Projetos de pesquisa iniciados em 2023
EDITAL PROPPI Nº 04/2023 – FOMENTO INTERNO PARA PROJETOS DE PESQUISA E INOVAÇÃO 2023/2024
Título: Contando a História de Alvorada.
Coordenação: Fábio Azambuja Marçal
Bolsista: Bruna Luísa Thiago Teles
Vigência Projeto: 01/05/2023 a 31/12/2023
Resumo: O município de Alvorada, no Rio Grande do Sul, completa em 2023 seus 58 anos de emancipação. Já a ocupação oficial de seu território remonta a pelo menos 240 anos, pouco menos do que Porto Alegre. Compôs o grande território dos Campos de Viamão, vindo mais tarde a cumprir importante papel habitacional e assim contribuindo com o desenvolvimento industrial do estado. Sabe-se hoje que Alvorada, como território pertencente a Viamão, esteve perfeitamente inscrita em um contexto e modelo colonizador que dá testemunho da formação social e econômica do Rio Grande do Sul. Entretanto, ainda há pouca produção didático pedagógica sobre a história e a memória do território alvoradense para que se possa auxiliar no trabalho dos docentes. Este projeto visa a criação de métodos que possam ajudar na sistematização e análise de fontes documentais que abarque elementos da cultura e relações sociais, no período dos séculos XVIII ao final do século XX nos territórios que vieram a compor o município de Alvorada, bem como a produção de conteúdo impresso, digital e áudio visual com fins didáticos e de pesquisas.
Título: As sonoridades do antropoceno como um problema de comunicação: investigação artística da paisagem sonora via traduções intersemióticas
Coordenação: Marcelo Bergamin Conter
Bolsista: Lucas Gonçalves Venceslau
Vigência Projeto: 01/05/2023 a 31/12/2023
Resumo: O presente projeto toma forma como desdobramento de pesquisa anterior, “Semioses afetivas da música ambiente contemporânea”, realizada no âmbito do IFRS Alvorada. Ao investigar os hábitos de escuta de usuários do YouTube, que procuravam playlists de música instrumental que servissem como narcótico sonoro para longas jornadas de trabalho, nos deparamos com diversas obras de música ambiente que imaginam cenários pós-apocalípticos para a vida na Terra, ou ainda fabulam um futuro desolador decorrente de catástrofes climáticas. São obras instrumentais, de longa duração, com pouca variação dinâmica, melódica ou harmônica, criando uma atmosfera de suspense. Entendemos que há nessas obras um desejo de comunicar artisticamente o aceleracionismo e o capitalismo tardio. Como Wisnik defende, “[a] música ensaia e antecipa aquelas transformações que estão se dando, que vão se dar, ou que deveriam se dar, na sociedade” (1999, p. 13). Saindo da investigação teórica da pesquisa anterior, pretendemos agora criar novos hábitos perceptivos do Antropoceno por meio de produção artística articulada com os conhecimentos científicos acerca da música ambiente e do Antropoceno, centralizando o som como produtor de sentidos. Este processo emprega a tradução intersemiótica (PLAZA, 2010) como uma metodologia que permitirá traduzir sistemas de signos não-humanos em humanos e vice-versa, estabelecendo alianças político-estéticas entre agentes mundanos. O projeto deve contribuir também para um ganho de detalhamento científico, uma renovação teórico-epistemológica e uma multiplicação de experimentações artísticas articulando sonoridades não-humanas ao surgimento de novos modos de existência no antropoceno. Entendendo-se que o enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas passa pela investigação de novos paradigmas éticos, estéticos e políticos, a vertente pedagógica do projeto se encaminha como um motor para a produção de novos modos de conhecer e apreciar populações animais, vegetais, minerais e micorrizodais afetadas por hábitos humanos, a exemplo do ruído antropofônico das cidades. Mais que a multiplicação de criações individuais, o projeto deve fomentar a capacitação tecnológica e uma educação perspectivista, atenta a problemas de escala planetária e à riqueza heurística da tradução de hábitos expressivos não-humanos. Como atividade principal, o