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I Mostra Metropolitana do IFRS: confira como foi o primeiro dia do evento


Teve início na noite desta segunda-feira, dia 7 de junho de 2021, a primeira edição da Mostra Metropolitana do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Devido às restrições impostas pela pandemia Covid-19, os cinco campi da instituição instalados na região metropolitana: Alvorada, Canoas, Porto Alegre, Restinga e Viamão, decidiram organizar um evento único e on-line, para apresentar os trabalhos de projetos vinculados ao Ensino, Pesquisa e Extensão de cada unidade. A organização do evento, inédito nesse formato no IFRS, teve a participação de centenas de pessoas envolvidas no projeto durante pelo menos seis meses.

A abertura ocorreu com transmissão ao vivo (assista à gravação), às 19h, via canal do YouTube. Foram convidados a falar o reitor do Instituto, Júlio Xandro Heck, e os diretores-gerais do cinco campi envolvidos: Alexandre Martins Vidor (Viamão), Fábio Azambuja Marçal (Alvorada), Patrícia Nogueira Hübler (Canoas), Fabrício Sobrosa Affeldt (Porto Alegre) e Rudinei Müller (Restinga). Logo após, ocorreu a palestra intitulada Metrópoles em tempos de pandemia: desafios para a ciência e para a educação, ministrada pelo professor convidado, Dr. Rualdo Menegat.

A noite se iniciou com a apresentação da obra musical Ciranda, do Projeto Prelúdio do Campus Porto Alegre. No vídeo, cada membro do coro juvenil fez gravações em suas casas, as quais foram editadas formando a apresentação.

A primeira fala foi da diretora-geral do Campus Canoas, coordenadora-geral do evento. Após apresentar-se com sua própria audiodescrição, ela lembrou que o pensar sobre o evento começou ainda em 2020, quando a pandemia havia mostrado que ainda assolaria a região por algum tempo. Que, com a proximidade dos campi da região Metropolitana de Porto Alegre e diante da proximidade de troca de ideias entre servidores e estudantes, muitos deles moradores de outras cidades, imaginou-se a Mostra como um evento conjunto e integrado para unir esforços e fortalecer ainda mais a instituição.

De acordo com Patrícia, ainda antes de se iniciar, a Mostra deu sinais de sucesso, já que foram recebidas as inscrições de pelo menos 170 submissões de trabalhos, 6 oficinas, 11 relatos de experiências e várias outras participações artísticas e culturais. Segundo a coordenadora-geral do evento, há cerca de 150 estudantes como primeiros autores e 100 servidores atuando como orientadores. Ela encerrou desejando que todos aproveitem muito a I Mostra Metropolitana do IFRS, um evento que foi “incansavelmente preparado” por dezenas de servidores e estudantes.

Logo após, foi realizada a fala do diretor-geral do Campus Viamão. Vidor falou sobre a importância do trabalho de forma colaborativa, que é o espírito do evento organizado e agora vivenciado coletivamente.

“Nós, os organizadores, tivemos a preocupação de trazer o espírito de rede. Que nos move a desenvolver a nossa nação, não mantendo o conhecimento dentro de um feudo, mas socializando esse conhecimento. Socializando as nossas melhores práticas. Esse espírito colaborativo dos Institutos Federais, que tem nos movido todos esses anos. E hoje, mais do que nunca, devido a esse momento que o país vivencia, é preciso trabalhar de forma colaborativa”.

Na sequência, fizeram suas considerações também os demais diretores-gerais. Encerrando os discursos da abertura, o reitor do IFRS falou da satisfação em exaltar as coisas boas que foram realizadas nos últimos meses mesmo em meio à pandemia.

“Estamos há 15 meses vivendo um período terrível, que nos machuca e cria limitações. Mas em nenhum momento o IFRS negligenciou seus compromissos de ajudar a comunidade, muito menos de atender a sua atividade final, que é a educação”, disse.

O reitor ainda comentou que, antes da pandemia da Covid-19, a maioria das pessoas não imaginava o quanto o servidor público era importante. Lembrou que nesse tempo, os professores e estudantes do instituto produziram muito e que a Mostra Metropolitana do IFRS deve demonstrar essa produção. E encerrou com um desafio:

“Tenho a impressão que não estamos apenas abrindo um evento, mas inaugurando uma tradição. Fica aqui um desafio para o futuro: que cada campus possa abrir mão de seus eventos particulares e imitem o que está ocorrendo aqui, em uma intensa demonstração de unidade. Realmente espero que estejamos inaugurando uma tradição no IFRS”, provocou Heck.

