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Crescimento, desafios e vidas transformadas: IFRS completa 17 anos


Reitoria do IFRS, localizada em Bento Gonçalves

Reitoria do IFRS, localizada em Bento Gonçalves

Com a missão de expandir e interiorizar a educação profissional e tecnológica no país, há 17 anos, em 29 de dezembro de 2008, foram criados os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, instituídos pela lei 11.892.

A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, no entanto, remete há 116 anos, em 23 de setembro de 1909, com criação das primeiras escolas de aprendizes e artífices. De lá pra cá, foram transformadas em Escolas Técnicas Federais e Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), expandindo e diversificando o ensino técnico.

Estabelecido em 2008, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), hoje com 17 campi e dois em implantação,  teve, em sua composição, quatro das mais antigas autarquias federais que constam no país. Essas escolas passaram, ao longo dos anos, por mudanças de nomenclatura e, principalmente, estruturais, conforme as demandas locais e que remontam a essa história:

  • Campus Porto Alegre, inicialmente Escola de Comércio de Porto Alegre, em 1909;
  • Campus Sertão, enquanto Escola Agrícola de Passo Fundo, de 1957.
  • Campus Bento Gonçalves, de origem Escola de Viticultura e Enologia de Bento Gonçalves, em 1959;
  • Campus Rio Grande, como Colégio Técnico Industrial (CTI), da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), criado em 1964;

Aos poucos, novos campi foram se somando ou sendo criados, e hoje integram o IFRS os campi Alvorada, Bento Gonçalves, Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Farroupilha, Feliz, Ibirubá, Osório, Porto Alegre, Restinga (POA), Rio Grande, Rolante, Sertão, Vacaria, Veranópolis e Viamão, além dos campi em implantação Gramado e Zona Norte (POA). A Reitoria está localizada em Bento Gonçalves. O IFRS oferta cursos técnicos e superiores de graduação e pós-graduação gratuitos, além de cursos de extensão.

No decorrer desses 17 anos, muitos foram os servidores e alunos que fizeram parte dessa trajetória e, juntos, ajudaram a construir e estabelecer as unidades que formam o IFRS.

 

Trajetórias que se cruzam

Darci é indígena e servidor no Campus Sertão

Foi em 1987 que Darci Emiliano ingressou na Escola Agrotécnica Federal de Sertão, hoje Campus Sertão, como estudante do curso técnico em agropecuária. Ali, trilhou uma história que não se resume a esse período. Em fevereiro de 1995, passou a fazer parte do quadro de servidores da instituição, enquanto vigilante. Índigena do povo kaingang, não usufruiu de cotas, pois na sua época essas políticas públicas não existiam. E são em iniciativas como essa que aponta motivos para comemorar as transformações que ocorreram nesses 17 anos de história.

“Com os Institutos Federais, aumenta o número de cursos, novos prédios são construídos com mais salas de aulas e laboratórios. Na questão de ingresso, temos a possibilidade de estudantes entrarem por cotas”, relembra.

Marisa conduz cerimonial de formatura do Campus POA, em foto recente

Para os próximos 17 anos, ele deseja testemunhar empatia, formação e novas políticas públicas, além da ampliação de atendimento em áreas como psicologia e pedagogia: “Precisamos de mais servidores nessas áreas e que atuem diretamente com as pessoas.” Darci conta que gostaria de ver uma escola livre de discriminação, preconceito e racismo.

Foi por acreditar na proposta dos Institutos Federais que a servidora Marisa Dutra Paz optou por fazer parte da então nova instituição, no ano de 2008. Ela atuava, desde 1984, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), cuja escola técnica tornou-se o Campus Porto Alegre, e pôde escolher migrar para o IFRS no período de sua criação. Nesses 17 anos, lembra de muitas mudanças e desafios, mas também de demonstrações de resiliência institucional, crescimento e inovação.

“Ganhamos um lindo prédio na região central de Porto Alegre. Apesar das dificuldades que enfrentamos recentemente, com a pandemia (2020) e com a enchente (2024), nos reinventamos e voltamos mais fortes, com dois cursos integrados ao ensino médio, cursos técnicos, graduação e pós-graduação a todo vapor e o campus voltou a ter vida.”

Para os próximos “muitos anos de IFRS”, Marisa deseja que a instituição continue a oferecer educação gratuita e de excelência. “Acredito que o mais importante é formar pessoas capazes e aptas para enfrentar o mundo do trabalho com muita competência.”

 

Fortalecimento e valorização dos servidores

Jacira, de Bento Gonçalves, recebeu do reitor, Júlio Xandro Heck, o certificado de “Servidor 10 anos” no aniversário de uma década do IFRS, em 2018

A servidora Jacira Casagrande ingressou em 1995 na Escola Agrotécnica Federal Presidente Juscelino Kubitschek, hoje Campus Bento Gonçalves. Há 30 anos na instituição, ela destaca que os 17 anos do Instituto representam um período de grandes desafios, mas também de avanços estruturantes e transformadores.

Jacira enfatiza que a criação dos IFs fortaleceu a pesquisa, a extensão e a inovação,  a ampliação de parcerias, intercâmbios e convênios, além do reconhecimento nacional e internacional alcançado por projetos desenvolvidos por estudantes e servidores. Cita ainda o impacto social, com a criação de núcleos de acolhimento, inclusão e diversidade; a valorização dos servidores; e as melhorias na infraestrutura

Para os próximos anos, a servidora espera que a instituição continue avançando no fortalecimento de seus projetos, promovendo cada vez mais a conscientização da sociedade, o acolhimento e o enfrentamento das desigualdades. Ela deseja que professores, estudantes e servidores sigam tendo seus trabalhos reconhecidos, com projetos de maior alcance e visibilidade nacional e internacional.

 

Consolidando a nova identidade e seus princípios

Roberto, de Rio Grande, acompanhou a constituição do IFRS

A ligação do professor Roberto Carlos Pereira com o IFRS também começou a ser traçada antes da criação da instituição. Ele ingressou no serviço público federal em 1995 como professor substituto e, em 1996, como docente efetivo do curso de Eletrotécnica do Colégio Técnico Industrial (CTI), então vinculado à Universidade Federal de Rio Grande (Furg), unidade que mais tarde daria origem ao IFRS Campus Rio Grande.

Roberto foi um dos servidores que acompanhou de perto o processo de transição e constituição do IFRS. Segundo ele, esse período marcou o início de uma trajetória construída de forma coletiva, ao lado de colegas de diferentes regiões do estado, unindo o desenvolvimento individual ao institucional.

“Desde o início, a ênfase no ensino integrado e no Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) já indicava com clareza o público que pretendíamos atender.”. Esse direcionamento trouxe desafios, especialmente no processo de estruturação de uma instituição ainda em formação. “Ao longo desses 17 anos, as mudanças estiveram relacionadas à consolidação do regimento, das instruções normativas e aos ideais democráticos que orientam o funcionamento da instituição.”

Ao projetar os próximos anos, o professor ressalta a importância de manter os princípios que orientaram a criação “da nossa instituição” e o compromisso com o público que busca na educação pública uma possibilidade de mudanças. “Gostaria que o IFRS não se esquecesse de suas origens e do público que pretende alcançar. O crescimento físico precisa estar sempre acompanhado da qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão”, destaca.

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