coordenador do projeto e o bolsista de iniciação científica irão desenvolver peças musicais de música ambiente que abordem conceitualmente a questão do Antropoceno em sua sonoridade. As peças partirão de qualidades comuns nesse tipo de música: a fragilidade, a atmosfera e os ruídos, de acordo com Adkins (2019). Em síntese, o autor sugere que um dos diferenciais do gênero é a presença de sons residuais da reprodução fonográfica de mídias analógicas, como ruídos de fitas magnéticas gastas e discos de vinil arranhados. Partir de tecnologias antigas, a nosso ver, já é começar o projeto provocando uma reflexão sobre a obsolescência programada de mídias sonoras e o aumento inconsequente de lixo tecnológico no planeta. Ainda, o projeto tem uma estrutura que permite a participação de colaboradores que podem tanto contribuir com o desenvolvimento das peças de música ambiente quanto desenvolver suas próprias obras artísticas, desde que tratem-se de intervenção e/ou interação com sonoridades não-humanas que resultará em algum tipo de material multimídia (audiovisual, instalação sonora, peça musical) que lide com a paisagem sonora do Antropoceno como questão de fundo. Como a maior parte dos sons que irão compor a paisagem sonora das peças de música ambiente serão capturadas na região metropolitana do Rio Grande do Sul, o projeto irá versar também sobre os impactos locais, visando assim promover a reflexão e estimular a conscientização da opinião pública local e regional acerca das mudanças climáticas. O resultado das produções artísticas será apresentado em galerias de arte e publicado em website com acesso gratuito. Será apresentado, também, em eventos artísticos e científicos no âmbito do IFRS e em eventos em outras instituições. Também pretende-se desenvolver artigo científico como resultado das investigações, descrevendo o processo artístico e refletindo sobre o material e sua contribuição para a área da comunicação.
Título: Preservação e armazenamento de projetos audiovisuais digitais do Curso Superior de Produção Multimídia do IFRS Alvorada
Coordenação: Marcelo Bergamin Conter
Bolsista:
Vigência Projeto: 01/05/2023 a 31/12/2023
Resumo: Contando com três cursos da área de Produção Cultural e Design, o IFRS Campus Alvorada não dispõe de procedimentos para o devido arquivamento da produção artística discente. O presente projeto de pesquisa pretende ser um pontapé inicial para resolver este problema, começando com o arquivamento e a conservação dos produtos audiovisuais do IFRS Alvorada, especificamente no Curso Superior de Tecnologia em Produção Multimídia. Para tanto, pretendemos realizar o mapeamento dos métodos de armazenamento audiovisual de outras instituições públicas do Rio Grande do Sul que contam com cursos da área do Audiovisual, visando criar uma metodologia que seja própria para o IFRS. Tal metodologia envolverá conversas sistemáticas com o corpo discente ao longo de sua formação, com foco na realização do projeto experimental de final de curso, garantindo que os discentes realizem etapas importantes para o devido arquivamento e conservação desde a etapa de captura do material. Envolve, ainda, a criação de um manual de práticas padronizadas de arquivamento; a criação de um canal no YouTube para a divulgação do material audiovisual; e a da conservação do material em cópias de altíssima resolução e redundância de dados em discos rígidos armazenados fisicamente no campus. Espera-se que os resultados sejam satisfatórios e incentivem futuras investigações de pesquisa aplicada para resolver o mesmo problema no que diz respeito a outros suportes artísticos comuns no campus, como são o caso de projetos gráficos, fotografias, produtos fonográficos, instalações de arte e textos. O projeto ainda almeja valorizar a produção discente e incentivar a circulação da mesma, facilitando o acesso ao grande público. Secundariamente, a pesquisa pretende produzir um artigo acadêmico que versará sobre os desafios do arquivamento e da memória audiovisual no contexto brasileiro.
