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Estudantes e servidoras participam de oficina de defesa pessoal promovida no Campus


À medida que crescem os índices de assédio e importunação sexual a mulheres no país, três a cada dez brasileiras também já foram vítimas de violência doméstica. É que revela 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, feita pelo Instituto DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV). A pesquisa, realizada em 2023, foi o maior estudo sobre violência doméstica já realizado no país, entrevistando mais de 21 mil participantes.

Esta reflexão no mês em que se instituiu o Dia Internacional da Mulher, motivou uma ação conjunta do Setor de Esporte e Lazer, em parceria com o projeto DOJO IFRS e com o Núcleo de Estudos e Pesquisas de Gênero e Sexualidade (NEPGS) e apoio das organizações estudantis (Agronomia, Zootecnia e GETECS) e da Coopera para realização de uma oficina de defesa pessoal para as mulheres estudantes e servidoras nos dias 21 e 22 de março.

Além de aprenderem importantes técnicas e habilidades para se desvencilhar e neutralizar possíveis importunações, ataques ou agressões, as mulheres participantes aprenderam como agir em situações perigosas e como prestar atenção aos sinais de risco.

Foram duas turmas de 30 vagas para estudantes de cursos técnicos e superiores na manhã de quinta-feira, 21/03, e uma turma de 30 vagas para servidoras na tarde de sexta-feira, 22/03. As oficinas aconteceram no ginásio de esportes e foram conduzidas pela professora e atleta Júlia Berté de Passo Fundo/RS. Júlia é educadora física formada há 18 anos, faixa preta de judô pela FGJ e faixa marrom de jiu-jitsu pela GFTeam e está se preparando para o mundial de jiu jitsu nos Estados Unidos que acontecerá no final de maio.

Na oficina, Júlia priorizou o que considera fundamental para a defesa pessoal: a antecipação. “A gente tem de estar preparada para o que pode acontecer e perceber quais situações são de risco e saber como se portar, como agir nessas situações”, disse. “Tem situações que acontecem em festas e baladas quando alguém é inconveniente e te agarra, ou puxa teu braço, os cabelos, ou dá um abraço forçado. Busquei trazer essas situações para repassar táticas de como se desvencilhar delas”, apontou. A educadora física também trouxe exemplos do que pode ser violência doméstica, com simulação de estrangulamento e como sair dessa situação. Como último recurso, apresentou o golpe mata leão, mostrando que qualquer pessoa pode executá-lo, basta treinar.

Segundo Júlia, “o treino tem de ser constante. É preciso praticar para não esquecer. Por isso, sempre reforço que essas técnicas devem ser compartilhadas entre amigas e repassadas várias vezes. Enquanto você dissemina o conhecimento, está revisando e aprendendo de novo”, destacou. Também comentou que o agressor não espera que a vítima esteja preparada para se defender. “Ter noção de defesa pessoal é fundamental, pois se eu sei o que pode acontecer, vou saber como evitar e pegar o agressor de surpresa, pois ele não espera que eu esteja preparada e saiba como reagir. Geralmente, as mulheres estão abaixo dos homens numa hierarquia de força, em desvantagem física, mas com as técnicas corretas e treino, é possível sair de muitas situações de risco”, acrescentou. Júlia fez um convite às mulheres para treinar modalidades de luta: “costumo dizer que o judô ou o jiu jitsu são locais seguros onde as mulheres e são respeitadas e são muito bem-vindas”.

Para a estudante do 1º ano do curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio, Dara Fernanda Souza de Paula, a oficina foi uma oportunidade única de aprendizado. “Achei bem importante esse tema ser abordado numa instituição de ensino”, disse.

Conforme um dos organizadores da oficina e coordenador do projeto Dojo IFRS, Leandro Friedrich, a ideia da atividade surgiu da união de sua atuação nos núcleos de ações afirmativas e no projeto Dojo IFRS. “A iniciativa partiu da importância de promover a defesa pessoal, visto que os índices de violência contra as mulheres são muito expressivos. É importante promover atividades como essa também para marcar a atuação do NEPGS no Campus e mostrar que o núcleo está aí para dar o suporte necessário a essas questões”, observou.

 

 

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