a faz cair para trás. Como consequência, ela bate o rosto em um dos puxadores do armário da cozinha. Através disso, ela lembra das ações do seu pai, mas depois ela acredita que Ryle apenas fez de “propósito”.
Nessa parte, Colleen propôs um modo de narrativa bem explícito para o leitor poder entender a trajetória de vida da personagem Lily Bloom. Pode-se observar os pensamentos e atitudes de Lily em relação ao seu passado. A escritora começa a tratar o tema da violência com clareza através das cartas e é nesse momento que o leitor consegue sentir o quão difícil foi a vida passada de Lily. O personagem Ryle Kincaid é muito importante para a narrativa, pois é com ele que Lily começa a se questionar se as ações dela estão certas ou erradas.
Na segunda parte do livro, o leitor sente entusiasmo na leitura. Tudo ocorre da maneira correta. Lily e Ryle entram em um relacionamento sério e acabam se casando, mas nem tudo são flores quando falamos dos livros escritos por Colleen Hoover. Uma pessoa de grande importância, Atlas Corrigan, reaparece na vida de Lily, o que faz ela perceber que não esqueceu totalmente do seu antigo amor. Um turbilhão de coisas começa a acontecer em sua vida e a pessoa que sempre demonstrou ser atenciosa se torna o seu pior pesadelo. Isso faz ela voltar a sentir na pele tudo que a sua mãe passou. Assim, Lily começa a se questionar se tudo aquilo que ela pensava na infância sobre as vítimas de violência se encaixa no mesmo pensamento de hoje em que ela é a vítima.
Queridos leitores, nessa parte, Colleen Hoover foi brilhante. Consegue-se entender a emoção da protagonista em cada uma de suas agonias e, acima de tudo, compreender cada uma de suas dúvidas, algo tão necessário acerca do assunto abordado. A escritora conseguiu mostrar o lado da vítima e a difícil luta contra os seus sentimentos. De acordo com o livro, mulheres que presenciaram a violência doméstica em sua infância, prometem a si mesmas nunca deixar um homem fazer o mesmo consigo. Elas dizem que no primeiro tapa irão denunciar e depois irão deixá-lo. No entanto, a realidade é distinta. É mais fácil falar o que faria se estivesse naquela situação, mas quando ela está diante de si, quando ela é vivida, quando há sentimento, a promessa do que faria é mais difícil de ser cumprida. No momento em que se é machucado, não se sofre pelo ódio, mas sim pelo amor sentido. A vítima é criticada pela sociedade por não ter atitude e se desprender do relacionamento, porém como Lily diz “deveríamos culpar os agressores e não as vítimas.”
A obra é reveladora, sincera e honesta. Ela mostra a “verdade nua e crua” de um relacionamento abusivo e da violência contra a mulher. As fases, os limites, o ódio, o amor, a culpa são narrados honestamente pela autora que, quando mais nova, presenciou a violência do próprio pai contra a mãe. Isso faz com que esse livro seja o mais pessoal de Colleen Hoover. Ela foi muito perspicaz em abordar tais assuntos de uma forma sensível e ao mesmo tempo tão real. Indico esse livro para as pessoas viciadas em romance, porque tem muitas partes do livro com o famoso “clichê” que todo leitor de romance ama. Também indico para as pessoas que são amantes da psicologia, porque é possível acessar os pensamentos de uma vítima de violência, o que torna a leitura mais real.
É assim que acaba
HOOVER, Colleen.
São Paulo: Galera Record, 2018.
Heloiza de Oliveira ([email protected]): acadêmica do 2º ano do curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Administração no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Bento Gonçalves.
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