Título: Controvérsias em torno da formação de um mercado legal de Cannabis no Brasil: situação atual e perspectivas Etapa 2023
Coordenação: Getúlio Sangalli Reale
Bolsista: Jordana Lissarassa Cambraia
Vigência Projeto: 01/05/2023 a 31/12/2023
Resumo: Este projeto objetiva descrever as principais controvérsias em torno da formação de um mercado legal de Cannabis (maconha) no Brasil. Serão coletados e analisados dados sobre os principais debates nas ciências e nas mídias jornalísticas. Depois serão realizadas proposições sobre políticas públicas para a formação desse mercado, expostas tendências para os próximos anos, e ampliado o debate sobre como os mercados afetam a sociedade. Esta pesquisa se justifica pois, em primeiro lugar, a produção, circulação e consumo da Cannabis já é uma realidade e um mercado legal já está em formação, apesar de existirem poucas pesquisas sobre o tema, especialmente na área de gestão. Em 2014 o Superior Tribunal Federal (STF) tomou decisão favorável à importação de medicamentos derivados da Cannabis, e atualmente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) presta serviços para facilitar sua importação. Também já existem empresas de Cannabis instaladas no Brasil, e analistas preveem um mercado de R$ 45 bilhões por ano. Nos países que atualmente têm um mercado para o uso recreativo da planta, o primeiro movimento foi a regulação do uso medicinal, indicando uma tendência. Além disso, esse projeto fornecerá dados e reflexões para a formulação de políticas públicas para a regulação da produção, circulação e consumo desse bem. Nos EUA, por exemplo, o sistema focado em livre ação empresarial tem implicado na exclusão dos antigos operadores do mercado ilegal, geralmente negros e pobres. Pretendemos com este projeto pensar políticas públicas que forneçam alternativas. Por fim, tramam-se à criminalização/legalização da Cannabis problemas profundos de nossa sociedade como o racismo, a exclusão e controle de classes sociais, questões médicas, legais, de segurança e saúde pública, entre outras, o que nos permitirá entender mais profundamente as implicações das (trans)formações desse mercados para a sociedade.
Título: COM VIDA: Projeto Integrado de Estratégias Territoriais de Promoção e Educação em Saúde (Fase Final)
Coordenação: Márcia Fernanda de Mello Mendes
Bolsista: Ana Alexandra Rodrigues De Araújo
Vigência Projeto: 01/05/2023 a 31/12/2023
Resumo: Esta pesquisa está sendo realizada desde novembro de 2020 e surge motivada pela crise sanitária mundial provocada pela Covid-19, que explicitou limites nos processos de organizar a vida e a saúde das pessoas e coletividades em escala global. No Brasil, os desafios impostos pela pandemia se somam à crise política que o país vive atualmente, além de suas históricas desigualdades sociais e econômicas. Fatores de vulnerabilidade como raça, classe, escolaridade, gênero e origem geográfica acabam por influenciar o perfil epidemiológico da Covid-19 no Brasil. Comunidades sem saneamento básico, moradias insalubres, falta de acesso a condições básicas de vida, o alto índice de trabalho informal, dificultam a adesão às medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, como isolamento social e medidas básicas de higiene. Desta forma, enfrentar a pandemia no contexto brasileiro demanda pensar alternativas de cuidados de saúde que atentem para a complexidade da vida nos territórios. Nesse sentido, este projeto tem como objetivo compreender e fomentar a participação social e as iniciativas de produção de saúde e de vida no território, sistematizando-as em uma perspectiva interseccional como educação permanente no enfrentamento à Covid-19, às iniquidades e às violências, intensificadas pela pandemia. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa por meio de uma pesquisa-intervenção que tem como característica principal o uso de metodologias participativas. Nesta perspectiva metodológica não é possível definir o passo a passo do que acontecerá, o que não impede o rigor metodológico, e a apresentação de pistas que nortearam os caminhos desse estudo, aqui denominadas de camadas. A primeira camada se propõe a conhecer o campo; a segunda a verificar as demandas da comunidade naquele território; a terceira a construir respostas; e a quarta a elaborar relatórios, manuscritos e divulgação dos resultados. Ressalta-se ainda que os cuidados éticos adotados para realização desta pesquisa estão pautados nos preceitos éticos descritos da Resolução nº 466 do ano de 2012 do Conselho Nacional de Saúde.
