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Silvero Pereira fala sobre sua trajetória, suas causas e seu trabalho no Campus Alvorada


O Campus Alvorada recebeu, no dia 25 de novembro, o ator Silvero Pereira para uma conversa sobre sua trajetória artística, processo criativo e articulações entre arte e ativismo LGBT+ em seus trabalhos. Silvero praticamente abriu sua fala dizendo que se reconhece como gente, como artista depois que entra no Instituto Federal do Ceará, em Fortaleza.

Natural de Mombaça (CE) – cerca de 350 km de Fortaleza- de família humilde, mãe lavadeira e pai pedreiro, na adolescência Silvero já trabalhava e estudava à noite e se deu conta que a cidade já não lhe era suficiente e foi para a capital cearense. Lá, onde conheceu a escola técnica federal, que tinha como propósito a preparação de pessoas para o mercado de trabalho. Ingressou no ensino médio integrado, optando pelo curso de Turismo, por  ser o mais próximo à área de humanas.

Conforme Silvero, ele passava o dia no campus e foi nesse espaço que percebeu que podia crescer, construir a sua independência. Além disso, foi onde entendeu o que é arte e teve o primeiro contato com o teatro, passando a integrar a companhia da escola mais tarde. Também participou de um projeto federal “Escola dentro da Escola”, no qual teve a oportunidade de dar aulas de teatro em outras instituições de ensino e ganhar dinheiro pela primeira vez com sua arte.

Quando estava no 3º ano do ensino médio, sua escola torna-se um Instituto Federal com a oferta de cursos de graduação, entre eles Artes Cênicas. Então, passou mais cinco anos na instituição.

Em cena
Ator de diferentes linguagens – filmes, teatros, novelas, programas de auditório – Silvero constrói seus personagens sempre dando ênfase à sua identidade social e política LGBT+. Mesmo quando interpretou “Nonato” e “Elis Miranda” na novela “Força do Querer” (2017), de Glória Peres, na Rede Globo, conversou com a autora para a inserção de questões sociais no seu personagem e seu papel foi crescendo, ganhando espaço. “Foi nesta novela que os LGBT+ tiveram papéis de protagonistas do início ao fim”, destacou.

Da mesma forma foi a construção do personagem “Lunga” de “Bacurau”, filme dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Silvero contou ao público presente no Campus Alvorada que conversou com os diretores para abordar outras discussões, tendo a sexualidade presente, entretanto não como questão política. De acordo com a ator, a partir dessa produção, ele passou a ser visto profissionalmente além da sua sexualidade.

Quanto à sua participação no “Show dos Famosos” (2018) do “Domingão do Faustão”, disse que viu como uma oportunidade de fazer história, de apresentar sua formação e suas causas. Ainda, que pôde falar sobre o que estava além das performances. Ele ressaltou um conselho que Faustão lhe deu: Preste atenção em quem você é, o que você diz. Nunca vá de desencontro com os seus ideais.

Ao ser questionado pela plateia a quem atribuía seu sucesso, mencionou os pais e os professores do Instituto Federal do Ceará, enfatizando a fala da mãe que disse não poder deixar herança, que a única herança seria os estudos.

Arte Atrack
O evento foi a primeira edição do “Arte Atrack: Diálogos sobre Arte e Ativismos LGBT+” e encerrou as atividades em 2019 do programa de extensão “Pelas Margens: Arte e Ativismo e/em suas Intersecções”, coordenado pelo professor Sandro Ka, em parceria com o docente Daniel Petry.

Em breve as fotografias registradas pelos bolsistas do programa estarão disponíveis no perfil do Campus Alvorada no Facebook.

 

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