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Servidoras, bolsistas e estudantes quilombolas do Campus participam da VI Semana do Conhecimento da UPF
Servidoras, bolsistas e estudantes quilombolas do IFRS – Campus Sertão ministram a oficina Cultura não, eu sou agricultura: história, memórias e saberes afro-brasileiros na região norte do Rio Grande do Sul e levam o Artesanato Quilombola à VI Semana do Conhecimento da Universidade de Passo Fundo (UPF).
Sobre a Oficina:
A oficina teve como principal objetivo refletir com os participantes acerca do papel que ocupa a cultura afro-brasileira nas escolas do país. O Brasil tem muito mais a oferecer em matéria de literatura, história, arte e cultura negras do que os meios de divulgação convencionais e os currículos escolares permitem entrever. Nesse interim, os saberes presentes na memória das comunidades quilombolas e de municípios do norte do RS oferecem um subsídio rico para o trabalho pedagógico na escola. Dessa forma, a proposta da oficina é evidenciar que as culturas negras também se situam no espaço da região norte do Rio Grande do Sul, especialmente em comunidades quilombolas.
Na oportunidade, foi discutido o conceito de quilombo e apresentados dados históricos e narrativas orais que comprovam isso. Por fim, contemplando o caráter prático do formato “oficina”, o grupo trouxe exemplos de narrativas orais que trazem histórias e memórias dos quilombos de Sertão/RS.
Vanda Aparecida Fávero Pino, servidora do Campus Sertão e idealizadora do projeto de pesquisa Narrativas Orais nas Comunidades Quilombolas da Região Norte do Rio Grande Sul, que fundamenta as oficinas, coloca que os estudantes se mostraram atentos e participativos na atividade. E o principal objetivo do projeto foi contemplado na Semana do Conhecimento da UPF: “que é trazer saberes afro-brasileiros para o ambiente escolar e acadêmico. Discutimos com os estudantes principalmente que os quilombos não estão apenas no passado. As comunidades resistem no presente e almejam um futuro em que o direito a sua cultura e identidade sejam respeitados e fortalecidos. Outro ponto importante que refletimos é que esses saberes não estão longe de nós. As comunidades da Arvinha e Mormaça situam-se na região de Passo Fundo. E quem ministrou a oficina e contou as histórias das comunidades foram as próprias estudantes quilombolas do IFRS – Campus Sertão”.
Os participantes da oficina, em sua maioria, foram estudantes e professores da Escola Lucille Fragoso de Albuquerque e os professores manifestaram o interesse de que a oficina ocorra com outras turmas da escola e que os estudantes possam ter a oportunidade de conhecer as comunidades.
Sobre o Artesanato Quilombola:
O projeto de pesquisa A geração de renda na inovação social: transformando realidades nas comunidades quilombolas de Sertão – RS, coordenado pela Professora Manuela Rösing Agostini, visa promover uma análise sobre inovação social nas comunidades quilombolas de Sertão (Arvinha e Mormaça), procurando desenvolver mecanismos de autonomia e empoderamento socioeconômico. Assim, a inovação social é compreendida como o desenvolvimento de novas soluções que geram um impacto na resolução de problemas sociais, envolvendo atores e partes interessadas na promoção de uma mudança nas relações sociais, transformando as realidades locais.
Dentre os resultados almejados, está a identificação da inovação social como uma ferramenta capaz de trazer desenvolvimento para as comunidades pesquisadas, pela identificação de uma atividade econômica que possa gerar renda, capacitando os comunitários para a inserção no mercado econômico local.
A atividade socioeconômica escolhida pelas mulheres da comunidade foi o artesanato quilombola, que representa a consolidação da identidade étnica dos quilombos, externalizando seus saberes e conhecimentos tradicionais. O artesanato passa, então, a ser um mecanismo de transformação social e empoderamento econômico e cultural, resgatando a história e a identidade local.
Na Semana do Conhecimento da UPF as artesãs das comunidades quilombolas da Arvinha e da Mormaça tiveram a oportunidade de participar de sua primeira feira. Os produtos mais buscados foram os colares da diversidade e as bonecas abayomis que resinificam a cultura afro-brasileira presente na região.
Para a moradora da Comunidade Quilombola da Arvinha, a artesã Rafaela Martins da Rocha, “foi muito positiva a experiência de poder mostrar para as pessoas um pouco do nosso artesanato e também de poder conhecer o artesanato dos outros grupos de forma a trocar experiências”.
Os bolsistas de pesquisa do referido projeto também puderam expor no evento pôsteres de estudos em andamento por meio das ações do projeto.