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Ampliando a voz dos estudantes
Criado em 19 de março de 2019, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) de ensino superior do Campus Bento Gonçalves aos poucos cria sua própria história e toma forma como entidade de defesa dos interesses dos estudantes de graduação e espaço crítico na formação acadêmica e de efetiva ocupação dos espaços destinados aos estudantes no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).
Conversamos com a presidenta do diretório, Beatriz de Lima, estudante do curso de Pedagogia, e com Maicon Faés, tesoureiro do diretório e estudante do curso de Matemática.
Como surgiu a ideia de criar o Diretório Central dos Estudantes no Campus Bento Gonçalves?
Beatriz: Eu já tinha alguma experiência com o movimento estudantil pois participava de eventos e assembleias promovidas por DCEs de outras instituições, como UFRGS e UCS, fui convidada para participar do Congresso Estadual de Estudantes de Ensino Superior do Rio Grande do Sul, e fui como observadora porque ainda não tínhamos uma representação central no IFRS.
Maicon: Lembro que já em 2017, em eventos como o Salão de Pesquisa, Extensão e Ensino do IFRS, nós já nos reuníamos com outros estudantes de outros campi e conjecturávamos sobre a criação de diretórios centrais nos diferentes campi do IFRS.
Beatriz: E foi ainda na gestão do reitor Osvaldo Casares Pinto, que um grupo de estudantes procurou a reitoria do IFRS para conversar sobre a possibilidade de organização de um evento estudantil no âmbito do instituto. Ele nos deu todo o apoio e demos o start para fazer o 1º Encontro de Estudantes no Campus Restinga, que acabou acontecendo só em outubro de 2018, devido ao falecimento do professor Osvaldo. No entanto tivemos todo o apoio do reitor Júlio Xadro Heck.
Maicon: Nesse encontro foi criada a União dos Estudantes do IFRS, então se tornou possível iniciar a tão desejada expansão na criação de diretórios centrais em todos os campi do IFRS.
Como foi o processo de convencimento dos estudantes da necessidade de um diretório central? Que argumentos vocês usaram? Afinal já existiam os diretórios acadêmicos.
Beatriz: A gente foi de sala em sala, conversando e expondo a ideia, de que estávamos criando uma estrutura que não iria concorrer com os diretórios dos cursos, mas ampliar a voz do estudante.
Maicon: Sim, nosso objetivo é defender o interesse dos estudantes de ensino superior como um todo, e não como representante de um único curso.
Como vocês veem o perfil do estudante de ensino superior do Campus Bento Gonçalves hoje?
Maicon: A maioria dos estudantes é de cursos noturnos. Eles trabalham durante o dia. Assim acabam não podendo aproveitar melhor as oportunidades que a instituição oferece a eles.
E como vocês veem essas oportunidades?
Maicon: Eu posso dizer que me sinto muito satisfeito com o que me foi oportunizado. Eu sou bolsista de Extensão, já participei de evento com auxílio do campus e fiz um intercâmbio em Portugal que só foi possível porque tivemos o auxílio e apoio do IFRS.
Beatriz: A estrutura é boa. Se compararmos com escolas públicas onde estudamos, vemos que ainda precisa melhorar, mas é muito superior ao que vimos ou vemos em outras escolas. Salas de Informática, Biblioteca, mesmo com suas deficiências são melhores que a maioria das instituições públicas que conhecemos. É claro, precisamos de investimentos para mantê-las e melhorá-las. Há também a questão dos auxílios de permanência e alimentação, isso ajuda muito o estudante.
Maicon: Sim, os auxílios são importantes. Antes nos, estudantes do ensino superior, tínhamos alimentação no Refeitório do campus, hoje são apenas estudantes do ensino médio. No papel são R$ 60,00 por semana, R$ 240,00 por mês, é muito para um estudante, então receber auxílio ou ser bolsista para poder bancar isso é muito importante.
Beatriz: Alguns alunos não poderiam estudar aqui se não tivessem esse auxílio, mesmo sendo uma instituição gratuita.
Maicon: Outra oportunidade que temos aqui é o espaço para a voz do estudante. Recentemente participei do curso de capacitação para CGAE (Comissão de Gerenciamento de Ações de Extensão).
Beatriz: Sim. O IFRS nos oferece o espaço, às vezes não sabemos como aproveitar essas oportunidades. Como diretório precisamos pensar e ocupar esses espaços, eles estão aí para que usemos a favor dos direitos e interesses dos estudantes.
Como tem sido a relação com a direção do campus e com a reitoria? No meu tempo de UFRGS às vezes um pró-reitor mandava lacrar a sala que usávamos para diretório acadêmico da História. O pessoal das Ciências Sociais também não escapava disso de vez enquanto.
Maicon: Não… nem perto disso, temos uma ótima relação.
Beatriz: Sim, aqui no campus nos reunimos com o Diretor de Ensino e com a Diretora-geral, a Soeni foi sempre acessível. O mesmo dizemos da Reitoria, eles deram todo apoio para que criássemos a União e os diretórios centrais nos campi.
Maicon: A relação é boa porque eles veem que o movimento estudantil tem apenas a contribuir com a instituição.
Como o diretório avalia a atual situação da Educação no Brasil?
Beatriz: Como uma futura professora eu tenho que ter esperança na Educação. É um momento crítico e por isso mesmo precisamos continuar a lutar por nossos direitos como estudantes e manter uma constante mobilização pela melhoria da Educação.
Maicon: E sempre lembrar que somos um movimento político, mas não partidário.
Alguma palavra final?
Beatriz: 15 de maio, às 16h, em frente ao Campus Bento Gonçalves, convidamos não só os estudantes, mas os professores e técnicos, e os familiares de estudantes, pois eles também são beneficiados. Queremos mostrar o que é o IFRS.
Beatriz de Lima é estudante do 6º semestre de Licenciatura em Pedagogia e bolsista de extensão do Programa Institucional Núcleo de Memória do IFRS.
Maicon Camargo Faés é estudante do 6º semestre de Licenciatura em Matemática e bolsista de extensão do Programa MTC: Divulgando e estimulando as ações de Extensão do Campus.
A entrevista foi realizada pelo Técnico em Assuntos Educacionais, Daniel Clós Cesar. Atualmente na Seção de Ações de Extensão.