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Aula magna em Agroecologia: Rualdo Menegat aborda catástrofes político-ambientais e crise climática


O Campus Viamão do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) promoveu, no dia 7 de agosto, às 19h, a Aula Magna da Pós-Graduação em Agroecologia. O evento contou com a palestra “Catástrofes Político-Ambientais, Crise Climática e Saídas Plausíveis para o Rio Grande do Sul”, ministrada pelo geólogo e professor Rualdo Menegat, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Estiveram presentes estudantes da pós-graduação em Agroecologia e também de outros cursos do Campus Viamão, além de servidores do IFRS e membros da comunidade externa, incluindo participantes de projetos de extensão, especialmente do Programa Viamão.

A apresentação de Menegat começou com uma provocação: será que realmente aceitamos a realidade das mudanças climáticas ou ainda resistimos a essa ideia? Ele propôs uma reflexão sobre o quanto essa resistência cultural e social pode ser um obstáculo para a implementação de soluções concretas. Ele destacou que essa aceitação é fundamental para que possamos agir de maneira eficaz. Em sua visão, a compreensão das mudanças climáticas não deve ser limitada ao reconhecimento dos impactos globais, mas deve incluir uma análise detalhada dos efeitos locais e regionais.

O geólogo enfatizou que as mudanças climáticas já estão em curso e que seus efeitos são cada vez mais visíveis em diferentes partes do mundo, incluindo o Rio Grande do Sul. Ele destacou que as atividades humanas desempenham um papel central na intensificação desses processos, e, portanto, as soluções precisam envolver uma mudança profunda na forma como nos relacionamos com o meio ambiente. “Nós temos que mudar a relação entre esses territórios e suas comunidades durante uma transição. E como é essa transição? De uma situação de vulnerabilidade, alto risco e insustentabilidade, devemos, a curto, médio e longo prazo, superar a emergência dessa fase inicial e construir uma nova relação. Isso significa, no futuro, uma situação de gestão de riscos, resiliente e sustentável. Isso não implica apenas em ter tecnologias e meios, mas também em mudar nossa cultura sobre o que é um território em que vivemos.” Ele alertou que as catástrofes ambientais, como enchentes e secas extremas, que têm se tornado mais frequentes na região, não são meramente fenômenos naturais, mas consequências diretas das ações humanas.

Durante a palestra, Menegat abordou a ideia de que a crise climática não pode ser dissociada de crises políticas. Ele argumentou que as catástrofes político-ambientais surgem justamente da falta de políticas públicas eficazes que priorizem a sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais. “Estamos jogando fora o que as gerações anteriores lutaram para avançar um degrauzinho no sentido de proteger e de entender esse lugar e melhorar as condições onde a gente vive. […] Precisamos então, de uma visão integrada dos sistemas e ecossistemas de seres humanos”​. Segundo o professor, a gestão inadequada do território e a ausência de planejamento urbano integrado têm exacerbado os efeitos das mudanças climáticas no Rio Grande do Sul, colocando em risco tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida das populações locais.

Para Menegat, uma das saídas para enfrentar essa crise no Rio Grande do Sul reside na implementação de um programa robusto de gestão de risco, que deve ser orientado por um conhecimento profundo das dinâmicas ambientais locais. “A primeira coisa que nós temos que realmente considerar é que nós precisamos de programa de gestão de riscos. […] Isso não pode acontecer. Isso não é uma sociedade minimamente civilizada. Nós temos capacidade de proteger as populações”​. Ele defendeu que é essencial reconectar as comunidades com as paisagens culturais e naturais da região, promovendo práticas sustentáveis que respeitem os limites ecológicos e valorizem os saberes tradicionais.

Ao final da palestra, foi aberto um espaço para perguntas e discussões, onde os participantes puderam aprofundar os temas abordados. A interação entre o professor e o público foi marcada por reflexões críticas e a troca de experiências, reforçando o papel do IFRS como um espaço de construção do conhecimento e de promoção de práticas sustentáveis. O evento, além de ser uma aula inaugural, serviu como um importante momento de sensibilização e conscientização sobre a urgência de ações concretas para a mitigação das mudanças climáticas e a proteção do meio ambiente.

 

 

A palestra está disponível no Youtube do Campus Viamão do Instituto Federal IFRS)

 

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