Título: ComVida: Conexões entre violência, gênero, sexualidade e raça em espaços escolares
Coordenação: Jonas Francisco de Medeiros
Bolsista: Sheyla Souza Daré
Vigência Projeto: 01/05/2023 a 31/12/2023
Resumo: A Escola é um espaço público e local onde estudantes têm acesso ao conhecimento, a habilidades e a valores necessários à socialização em comunidade. É neste ambiente que se tem acesso ao conjunto de estratégias sociais para que sejam promovidas ações de justiça social, econômica e cultural, inclusive considerando os marcadores de raça, gênero e sexualidade. Porém, este mesmo espaço – público – o qual deveria promover o desenvolvimento social e a formação cidadã, também é um espaço demarcado pela violência e exclusão de indivíduos. A violência pode ser manifestada de diversas formas, como física, psicológica, sexual, moral, de privação e está presente em todas as classes sociais, inclusive nos espaços escolares. Ao observarmos o agravo desta temática, quando considerados os aspectos de violência correlacionados a raça, gênero e sexualidade, temos que esta ação implica muitas vezes ao assassinato social de estudantes e, em muitos casos, está associado a casos de evasão escolar. Este projeto de pesquisa objetiva identificar e discutir a violência relacionada a gênero, sexualidade e raça em espaços escolares e promover ações de enfrentamento e retórica à esta prática violenta nas escolas. O estudo realizado se dará a partir da metodologia da Revisão Integrativa e as ações serão desenvolvidas através do diálogo entre a comunidade escolar do município de Alvorada. Além de avanços teóricos sobre a temática, busca-se principalmente a criação de um espaço para debate, avanços e enfrentamento contra a violência escolar demarcada por tópicos de raça, gênero e sexualidade.
Título: Física em Contexto: desenvolvimento de modelos didáticos para o ensino de acústica sob uma perspectiva integrativa
Coordenação: Miguel da Camino Perez
Bolsista: Paloma Anelise Martins de Souza ( até junho/2023), Sandy de Castro Lopes ( a partir de julho/2023)
Vigência Projeto: 01/05/2023 a 31/12/2023
Resumo: Uma das principais barreiras do ensino de Física nas escolas brasileiras, especialmente na esfera pública, é a realização de atividades experimentais, prática essencial para um bom ensino de Ciências. Uma alternativa para para a adoção desta prática é o desenvolvimento de modelos didáticos de baixo custo, que além dos benefícios em sala de aula, promovam a construção da autonomia do professor. Ao trazer esta discussão para a realidade do IFRS, é possível extrapolar a fundamentação dessa construção de autonomia docente para a esfera discente, visto as oportunidades de projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão disponibilizadas aos estudantes para participarem como bolsistas e voluntários. O presente projeto de pesquisa tem como objetivo geral desenvolver modelos didáticos para o ensino de acústica associados aos componentes curriculares específicos dos cursos de nível médio e superior do IFRS – Campus Alvorada. Além de promover a autonomia dos bolsistas e voluntários participantes do projeto, os modelos desenvolvidos auxiliarão na integração da área propedêutica de Física aos componentes curriculares técnicos dos cursos do Campus, promovendo habilidades e conhecimentos essenciais tanto para a vida acadêmica dos estudantes quanto para o mercado de trabalho. A pesquisa é de caráter qualitativo, do tipo estudo de caso, e baseia-se na Análise Fenomenológica Hermenêutica.
EDITAL PROPPI Nº 11/2023 – DE BOLSAS DE INICIAÇÃO TECNOLÓGICA – PIBITI/IFRS/CNPq – PROBITI/IFRS/FAPERGS – 2023/2024
Título: Preservação e armazenamento de projetos audiovisuais e fotográficos digitais do IFRS
Coordenação: Marcelo Vianna
Bolsistas:
Vigência Projeto: 01/09/2023 a 31/08/2024
Resumo: Mesmo sendo uma instituição relativamente recente, o IFRS em seus 13 anos de existência já conta com um núcleo de memória, o NuMem, que promove a “organização, preservação, difusão, salvaguarda do patrimônio cultural de natureza imaterial e material do IFRS de forma sistemática e permanente” (NUMEM, 2023). Tal projeto, entendemos, é de grande importância para o desenvolvimento e o futuro da instituição, entretanto, nota-se que não existem rotinas de cuidados com o arquivamento devido de materiais audiovisuais e fotográficos em todas etapas de produção. É importante, na medida do possível, que realizadores audiovisuais e fotógrafos, sejam eles discentes ou servidores, tenham o devido cuidado na escolha do tipo de formato de arquivo, na organização do material bruto captado, no gerenciamento de metadados, e nos formatos de exportação, para que o processo de arquivamento seja simplificado. O presente projeto de pesquisa pretende ser um pontapé inicial para resolver este problema, começando com o arquivamento e a conservação dos produtos audiovisuais e fotográficos do IFRS Campus Alvorada. Para tanto, pretendemos realizar o mapeamento dos métodos de armazenamento dessas mídias em outras instituições públicas do Brasil que contam com cursos da área do Audiovisual e da Fotografia, visando criar uma metodologia que seja própria e adequada para o IFRS. Este projeto desenvolverá um manual de práticas padronizadas de arquivamento e conservação do material em cópias de altíssima resolução e redundância de dados em discos rígidos armazenados fisicamente no Campus. O projeto ainda almeja valorizar a produção discente e de servidores e seus diversos projetos e incentivar a circulação da mesma, facilitando o acesso ao grande público. A pesquisa pretende produzir um artigo acadêmico que versará sobre os desafios do arquivamento e da memória audiovisual e fotográfica no contexto brasileiro, bem como a divulgação de um manual em PDF e um tutorial em vídeo que ensine procedimentos básicos e intermediários de arquivamento e armazenamento adequado de produtos audiovisuais e fotográficos.
