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IFRS realiza aula inaugural do Projeto Afrocientista no Campus Viamão
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) realizou, no dia 13 de junho, a aula inaugural do Projeto Afrocientista no Campus Viamão. A atividade foi organizada pela Assessoria de Relações Étnico-Raciais do IFRS, vinculada à Pró-Reitoria de Ensino, e reuniu autoridades, servidores, estudantes, membros da comunidade externa e os 17 bolsistas do projeto.
A programação contou com a palestra “Mate Masie – Eu guardo aquilo que eu ouço”, conduzida pela professora, atriz e arte-educadora Dedy Ricardo, além das falas das autoridades presentes na mesa de abertura. A cerimônia foi iniciada pela assessora de Relações Étnico-Raciais do IFRS e coordenadora do projeto, Alba Cristina Couto dos Santos Salatino, seguida pela diretora-geral do Campus Viamão, Maíra Baé Baladão Vieira; pelo pró-reitor de Desenvolvimento Institucional, Lucas Coradini; pelo pró-reitor de Ensino, Fábio Azambuja Marçal; e, encerrando a mesa, pela deputada federal Daiana Santos.
A palestra abordou a oralidade e a corporeidade como ferramentas de construção e transmissão do conhecimento, especialmente na perspectiva dos povos originários e negros, destacando práticas tradicionais dos quilombos e suas ressignificações na contemporaneidade. A atividade contou com dinâmicas, nas quais o público participou ativamente, promovendo reflexões e trocas, a partir de elementos da cultura popular e dos saberes orais.
Na ocasião, a coordenadora do projeto destacou: “O Projeto Afrocientista realiza estudos afrocentrados, valorizando a ancestralidade. É um projeto que fala de educação, de oportunidades. Não falamos somente de racismo. Embora nossos bolsistas sejam pessoas negras, não estamos — e não queremos — falar só para nós mesmos. Estamos nos empoderando enquanto pessoas e identidades negras, conversando com o outro, e esse outro é todo aquele que queira dialogar conosco sobre inclusão étnico-racial e acesso aos direitos.”
E reforçou: “É também sobre garantir educação de qualidade, acesso e permanência. Queremos que nossos estudantes sonhem com a universidade, com a pesquisa, com o mestrado, com o doutorado e que possam ser o que quiserem: físicos, médicos, matemáticos, artistas. A gente só é capaz de sonhar com aquilo que conhece, e o projeto tem essa capacidade — por meio do letramento científico — de mostrar que podemos ser o que quisermos, com oportunidades e dedicação.”
A deputada federal, autora da emenda parlamentar que destinou um importante aporte de recursos à terceira edição do projeto no IFRS, afirmou: “Cada vez que o Instituto Federal recebe e prioriza a diversidade — indígenas, quilombolas, pretos, mulheres, LGBTs —, quando trata essa diversidade como um todo, ele está investindo no futuro”. Na fala, relembrou sua trajetória: “Eu emergi dessas bases, dentro de uma comunidade que é uma ocupação, e tive uma oportunidade que foi revolucionária na minha vida, por meio da educação. E é isso que eu quero fazer. Esse investimento é para que a gente, de fato, possa criar novas e grandes mudanças. Nós estamos numa sociedade negra que precisa se reconhecer como tal.”
Saiba mais:
O Afrocientista é uma iniciativa nacional coordenada pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), com atuação em todo o Brasil desde 2024, por meio de parcerias com o Instituto Unibanco e o Ministério da Educação (Secadi/MEC). No IFRS, conta também com recursos de emenda parlamentar da deputada federal Daiana Santos e envolve estudantes dos campi Viamão, Osório e Alvorada.
O programa tem como objetivos desenvolver habilidades metodológicas e científicas, fortalecer a identidade negra de jovens em situação de vulnerabilidade social e potencializar o sentimento de pertencimento racial e cidadania. Também busca estimular valores como sustentabilidade, cooperação, agroecologia e solidariedade no ambiente acadêmico e na sociedade.