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Vivência que inspira: servidora do Campus leva reflexão sobre autismo às escolas


Desde que foi sancionada, em 2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência garantiu o direito de matrícula e permanência de alunos com deficiência nas escolas regulares. No entanto, o caminho entre o que está escrito na lei e o que se realiza nas salas de aula ainda apresenta lacunas que impactam diretamente estudantes, famílias e professores.

É o que mostra a experiência da servidora Jamile Cristina Sada, do Campus Sertão. Mãe de um menino autista de 12 anos, ela tem sido convidada por escolas e instituições de ensino a compartilhar sua vivência pessoal e profissional, mostrando, na prática, como a falta de estrutura e formação adequada desafia a inclusão plena. “Até hoje as escolas de educação básica não sabem lidar com as diversas deficiências e transtornos de aprendizagem e também não possuem estrutura para acolher estudantes com necessidades específicas”, aponta.

Somente neste primeiro semestre de 2025, Jamile esteve na Escola Estadual Engenheiro Luiz Englert (1º/04), no Espaço Plural em Getúlio Vargas (03/05) e no Campus Ibirubá do IFRS (04/06), falando para estudantes, professores e servidores sobre o autismo e os desafios da aprendizagem.

Em suas falas, Jamile destaca que, embora a legislação determine o aprimoramento dos sistemas educacionais para garantir acesso, permanência e aprendizagem – conforme o Artigo 28 da LBI -, na prática, muitas escolas ainda não possuem estrutura nem capacitação suficiente para acolher estudantes com necessidades específicas. “Há muita boa vontade e acolhimento por parte dos profissionais, mas pouco ou nenhum conhecimento sobre as deficiências e as estratégias pedagógicas de inclusão”, aponta.

Conhecer para incluir

Durante a pandemia, Jamile precisou buscar cursos de adequação curricular e métodos específicos para auxiliar o próprio filho, diagnosticado com autismo nível II de suporte e TDAH, a aprender em casa. Essa experiência como mãe atípica fez surgir o desejo de compartilhar conhecimento com outros profissionais, para que mais crianças possam ter suas potencialidades desenvolvidas desde a infância.

O que preocupa Jamile é ver que, mesmo diplomados no ensino fundamental, muitos estudantes ingressam no ensino técnico e superior, inclusive no IFRS, com dificuldades cognitivas que não foram devidamente acompanhadas durante a infância. “Para ensinar um aluno autista, é preciso primeiro entender como ele aprende, o que ajuda ou dificulta sua aprendizagem”, explica.

Experiência pessoal mobiliza debate sobre escola e autismo 

Em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a servidora participou de um momento de troca de experiências com estudantes na Escola Estadual Engenheiro Luiz Englert, no dia 1º de abrilreforçando a importância da empatia, do acolhimento e da escuta ativa no ambiente escolar.

No Campus Ibirubá, Jamile foi convidada pelo Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE) para falar aos servidores sobre o tema “Autismo: conhecendo os desafios”. O encontro fez parte do projeto “SignIFicando Saberes: Um Novo Olhar Sobre a Inclusão”, que busca ampliar espaços de diálogo e formação continuada sobre práticas pedagógicas inclusivas.

Jamile buscou apresentar uma perspectiva sensível e realista sobre os desafios enfrentados no dia a dia por pessoas no espectro autista e suas famílias. Para ela, compartilhar suas vivências é uma forma de construir pontes dentro da própria rede federal de ensino. “Acredito que todos têm algo a aprender e a ensinar. Trocar informações nos faz ser um IFRS melhor”, finaliza.

 

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