Título: Digitalização de obras raras de Saúde – preservação e disseminação digital dos acervos do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (2.ª fase)
Coordenação: Marcelo Vianna
Bolsistas:
Vigência Projeto: 01/09/2023 a 31/08/2024
Resumo: O projeto trata da segunda etapa da digitalização e da elaboração de catálogos virtuais comentados do acervo documental do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM). Criada em 2004 e mantida através da sua Associação de Amigos, o MUHM possui uma importante trajetória no campo da História e Memória da Saúde e da Medicina, mas enfrenta dificuldades técnicas em promover uma maior preservação e divulgação de seu acervo, composto por obras bibliográficas, documentos históricos (arquivísticos) e peças tridimensionais (museológicas). Desta forma, o projeto visa promover a catalogação (quando necessária), a seleção, a digitalização e a produção de materiais virtuais (catálogos) de obras consideradas raras, permitindo alcançar um maior público. Do ponto de vista institucional e histórico, a disponibilização de obras digitalizadas através do projeto contribuirá para salvaguarda de acervos originais, contribuindo para sua preservação. Como relevância social, o projeto viabilizará uma maior disseminação do conhecimento histórico a respeito da Saúde e da Medicina no Rio Grande do Sul. Isso permitirá que pesquisadores e sociedade em geral possam conhecer e entender mais sobre os agentes sociais de época, seus saberes, seus instrumentos de trabalho e suas práticas, de modo a reforçar uma consciência histórica que contribua para compreensão e busca por soluções de problemas de saúde atuais a partir de experiências passadas.
EDITAL PROPPI Nº 12/2023 – DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC/PIBIC-Af/PIBIC-EM/IFRS/CNPq – PROBIC/IFRS/Fapergs – 2023/2024
Título: Controvérsias em torno da formação de um mercado lega de Cannabis no Brasil: situação atual e perspectivas – Etapa 2023
Coordenação: Getúlio Sangalli Reale
Bolsistas:
Vigência Projeto: 01/09/2023 a 31/08/2024
Resumo: O surgimento de um mercado legal de Cannabis (maconha) e seus derivados no Brasil já é uma realidade. Movimentando bilhões de dólares no Brasil e no mundo, as transformações a partir do uso medicinal da Cannabis têm despertado o interesse de diversos grupos de atores. Já são centenas a quantidade de startups e associações de pacientes operando no país e a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) presta serviços para facilitar a importação de medicamentos derivados da Cannabis. Esta transformação ocorre a partir de uma situação de criminalização ocorrida no início do século XX que tem, entre os afetos que a formaram, a Eugenia e o racismo como fundamento, funcionando até hoje como um mecanismo de controle social de pessoas negras e pobres por meio do encarceramento em massa. Este projeto objetiva descrever as principais controvérsias em torno da formação de um mercado legal de Cannabis (maconha) no Brasil numa perspectiva da teoria dos afetos. Além do aprofundamento no estudo de abordagens teórico-metodológicas de interesse, também serão coletados dados bibliográficos, documentais e de entrevistas para descrever a rede de afecções que produziram a criminalização no início do século XX e sua agência no presente, assim como a rede de afecções que produz a realidade atual de transformação do mercado via uso medicinal da Cannabis. A compreensão dos processos históricos e das configurações em movimento atualmente do mercado de Cannabis, numa perspectiva dos afetos, nos permitirá compreender o fundamento das aproximações e afastamentos, das inclusões e exclusões, das formações, mutações ou extinções de objetos, corpos, subjetividades, imaginários e agrupamentos que produzem, pelo menos em parte, a realidade em que vivemos. Este conhecimento servirá para, além da geração de conhecimento científico de base sobre a realidade empírica, fundamentar a proposição de políticas públicas para atacar os problemas gerados pela criminalização, assim como para tratar dos desafios criados pela configuração atual do mercado via uso medicinal da Cannabis.
