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Acadêmica do Campus apresenta proposta sustentável em Portugal para utilização da lã de ovelha como isolante térmico em abrigos para refugiados
A intercambista Carlismar Silva Guedes, acadêmica do curso Bacharelado em Zootecnia no Campus Sertão, se destacou na Semana de Inovação e Desafios do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), em Portugal, ao apresentar um projeto inovador que propõe o uso integral da lã de ovelhas da raça Churra Galega Mirandesa como isolante térmico em abrigos para refugiados e deslocados em situações de guerra ou refugiados de catástrofes naturais.
A proposta foi apresentada na “Semana de Inovação Baseada em Desafios”, coordenada pela Pró-Presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Vera Alexandra Ferro Lebres, que reuniu 19 estudantes de diversas nacionalidades para desenvolver soluções sustentáveis aplicadas ao Planalto Mirandês, abordando cultura, tecnologia e meio ambiente. Foi um processo de co-criação para resolver com inovação os desafios da região, com cinco equipes trabalhando em paralelo (http://cocriacao.ipb.pt).
Carlismar integrou uma equipe multidisciplinar de estudantes, orientada pela professora Juliana Almeida de Souza, chamada Black & White: Lã da Raça Ovina Churra Galega Mirandesa – Valorização da Lã da Raça Ovina Churra Galega Mirandesa. A equipe reuniu conhecimentos de diversas áreas, como Informática (Luisa Silva IPB/MIRANDELA), Mecanização (Matheus Leite CEFET/RJ), Meio Ambiente (Luiza Pacheco CEFET/RJ) e Zootecnia (Carlismar Guedes IFRS/SERTÃO). As fases do processo incluíram: formação das equipes e apresentação dos problemas (18/10/2024); visita ao local/contexto (13/11/2024); pesquisa online e compreensão do problema (19/10/2024 a 12/01/2025); e uma semana intensiva e imersiva para desenvolvimento de soluções e protótipos (de 13 a 17/01/2025).
Conforme a acadêmica, a proposta apresentada busca o aproveitamento total da lã além de reduzir custos ao otimizar o processo de lavagem, o qual gera três subprodutos: lanolina (para a indústria de cosméticos), água reutilizável e sujidade (para adubo), além da lã lavada. “A lã de ovelha, além de ser orgânica, tem grande potencial como isolante térmico e acústico e pode ser utilizada em enchimentos (edredons, almofadas, sofás, pelúcias), como isolamento térmico/acústico para a construção civil e como coberturas alternativas para abrigos de animais, armazéns rurais e, especialmente, em atendimento às catástrofes naturais, podendo ser facilmente transportada, até mesmo por via aérea para regiões de difícil acesso, como ocorreu no nosso Estado do Rio Grande do Sul”, explica.
O projeto chamou a atenção da secretária técnica da Associação de Ovinos da Raça Churra Galega Mirandesa, Andrea Cortinhas, que destacou o potencial para evitar o descarte ambiental da lã de forma sustentável e elogiou a abordagem inovadora considerando ser um destino promissor para um material que frequentemente é enterrado, causando problemas ambientais e inutilizando os terrenos agrícolas.
“A ideia surgiu pensando na tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Nessas situações de emergência, ajudaria muito se tivéssemos uma cobertura alternativa feita com a lã de ovelha, a qual, muitas vezes, é desperdiçada. A lã é um material impermeável, orgânico e isolante térmico e pode ser uma alternativa em relação à lona plástica. Depois que rasga, a lona vai parar em algum lixão, se tornando problema ambiental, pois não é degradável. A lã, que sempre protegeu as ovelhas das intempéries e foi um material valorizado no passado pode voltar a ter valor, o valor humanitário”, evidencia Carlismar. A proposta foi muito bem recebida na região e está em desenvolvimento.
Carlismar está em Portugal desde setembro de 2024. Ela foi classificada em segundo lugar para uma das três vagas oferecidas no Programa Institucional de Mobilidade Estudantil Internacional do IFRS em 2024.