Início do conteúdo

Projeto do Campus traz saberes quilombolas a estudantes e educadores de escolas do Rio Grande do Sul


O projeto de pesquisa Narrativas Orais nas Comunidades Quilombolas da Região Norte do Rio Grande do Sul – Uma Proposta de Trabalho na Escola do IFRS – Campus Sertão, que tem como equipe os professores Felipe Batistella Alvares e Luciana da Costa de Oliveira, a Técnica em Assuntos Educacionais Vanda Aparecida Fávero Pino e as bolsistas de pesquisa, que também são pertencentes às comunidades da Arvinha e Mormaça, Rita Tatiane da Silva Miranda e Fernanda Souza de Oliveira, realizou no decorrer de 2019 cerca de 19 oficinas com estudantes e profissionais da educação, elaborou um roteiro pedagógico cultural nas comunidades quilombolas e propiciou a presença da Dona Doralina Rocha da Rosa, de 99 anos, griô quilombola pertencente à comunidade da Mormaça, no evento promovido pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), no Campus.

A culminância do projeto deu-se em novembro com a realização de oficinas com todas as turmas, do pré-escolar ao 9º ano, da escola Estadual de Ensino Fundamental Bandeirantes, no município de Sertão, sendo a ação promovida a convite da professora Dejanira Sachet Bocalon. No início de dezembro os estudantes realizaram um trabalho prático de produção de desenhos e avaliação do trabalho das oficinas.

A servidora Vanda, que realiza sua pesquisa de doutorado com base nas atividades desenvolvidas no projeto de narrativas orais afirmou a importância de estar nas escolas que atendem as comunidades quilombolas, “pois o projeto surgiu da importância de trabalhar a cultura afro-brasileira nas instituições de ensino por meio da pesquisa de saberes orais dos moradores das comunidades da Arvinha e da Mormaça. Nesse processo, surgiram dezenas de histórias e foram compartilhados saberes que agora chegam às instituições de ensino através da catalogação, roteiro pedagógico e oficinas. Realizar esse trabalho na escola em que as crianças das comunidades estudam traz a estes espaços a discussão sobre o que são as comunidades quilombolas e sua importância para a  cultura e história regional. É dar voz a saberes que antes não chegavam até aí. Quando uma criança de uma  comunidade quilombola percebe que a história que sua avó conta tem valor para a escola, ela se empodera pois passa a entender a importância e a representatividade de sua comunidade. Na escola Bandeirantes os estudantes se mostraram motivados e participativos. Por meio dos desenhos os mais novos representaram a história da escravização no Brasil, os saberes da Chica Mormaça e outras referências ao trabalho realizado”.

A professora de história da Escola Bandeirantes Taís Angelica Nodari observa que “na realização das oficinas houve desde a preocupação com a organização da sala de aula que remete à cultura africana até a metodologia de apresentação e contação das histórias que foi dinâmica e de fácil compreensão por parte dos alunos. Ter as oficineiras contando sobre o seu próprio quilombo, resgatando suas histórias e mostrando que a história afro-brasileira está presente no município, que pode ser vista de perto, mostra que a história deve ser contada pelos seus próprios agentes e que ela é sobretudo, presente, pois o que fazemos hoje vai ser contado amanhã”.

Sobre as oficinas a estudante do 7º ano Catriane Gatti disse que “aprendeu coisas que não sabia e que puderam tirar dúvidas e aprender a explicar também”. A estudante Stefany Chagas de Oliveira Toledo, também do 7º ano, mencionou que sua turma viu como é a história das comunidades e que o preconceito de cor não deve diferenciar uma pessoa da outra.

Já a bolsista Fernanda de Oliveira reflete que quando ela estava no ensino fundamental tinha vergonha de dizer que era quilombola por causa do preconceito da sociedade. Hoje, atendendo crianças do mesmo nível de ensino e faixa etária na mesma escola em que estudou percebe a importância do projeto, pois é apresentada uma proposta que debate a presença quilombola na região e que valoriza estes saberes e que isto a emociona.

As oficinas realizadas por meio do projeto de narrativas orais quilombolas, além de escolas e institutos federais, esteve presente neste ano em diversos eventos temáticos nos município de Sertão, Passo Fundo, Vacaria, Bento Gonçalves e Ibirubá.

As histórias e registros fotográficos do projeto serão catalogadas no Memorial do Campus e permanecerão a disposição de pesquisadores, estudantes e trabalhadores da educação.

 

Fim do conteúdo