Título: As sonoridades do antropoceno como um problema de comunicação: investigação artística da paisagem sonora via traduções intersemióticas (fase 2023-2024)
Coordenação: Miguel da Camino Perez
Bolsistas:
Vigência Projeto: 01/09/2023 a 31/08/2024
Resumo: O presente projeto toma forma como desdobramento de pesquisa anterior, “Semioses afetivas da música ambiente contemporânea”, realizada no âmbito do IFRS Alvorada. Ao investigar os hábitos de escuta de usuários do YouTube, que procuravam playlists de música instrumental que servissem como narcótico sonoro para longas jornadas de trabalho, nos deparamos com diversas obras de música ambiente que imaginam cenários pós-apocalípticos para a vida na Terra, ou ainda fabulam um futuro desolador decorrente de catástrofes climáticas. São obras instrumentais, de longa duração, com pouca variação dinâmica, melódica ou harmônica, criando uma atmosfera de suspense. Entendemos que há nessas obras um desejo de comunicar artisticamente o aceleracionismo e o capitalismo tardio. Como Wisnik defende, “[a] música ensaia e antecipa aquelas transformações que estão se dando, que vão se dar, ou que deveriam se dar, na sociedade” (1999, p. 13). Saindo da investigação teórica da pesquisa anterior, pretendemos agora criar novos hábitos perceptivos do Antropoceno por meio de produção artística articulada com os conhecimentos científicos acerca da música ambiente e do Antropoceno, centralizando o som como produtor de sentidos. Este processo emprega a tradução intersemiótica (PLAZA, 2010) como uma metodologia que permitirá traduzir sistemas de signos não-humanos em humanos e vice-versa, estabelecendo alianças político-estéticas entre agentes mundanos.
O projeto deve contribuir também para um ganho de detalhamento científico, uma renovação teórico-epistemológica e uma multiplicação de experimentações artísticas articulando sonoridades não-humanas ao surgimento de novos modos de existência no antropoceno. Entendendo-se que o enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas passa pela investigação de novos paradigmas éticos, estéticos e políticos, a vertente pedagógica do projeto se encaminha como um motor para a produção de novos modos de conhecer e apreciar populações animais, vegetais, minerais e micorrizodais afetadas por hábitos humanos, a exemplo do ruído antropofônico das cidades. Mais que a multiplicação de criações individuais, o projeto deve fomentar a capacitação tecnológica e uma educação perspectivista, atenta a problemas de escala planetária e à riqueza heurística da tradução de hábitos expressivos não-humanos.
Como atividade principal, o coordenador do projeto e os bolsistas de iniciação científica irão desenvolver peças sonoras de música ambiente que abordem conceitualmente a questão do Antropoceno em sua sonoridade. As peças partirão de qualidades comuns nesse tipo de música: a fragilidade, a atmosfera e os ruídos, de acordo com Adkins (2019). Em síntese, o autor sugere que um dos diferenciais do gênero é a presença de sons residuais da reprodução fonográfica de mídias analógicas, como ruídos de fitas magnéticas gastas e discos de vinil arranhados. Partir de tecnologias antigas, a nosso ver, já é começar o projeto provocando uma reflexão sobre a obsolescência programada de mídias sonoras e o aumento inconsequente de lixo tecnológico no planeta. Ainda, o projeto tem uma estrutura que permite a participação de colaboradores que podem tanto contribuir com o desenvolvimento das peças de música ambiente quanto desenvolver suas próprias obras artísticas, desde que se tratem de intervenção e/ou interação com sonoridades não-humanas ou mais-que-humanas que resultará em algum tipo de material multimídia (audiovisual, instalação sonora, peça musical) que lide com a paisagem sonora do Antropoceno como questão de fundo. Como a maior parte dos sons que irão compor a paisagem sonora das peças de música ambiente serão capturadas na região metropolitana do Rio Grande do Sul, o projeto irá versar também sobre os impactos locais, visando assim promover a reflexão e estimular a conscientização da opinião pública local e regional acerca das mudanças climáticas.
