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Napne promove encontros para sensibilizar e conscientizar comunidade sobre deficiências e necessidades específicas


Com o objetivo de sensibilizar e conscientizar os estudantes e servidores sobre as deficiências e as necessidades específicas, o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne) do Campus Alvorada promoveu três momentos (um em cada turno) de conversa no dia 28 de setembro.

Após uma explanação das psicopedagogas, alunos do campus deram seus relatos sobre seus processos de diagnóstico e reconhecimento; como acontece a inclusão no dia a dia; como a sociedade pode contribuir mais com a inclusão; e como ocorre a sociabilização e a inclusão no Campus Alvorada.

No turno da tarde, um dos estudantes que falou foi o Antônio Carlos Sousa (39 anos) do curso Técnico em Tradução e Interpretação de Libras (TTILS), recentemente diagnosticado com Déficit de Atenção (TDAH), predominância de desatenção. O discente, que também é mestre em Sociologia, cientista social e professor de História, sempre achou que a distração era característica da sua personalidade. Percebeu o problema se agravar quando, na pandemia, as aulas do TTILS e do mestrado passaram a ser remotas e não conseguiu acompanhar. Antonio ressaltou que antes considerava preguiçoso um aluno que fazia um trabalho em cima da hora e agora sua visão mudou. Passou a entender que pode ser uma necessidade específica.

Outro caso foi do estudante Allan Toretti (30 anos) do Técnico em Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio. Aos nove anos perdeu a visão por consequência de Toxoplasmose. De acordo com a sua fala, no início foi difícil socializar. Um ano depois, conheceu uma associação na Escola Senador Salgado Filho, em Alvorada, e com isso foi convivendo com pessoas cegas e aprendendo este novo universo.

Com 20 anos retornou à escola, porém de tanto escrever em Braile teve tendinite e parou de estudar novamente. Aos 26 anos concluiu o ensino fundamental num grupo de Educação de Jovens e Adultos na Escola Municipal Alfredo José Justo, em Alvorada. Em 2017, conheceu o Campus Alvorada do IFRS por intermeio da Ong Embrião e ingressou na instituição em 2019. Segundo Allan, no Campus Alvorada se sentiu mais acolhido pelos colegas e professores, que mesmo que não estejam preparados para este tipo de deficiência, procuram ensinar e há recursos.

Outros convidados
Pela manhã, a estudante a Laura Boff (20 anos) do curso Técnico em Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio falou que, aos 16 anos, depois de ser reprovada na escola e observar que durante toda sua trajetória sempre apresentou dificuldades de aprendizagem, procurou (juntamente com sua mãe) ajuda especializada e recebeu o diagnóstico tardio de Dislexia.

Outra discente que relatou sua história foi a Luciana Ribeiro (49 anos), do curso superior de Tecnologia em Produção Multimídia (egressa do Técnico em Processos Fotográficos). Em sua explanação, contou sua vida e experiência enquanto estudante surda no Campus Alvorada do IFRS. Neste mesmo sentido e com a mesma deficiência, o encontro teve a participação do aluno Vlademir Gomes (34 anos), também do curso superior de Tecnologia de Produção Multimídia.

À noite, foram abordados assuntos relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), maternidade atípica e educação inclusiva. A estudante Raquel Rosa (44 anos), do curso Técnico em Tradução e Interpretação de Libras (TTILS), contou sobre seu diagnóstico tardio de TEA ao entrar no curso de Psicologia (no qual também é discente) e, como as características atípicas de socialização sempre estiveram presentes em sua vida. Entretanto, essa situação nunca antes foi levada a um especialista, porque a discente faz parte de um nível brando do Espectro e, conforme os anos passaram, foi adquirindo habilidades sociais. Além disso, de acordo com seu relato, o diagnóstico e reconhecimento de mulheres autistas com nível 1 de suporte é mais difícil.

Outra convidada foi a Gisele Lima (42 anos), estudante do curso superior de Licenciatura em Pedagogia, mãe de um menino autista. Seu depoimento foi sobre como é a maternidade atípica (mães de pessoas com necessidades específicas, ou que as têm), os desafios encontrados quando a sociedade não é inclusiva e a importância da rede de apoio para as mães e os impactos quanto isso não existe.

Por fim, o estudante Leonardo Grazziani (25 anos), também da Licenciatura em Pedagogia, historiador e educador especial, relatou sua experiência enquanto educador no âmbito da educação inclusiva e fez um contexto histórico e apresentou ou principais autores que abordam a inclusão social e especial.

Ao final de cada encontro, as integrantes do Napne destacaram que casos de necessidades específicas, de algum tipo de deficit, podem ser encaminhados para o setor Psicopedagógico na sala 206B (ao lado do Gabinete).

As rodas de conversas foram mediadas pela coordenadora do Napne, Karina Sperb e pelas psicopedagogas Elaís Sousa e a Josiara Bastiani.

 

 

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