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Campus Canoas passa a ajudar empresas no desenvolvimento de produtos de tecnologia e inovação


Além de formar profissionais para o mercado de trabalho, desenvolver cidadãos e apoiar a comunidade com projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão, o Campus Canoas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) também passou a desenvolver tecnologia para empresas. A unidade está habilitada, desde agosto de 2021, pela Lei da Informática, um instrumento de política industrial criado para estimular a competitividade e a capacitação técnica de empresas brasileiras produtoras de bens de informática, automação e telecomunicações. Após o credenciamento, o primeiro trabalho envolvendo o Campus Canoas foi consolidado neste primeiro semestre de 2023, com a pesquisa e produção de um equipamento para a empresa Exatron, sediada no Parque Canoas de Inovação. A empresa é focada no desenvolvimento de produtos eletroeletrônicos nas áreas de automação predial e residencial promovendo economia de energia e segurança.

_ A maioria das ICTs [Instituições de Ciência e Tecnologia] acabam apenas trabalhando em pesquisa e projeto, sem entregar um produto pronto, apenas arquivos com as soluções. Isso por vezes pode até atrapalhar a indústria, pois gasta seus recursos e recebe apanhados científicos. Nós entregamos o produto funcionando, resolvendo 100% da demanda _ explica o coordenador do projeto, professor Edison Silva Lima.

Em janeiro de 2022, a Exatron, sabendo da habilitação do Campus Canoas, apresentou a primeira demanda: o desenvolvimento de uma tecnologia, o projeto e a construção de um produto, no caso um equipamento que testa relés (interruptores eletromecânicos, com inúmeras aplicações possíveis em comutação de contatos elétricos, servindo para ligar ou desligar dispositivos) para a iluminação pública. O equipamento trabalha para o conceito de cidades inteligentes (smart cities). Uma cidade é considerada inteligente quando há impulsionadores de crescimento econômico sustentável, elevada qualidade de vida e gestão consciente dos recursos naturais.

A câmara de testagem de relés, criada pelo projeto do Campus Canoas, analisa de forma automática e computadorizada o funcionamento dos dispositivos. Anteriormente (e o que ocorre na prática em outras empresas), a testagem era manual, com operadores que precisavam monitorar o processo. O equipamento em funcionamento hoje na Exatron realiza o processo com precisão gerando relatórios minuciosos para a melhoria da fabricação deste produto final da empresa.

 

Qual a inovação do equipamento desenvolvido pelo campus?

 

De acordo com Lima, existem equipamentos semelhantes para aferição sofisticada dos relés, como um existente no Labelo, o complexo de Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica da PUCRS  e que testam a qualidade de produtos industriais para o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Porém, tais equipamentos analisam testes fixos, como por exemplo, saber se o relé ligou uma lâmpada em exatos 5 lux (intensidade luminosa por m²).

_ A câmara que criamos executa o que chamamos de “receita”, ou seja, o operador define no computador qual o nível de iluminação no dispositivo em teste, por quanto tempo isto vai acontecer, e em que temperatura, podendo definir quantos novos parâmetros desejar para realizar o teste completo do relé. Estes parâmetros são gravados e podem ser reproduzidos novamente, e os dados do teste são coletados e armazenados em arquivos para posterior análise pela engenharia. Isso define muitas questões que são fundamentais para o desenvolvimento do produto, não apenas para testar se está de acordo com as normas. Essa é a inovação do equipamento que desenvolvemos _ explica o professor.

 

Resolvendo problemas sob demanda da indústria

 

O desenvolvimento de tecnologia, trabalho realizado em parceria com a Exatron, transcende o que já é feito com excelência acadêmica em ações de Ensino, Pesquisa e Extensão nos campi do IFRS. O foco essencial de uma instituição credenciada na Lei da Informática, como o Campus Canoas, é também desenvolver tecnologias sob demanda da indústria. Ou seja, além da mão de obra (capacitação de pessoas), pesquisa e projetos, a indústria solicita a expertise da instituição para solução de problemas que ela não dispõe de tempo ou de profissionais suficientes ou disponíveis para resolver.

Em função disso, baseado na lei, a empresa também recebe benefícios fiscais por desenvolver ciência e tecnologia no seu produto, fazendo parte da política brasileira de inovação e competitividade em nível mundial. Dessa forma, o Campus Canoas do IFRS se torna um case de sucesso para incentivar que mais unidades do IFRS e ICTs de todo o país busquem a habilitação para poder ampliar suas áreas de atuação, ajudando de modo ainda mais prático as empresas de tecnologia e inovação.

_ Aqui no campus, temos professores, técnicos administrativos e estudantes trabalhando em conjunto nos projetos. Todo o desenvolvimento intelectual deve ser feito na instituição. Podemos até contratar uma empresa para fazer o produto, mas todo o projeto, toda a pesquisa e inovação deve ser realizada no campus. A participação dos estudantes, sejam eles de nível técnico, graduação ou pós-graduação, sejam bolsistas ou voluntários, é fundamental para que experienciem situações de pesquisa, trabalho em equipe, desenvolvimento tecnológico, aprendendo com estes projetos _ ressalta Lima.

Da esquerda para a direita: os servidores do IFRS Vitor Secretti Bertoncello, Julio Moises da Silva, Edison Silva Lima, Patrícia Nogueira Hübler, os engenheiros da Exatron Luis Ruschel e Jorge Demoliner, e o bolsista do projeto, aluno do Campus Canoas Rodrigo Ochoa, na entrega do equipamento.

 

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