O resultado das produções artísticas será apresentado em galerias de arte e publicada em website com acesso gratuito. Será apresentado, também, em eventos artísticos e científicos no âmbito do IFRS e em eventos em outras instituições. Também pretende-se desenvolver artigos científicos como resultado das investigações, descrevendo o processo artístico e refletindo sobre o material e sua contribuição para a área da comunicação.
Título: O processo de formação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia: uma memória oral de seus protagonistas
Coordenação: Marcelo Vianna
Bolsistas:
Vigência Projeto: 01/09/2023 a 31/08/2024
Resumo: Originados como uma política pública consolidada no segundo governo Lula (2006-2010), os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – instituídos pela Lei 11.892, de 29.12.2008 – constituíram um modelo de educação profissional capaz de aproximar os estudantes do mundo do trabalho a partir de uma concepção omnilateral de educação, como alternativa à dicotomia presente no campo educacional brasileiro. Este projeto visa conhecer e discutir o processo de formação dos Institutos Federais a partir das memórias narrativas dos indivíduos protagonistas (especialistas, gestores, políticos, futuros reitores) atuantes, analisando e divulgando seus depoimentos à comunidade. A partir das concepções da História Pública, da História Oral e da Educação Profissional, espera-se divulgar e constituir um acervo de depoimentos e fontes documentais como patrimônio cultural material e imaterial relativo à memória de formação dos Institutos Federais, subsidiar estudos que permitam compreender perfis de atuação dos agentes que trabalharam pela formação dos Institutos Federais e contribuir para reflexões entre as propostas originais e as práticas educacionais e experiências de estudantes e docentes.
Título: Preservação e disseminação da memória da Educação Profissional e Tecnológica: o repositório de acervos digitais do Núcleo de Memória do IFRS
Coordenação: Marcelo Vianna
Bolsistas:
Vigência Projeto: 01/09/2023 a 31/08/2024
Resumo: O presente projeto buscar desenvolver uma série de atividades relacionadas à identificação, à digitalização e à expansão dos acervos documentais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) por meio do repositório digital Tainacan do Núcleo de Memória da instituição. Da mesma forma, a partir dos acervos digitais disponibilizados, coordenar ações de conscientização e produção do conhecimento histórico. Para isso, o projeto fundamenta-se no papel do Núcleo de Memória em promover a preservação e disseminação do patrimônio cultural material e imaterial da instituição, reunindo em seu acervo documentos imagéticos (fotografias), audiovisuais e impressos, organizados por temas relacionados aos diferentes contextos vivenciados pela comunidade do IFRS.