A I Mostra Metropolitana do IFRS congrega a 5ª Mostra de Pesquisa, Ensino e Extensão do Campus Viamão, a 5ª Mostra de Ensino, Pesquisa e Extensão (MEPEx) do Campus Alvorada, o 4º Salão de Ensino, Pesquisa e Extensão (ENPEX) do Campus Canoas, a 21ª Mostra de Pesquisa, Ensino e Extensão (MostraPOA) do Campus Porto Alegre e a 10ª Mostra Científica do IFRS Campus Restinga.

O tema do evento é “Metrópoles em tempos de pandemia: desafios para a ciência e para a educação”. O objetivo geral é promover um espaço virtual de troca de experiências, exposição, discussão de projetos e ações de ensino, pesquisa, extensão, bem como performances artísticas e culturais.

A cerimônia de abertura foi encerrada com um vídeo da música Alma Espanhola, interpretada pelo conjunto de violões do Projeto Prelúdio do Campus Alvorada.

A atividade foi conduzida pela Técnica Administrativa do Campus Alvorada, Marlise Paz dos Santos. Tradução em Libras: intérpretes Gisele Fraga e Janaina Viegas.

 

Palestra de abertura tratou sobre desafios da Ciência e da Educação diante da pandemia

 

Na sequência da abertura do evento, ocorreu a fala do professor Rualdo Menegat. Ele discorreu sobre o tema “Metrópoles em tempos de pandemia: desafios para a ciência e para a educação”. Professor do Instituto de Geociências da UFRGS, geólogo, doutor em Ecologia de Paisagem, doutor Honoris Causa (UPAB, Peru), e vice-presidente científico da FLACAM/Cátedra Unesco para o Desenvolvimento Sustentável, Menegat atua em pesquisas nos Andes do Peru e Bolívia além de projetos internacionais com várias universidades da América Latina. Sua pesquisa sobre a construção intencional de Machu Picchu sobre falhas geológicas teve repercussões internacionais significativas.

Menegat falou da época de intensa mudança tecnológica, um mundo de imensa quantidade de informação em que vivemos. Uma época em que parecemos que estamos muito bem informados, sem saber que muita informação pode ser ruído. Ele questionou se é a natureza que está nos atacando com os fenômenos naturais destrutivos, ou se somos nós, com nossas metrópoles e megalópoles, que estamos deixando a natureza sem alternativa. Explicou que a ciência está vivendo o chamado Momento Antropoceno, no qual o ser humano está deixando sua marca no planeta.

Ele então comentou sobre os principais distúrbios humanos na natureza. O primeiro deles o morfológico que é basicamente a forma como ocupamos o território e modificamos a paisagem. Exemplificou com as ruas e suas geometrias em formato de malha arrancando o que está pela frente. O segundo abordado foi o metabólico. De acordo com Menegat, as atuais cidades grandes são muito vorazes, e metabolizam de forma fraca e rejeitam vários materiais. Consome-se de tudo e transfere-se o que se chama de custos ambientais, inclusive mandando lixo para outras cidades e até outros países.

O terceiro distúrbio foi sobre identidade e aculturação que, no caso, a América do Sul é vítima desde a época da colonização. As cidades “orgânicas” construídas pelos nativos são substituídas pelas cidades xadrezes trazidas pelos novos habitantes. Por fim, falou sobre o problema cognitivo, que procura saber como cada cidadão percebe a totalidade urbana.

“Se não sabemos como é nossa realidade interna, como vamos entender o que vemos lá fora? Por isso a importância dos Institutos Federais. Os professores querem que todos os estudantes consigam entender o que são e onde vivem para saberem entender e viver no mundo”, ressaltou o palestrante.

Menegat seguiu elogiando os Institutos Federais por desenvolverem uma educação integrada com o conhecimento e a participação ativa nos locais em que estão instalados. Também comentou o exemplo de outros projetos de sucesso com escolas que se preocupam com suas realidades.

“Precisamos envolver a comunidade. As escolas devem ser centro de saberes locais. Cada comunidade deve ter um centro de inteligência. Deve ser um agente ativo, epistemológico, que explique que não temos como domesticar a natureza ou pandemia, mas conviver com ela”.

 

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