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PROEJA do IFRS – Campus Sertão e EJA da Escola Engenheiro Luiz Englert desenvolvem projeto em parceria para resgate da história e das memórias dos estudantes


Aprender história a partir da própria história de vida. Esse foi o objetivo do projeto “Inventariando Memórias” desenvolvido conjuntamente pelo curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual de Engenheiro Luiz Englert e pelo curso Técnico em Comércio na modalidade PROEJA do Campus Sertão do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).

O “Inventariando Memórias” tem o intuito de resgatar as origens e as memórias dos participantes e teve dois encontros, reunindo estudantes de Sertão, Coxilha, Estação, Getúlio Vargas, das comunidades remanescentes quilombolas de Arvinha e Mormaça e do assentamento indígena da Vila Incra.

A ideia de desenvolver o projeto surgiu quando as professoras Ana Maria da Rosa Prates da Escola Engenheiro Luiz Englert e Luciana da Costa de Oliveira do Campus Sertão foram apresentadas.

Conforme Luciana, a história sempre é contada pelo olhar dos pesquisadores e o projeto possibilita que os participantes se tornem agentes de sua própria história. “A ideia é que os estudantes possam falar dos seus lugares a partir dos traços pelos quais se identificam, das relações sociais construídas, dos laços familiares. E o lugar não é necessariamente o seu lugar de origem, mas o lugar que possibilitou criar relações de pertencimento”, conta.

A professora Ana, que já havia procurado a Coordenadora do PROEJA do Campus Sertão Ivete Scariot para realização de outros projetos, conta que se sente feliz em incentivar essa parceria. “É uma possibilidade de conhecer o Campus, de levar os alunos do EJA da Escola Engenheiro Luiz Englert até a Instituição e do Campus poder conhecer a nossa realidade”, disse.

Segundo Ana, o projeto oportuniza que o estudante pesquise sobre história, partindo de sua própria história de vida. “Não é a perspectiva do pesquisador, mas do sujeito. Os participantes puderam fazer uma pesquisa de campo e apresentar essa pesquisa para o grupo. Muitos nunca tinham tido essa experiência. A gente vê a empolgação deles com a pesquisa, com a coleta de dados, com as fotos e agora na exposição também”, comenta.

Para a estudante do PROEJA Silvia Maria Medina, residente em Estação, participar do projeto foi uma experiência muito positiva. “Eu trabalhei na casa do presidente da comissão emancipatória do município de Estação e acompanhei todo o processo, vi a primeira rua sendo calçada, asfaltada, participei da criação da praça. Agora pude retornar ao local onde plantei uma árvore na implantação da praça. No dia do plantio, em dezembro de 1992, fiz uma fotografia e retornei para fazer outra fotografia com a mesma árvore para este projeto, semana passada. Foi emocionante”, disse.

A estudante do PROEJA Fernanda Correia, que reside há 15 anos na comunidade quilombola de Arvinha, destaca que “o projeto foi bom para conhecer melhor a própria comunidade e ter a oportunidade de conhecer a comunidade dos colegas”.

Sônia Miranda, tataraneta da escrava Cezarina de Miranda, uma das fundadoras da comunidade quilombola da Arvinha, também é estudante do PROEJA do Campus e participou do projeto. “Pesquisar sobre a comunidade da Arvinha foi bom porque mesmo tendo nascido e residido minha vida toda ali, eu pude conhecer muitas histórias antigas que ainda não conhecia. Espero que tenham outros projetos como esse com mais tempo para pesquisa e novos encontros”, disse.

O projeto teve dois encontros. O primeiro aconteceu no dia 16 de maio na Escola Estadual de Engenheiro Luiz Englert. Na oportunidade, foi apresentado aos alunos o material base da pesquisa de cada grupo de estudantes. Além disso, um lanche coletivo feito com comidas que contavam histórias pessoais e das comunidades foi servido e marcou a confraternização entre as turmas e as instituições. O segundo encontro foi realizado no dia 13 de junho e iniciou com um jantar de confraternização típico: arroz carreteiro de charque, feito pela coordenadora do curso PROEJA do Campus, Ivete Scariot. Antes do jantar, a professora Luciana contou um pouco sobre a história que permeia o cardápio tradicional escolhido. Em seguida, foram realizadas as apresentações das pesquisas no auditório do Centro Administrativo do Campus.

No encerramento do projeto, o professor Heron Lisboa de Oliveira falou sobre sua pesquisa acadêmica sobre as comunidade remanescentes de quilombos da Arvinha e da Mormaça para a tese de doutoramento.

Estudantes, professores e apoiadores do projeto saíram do segundo e último encontro com a mesma perspectiva: dar continuidade às pesquisas e aos encontros quando houver possibilidade.

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