EDITAL PROPPI Nº 18/2023 COMPLEMENTAR AO EDITAL Nº 12/2023 – EDITAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC/PIBIC-Af/PIBIC-EM/IFRS/CNPq – PROBIC/IFRS/Fapergs – 2023/2024
Título: Avaliação e qualificação de objetos pedagógicos da área da Saúde Coletiva
Coordenação: Márcia Fernanda de Mello Mendes
Bolsistas:
Vigência Projeto: 01/10/2023 a 31/08/2024
Resumo: A Saúde Coletiva é uma área interdisciplinar que integra conhecimentos de várias disciplinas, como filosofia, sociologia, educação, estatística, planejamento e políticas públicas, para embasar a prática profissional. O campus Alvorada do IFRS oferece cursos que incluem conhecimentos em Saúde Coletiva, mas muitos dos referenciais teóricos são complexos para estudantes do ensino médio e de educação de jovens e adultos. Para abordar essa lacuna, foi iniciado o projeto Monitoria em Saúde Coletiva em 2023, com o objetivo de oferecer apoio aos estudantes, produzir materiais didáticos acessíveis a diferentes níveis educacionais e disponibilizá-los online e gratuitamente. Destaca-se a ausência de políticas públicas que integrem formações técnicas em saúde com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, propõe-se uma pesquisa sobre a produção de objetos pedagógicos em Saúde Coletiva com linguagem acessível, visando sensibilizar e capacitar estudantes, profissionais de saúde e a sociedade em geral para compreender os processos de saúde-doença e a atenção em saúde. A pesquisa tem como objetivo geral avaliar os objetos pedagógicos desenvolvidos no projeto Monitoria em Saúde Coletiva do IFRS-Alvorada, com objetivos específicos de revisar a literatura sobre o uso de jogos pedagógicos na educação em saúde coletiva, avaliar a efetividade dos objetos de aprendizagem/jogos desenvolvidos e identificar desafios em sua utilização. A metodologia da pesquisa inclui revisão da literatura em bases de dados acadêmicas, avaliação empírica dos objetos de aprendizagem, pesquisa de opinião através de grupos de discussão e formulários de satisfação, bem como análise de dados qualitativos para identificar padrões e desafios comuns.
Título: Saúde e democracia: estudos integrados sobre participação social nas Conferências Nacionais de Saúde
Coordenação: Márcia Fernanda de Mello Mendes
Bolsistas:
Vigência Projeto: 01/10/2023 a 31/08/2024
Resumo: Os processos participativos na saúde vêm se consolidando desde a década de 1980, sendo as Conferências e os Conselhos de Saúde regulamentados desde 1990. Os processos participativos e suas instâncias têm sido reconhecidos como inovações institucionais e diversos estudos apontam desafios para seu fortalecimento. A etapa inicial da pesquisa foi realizada na 16ª Conferência Nacional de Saúde, que teve como tema a mobilização social, dos atores e das ideias que foram ativados na sua realização e tinha como plano a continuidade na 17ª Conferência Nacional de Saúde. A primeira etapa constituiu “linha de base” para as análises subsequentes. O objetivo da incorporação da 17ª Conferência Nacional de Saúde é comparar as condições da participação num período sucessivo, mas que foi marcado por condições muito específicas, como um governo que não priorizou a saúde e uma pandemia que mobilizou os sistemas de saúde no mundo. Assim, se cumpre o objetivo de verificar o enraizamento do conjunto das propostas aprovadas na 16ª CNS em torno da democracia e saúde e do fortalecimento e financiamento adequados do SUS. Sendo assim, fica destacada a relevância e a necessidade de colocar no centro dos debates o tema “Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia”, para que o povo brasileiro possa retomar o valor da vida e do trabalho, os direitos e a saúde das pessoas, em cada território, com um meio ambiente de ar puro, que permita superar a asfixia que vivemos nos últimos anos. A pesquisa foi proposta pelas comissões organizadoras da 16ª e 17ª Conferências Nacionais de Saúde para expandir o conhecimento produzido nos processos de organização de ambas. Será desenvolvida com referenciais da pesquisa social, com abordagem mista e com orientações da análise de políticas públicas e pesquisas interpretativas embasadas no interacionismo. A coleta de dados será feita a partir de fontes secundárias, principalmente de documentos e registros nas diferentes etapas e atividades da Conferência, em entrevistas, questionários e grupos focais. As análises serão feitas em rede científica, envolvendo pesquisadores de diferentes formações, vinculações institucionais e distribuição geográfica, constituindo-se uma comunidade ampliada de pesquisa. Os resultados buscarão ampliar o conhecimento disponível sobre a temática da participação social em saúde e políticas públicas, produzir análises sobre a garantia de direitos humanos como normas de proteção à dignidade humana, a defesa do SUS, da Vida e Democracia disseminar o conhecimento produzido por meio de publicações científicas e técnicas, compartilhá-lo em diferentes atividades e subsidiar a tomada de decisões nos fóruns de participação, em particular no Conselho Nacional de Saúde, dando continuidade ao fortalecimento da rede de pesquisadores que vem sendo fortalecida, a partir da 16ª CNS sobre a temática da participação social em saúde.