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Publicado resultado do diagnóstico para recuperação do Calendário Acadêmico no IFRS após isolamento social


O Grupo de Trabalho (GT) de Recuperação do Calendário Acadêmico do IFRS estuda estratégias pedagógicas que serão utilizadas para a recuperação das atividades letivas da instituição, suspensas devido à pandemia. Para isso, foi realizado um diagnóstico entre estudantes e servidores entre abril e maio com o objetivo de identificar, nesse período de isolamento social, questões como: acesso a computador e internet; qualidade da conectividade à internet; conhecimentos sobre ferramentas digitais de educação à distância; acesso a local adequado de trabalho e estudo em suas residências; capacidade de conciliar trabalho e estudos com atividades domésticas e cuidados de familiares; entre outros. A pesquisa foi respondida por 8415 estudantes e 1323 servidores.

Os resultados do diagnóstico revelam limitações, tanto de estudantes quanto de servidores, para a realização do ensino de forma remota. “Já sabíamos que muitos estudantes não possuíam acesso a computador e internet em suas residências, percentual que chega a até 80% em algumas turmas, conforme o diagnóstico discente realizado em 2019. Este novo diagnóstico revela que, mesmo aqueles que possuem acesso à internet, têm limitações severas para acompanhar as aulas a distância”, comenta Lucas Coradini pró-reitor de Ensino. Confira:

Mais de um terço dos estudantes (37,6%) avalia que a conectividade de internet em casa é regular, ruim ou péssima; e cerca de um quarto (24,5%) acessa à internet apenas pelo celular, que não é o dispositivo adequado para a realização de estudos;
41,6% dos estudantes que responderam a pesquisa nunca tiveram contato com ferramentas digitais de ensino a distância; e, daqueles que tiveram, 34,6% avalia que suas experiências não foram satisfatórias.
46% dos estudantes relatam não ter um local plenamente adequado para estudos em sua residência
41,2% dos estudantes têm sido responsável pelo cuidado de familiares nesse período (filhos, idosos, etc).
Coradini acrescenta que os questionários foram aplicados de forma virtual, “ou seja, os estudantes que responderam são aqueles que possuem melhores condições de acesso à internet. São quase 9 mil respostas, mas há que se considerar que mais de 11 mil estudantes sequer foram atingidos pelo questionário. Se um instrumento simples como este não atinge a todos, como esperar que os conteúdos de diferentes componentes curriculares cheguem aos mais de 20 mil estudantes de forma satisfatória?”.

 

Diagnóstico com os servidores

Segundo a pesquisa, cerca de 30% dos servidores avaliam a conectividade com a internet em suas residências como regular ou ruim. Já em relação a ferramentas digitais de ensino a distância, mais de 50% dos docentes avaliam o seu domínio como regular ou ruim. Apesar de a instituição disponibilizar, de forma permanente, capacitações para a educação a distância, 46% dos servidores nunca realizaram nenhuma capacitação nesta área.

Os servidores relatam problemas na realização do trabalho remoto, como dificuldades: em conciliar o trabalho com as atividades domésticas; com o cuidado de outros familiares; e falta de equipamentos e espaço adequado de trabalho em suas residências. Neste período, 62% dos servidores têm sido responsáveis pelos cuidados de algum familiar (crianças ou idosos).

 

Decisão do Conselho Superior do IFRS

Os resultados parciais do diagnóstico foram apresentados na última reunião do Conselho Superior do IFRS (Consup) no dia 28 de abril. Na oportunidade, o conselho deliberou de forma unânime pela não utilização de ensino a distância no período de suspensão das atividades presenciais, conforme a resolução nº 08, de 28 de abril de 2020.

Sobre a decisão do Consup, Coradini comenta que ensino a distância sem estrutura e planejamento, como mostra o diagnóstico, agrava desigualdades: “Além do desigual acesso a computadores e internet, é preciso compreender que nesse período muitos estudantes perderam empregos, estão cuidando de familiares e com urgências maiores que envolvem a própria sobrevivência. Nos cabe a sensibilidade de compreender que não há ambiente para exigir engajamento dos estudantes nem produtividade de nossos servidores como em tempos normais. Ademais, transformar cursos que foram concebidos para serem presenciais em cursos a distância não é algo possível de ser feito sem fragilizar princípios importantes da educação profissional e do projeto pedagógico institucional do IFRS, e o Conselho Superior entendeu que não devemos abrir mão desses princípios”.

Nesse período, contudo, os docentes estão autorizados a disponibilizar materiais e conteúdos das mais diversas formas para os estudantes, em caráter complementar, com vistas a manter o vínculo e a aproximação da comunidade discente com os os processos de ensino e aprendizagem. Essas atividades apenas não podem ser computadas como conteúdo ministrado ou carga horária dos cursos.

Sobre os pedidos para a liberação do ensino remoto apenas para alguns cursos que eventualmente possuam melhores condições de fazê-lo, Coradini reforça que o IFRS é uma única instituição e os processos institucionais são unificados: “É assim com o ingresso discente, com as matrículas, com os editais de ensino, pesquisa e extensão, com os auxílios estudantis e com os grandes eventos institucionais. Ao mesmo tempo, nossos docentes atuam em diferentes níveis e modalidades de ensino, portanto, não faz sentido termos calendários acadêmicos múltiplos e dessincronizados, nem sob a perspectiva da gestão de ensino, nem sob a perspectiva da gestão de pessoas”.

 

Seguem os trabalhos do GT

O GT –  Recuperação do Calendário Acadêmico, formado por representantes do Conselho Superior, da Pró-Reitoria de Ensino, do Comitê de Ensino, do Colégio de Dirigentes, de sindicatos e da União dos Estudantes do IFRS, segue os estudos e deverá propor ao Consup as estratégias mais adequadas para a recuperação do calendário letivo, considerando as especificidades da educação profissional e a realidade de estudantes e servidores. As aulas serão recuperadas quando as atividades forem retomadas, segundo Coradini, “contando com os recursos pedagógicos adequados e com o tempo necessário para que transcorram com qualidade, ainda que isso implique no avanço de atividades letivas de 2020 sobre o próximo ano civil”. Os dados dos diagnósticos de cada unidade deverão ser disponibilizados em breve, e cada campus poderá analisar a sua realidade local.

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