2022
Revisão bibliográfica sobre os usos sustentáveis da quitosana sintetizada a partir de quitina extraída de resíduos sólidos
Resumo: O presente projeto de pesquisa tem como objetivo realizar uma extensa revisão bibliográfica sobre as diversas possibilidades de usos sustentáveis da quitosana. Cabe destacar que este projeto será realizado em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) – Campus Piúma, responsável pelas etapas de extração da quitina a partir de resíduos de crustáceos (abundantes na região) e posterior síntese da quitosana. Pretende-se realizar também uma busca bibliográfica bastante focada e direcionada ao uso da quitosana como biocida na agricultura em substituição aos agrotóxicos, visando sua aplicação nas mais variadas culturas predominantes da região sul e sudeste do Brasil.
Coordenadora: Ariela Milbrath Cardoso
Afroteca da ASP
Resumo: O projeto busca promover a cultura e a produção literária e acadêmica, com foco nas questões da negritude, africanidades e descolonização do saber nas ações que serão implementadas pela Afroteca da ASP do clube social negro Associação Satélite Prontidão – ASP, em parceria com o Campus Viamão. A metodologia terá cunho qualitativo e abordagem exploratória e será executada com o método de estudo de caso. Como questão de pesquisa, buscar-se-á responder a seguinte questão: Quais as estratégias mais eficientes para promover a cultura e a produção literária e acadêmica por meio de uma biblioteca especializada (Afroteca da ASP), focada nas questões da negritude e africanidades? Por meio da análise das ações implementadas presencial e virtualmente pela Afroteca da ASP em parceria com o Campus Viamão, criar-se-á categorias, à posteriori, para a análise das ações e verificação de sua eficácia. Como legado, este projeto contribuirá para a redução da invisibilidade da produção literária e epistemológica negra.
Coordenadora: Karla dos Santos Guterres Alves
O consumidor vulnerável na economia circular da moda
Resumo: A economia circular aplicável a diferentes setores da economia vem ampliando sua importância na sociedade. Uma das indústrias que vem adotando a economia circular é a de moda, especificamente vestuário, um dos setores de que mais polui o meio ambiente. Nesse contexto, o estudo busca compreender a experiência do consumidor vulnerável. O consumidor vulnerável sofre influências que o levam a tomar decisões que prejudicam ao seu próprio bem-estar. A vulnerabilidade pode estar relacionada a fatores internos, externos e ao conjunto dessas características. No presente estudo, o consumidor vulnerável a ser analisado é o consumidor de baixa renda e escolaridade. Será examinada a percepção do consumidor vulnerável e suas motivações e resistências para o consumo de serviços de reutilização de roupas. Esses serviços vêm crescendo no Brasil e possibilitam o reuso de roupas, contribuindo para o meio ambiente, e, também, para o acesso ao vestuário, que poderia ser dificultado devido ao valor financeiro de peças novas. Busca-se compreender como os serviços de reutilização de roupas, por meio da economia circular da moda, pode ajudar positivamente o bem-estar do consumidor vulnerável. Os resultados da pesquisa contribuirão para o desenvolvimento de propostas de serviços transformadores que atuam no setor de vestuário.
Coordenadora: Luiza Venzke Bortoli Foschiera
Mulheres e maternidade na ciência, tecnologia e inovação
Resumo: A participação das mulheres no mundo do trabalho mostrou-se crescente nos últimos anos, mas ainda não se iguala a dos homens, principalmente em setores mais tecnológicos e inovadores ou quando se trata de cargos de liderança. Essa realidade está relacionada a vários aspectos que dificultam o protagonismo da mulher. Há uma falta crítica de trabalhos sobre liderança das mulheres e estudos empíricos que possam ajudar a entender suas experiências (BIEREMA, 2016). A maioria dos trabalhos que tratam do papel das mulheres na inovação avaliam a potencial lacuna de gênero na academia, especialmente em áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Muitos estudos tentaram quantificar até que ponto as desigualdades de gênero estão presentes na ciência (BIEREMA, 2016; JADIDI et al., 2017; LEE et al., 2010). Apesar dos estudos realizados em relação a essa barreira, há poucos estudos que discutem os resultados do que as mulheres têm produzido ou o quanto elas estão colaborando para a criação de valor e para o desenvolvimento de inovações em organizações. Um grande número de mulheres bem preparadas adentra o mundo do trabalho, mas estão desproporcionalmente representadas no topo (BIEREMA, 2016), gerando uma “lacuna de liderança” (DWORKIN et al., 2012).
A presença feminina na produção do conhecimento científico e da inovação tecnológica, que é realizada predominantemente dentro das universidades e instituições de ensino superior e de pesquisa, vem avançando cada vez mais em busca da maior qualificação profissional. Na realização do mestrado, observa-se uma equidade de mulheres e homens, já no doutorado, a quantidade de mulheres é significativamente menor do que a de homens, o que mostra a dificuldade encontrada por elas na busca de afirmação profissional em áreas ocupadas tradicionalmente pelo sexo masculino (MELO, LASTRES & MARQUES, 2004). Como resultado deste longo caminho a ser percorrido, as mulheres na ciência tendem a ter filhos mais tarde e a taxa de mulheres sem filhos é maior do que a registrada em outras carreiras (BLACKWELL & GLOVER, 2008). Para Jadidi et al (2017), a desigualdade de gênero ainda é abundante na ciência. Além de tirar licença maternidade, muitas mulheres voltam a trabalhar com um contrato de horas reduzidas e isso, junto com o novo status de mães, costuma ter um efeito adverso nas suas oportunidades de progressão (HERMAN, LEWIS & HUMBERT, 2012).
Considerando esse contexto, o objetivo geral do projeto é descrever um retrato do papel das mulheres nos ambientes de inovação, ciência e tecnologia, visando identificar a importância da promoção da igualdade de gênero para melhoria dos resultados em geral nas organizações. Além disso, busca entender como essas instituições acolhem mães (e pais) estudantes, para diagnosticar as oportunidades e vislumbrar ações inclusivas.
Para responder ao objetivo geral desta pesquisa em descrever um retrato do papel das mulheres nos ambientes de inovação, ciência e tecnologia, visando identificar a importância da promoção da igualdade de gênero para melhoria dos resultados em geral nas organizações, serão realizadas duas fases de procedimento metodológicos. A primeira fase será de conhecimento e aprofundamento teórico, com uma revisão bibliográfica e análise de dados secundários, já em andamento. A segunda fase será de análise e pesquisa de campo, para investigar a participação das mulheres nesses espaços e proposição de recomendações para promover igualdade de gênero nas organizações.
O desenvolvimento desta pesquisa deve ter implicações acadêmicas, para as políticas públicas e gerenciais. Em termos das implicações teóricas, ou acadêmicas, o estudo deve contribuir para a literatura que aborda a participação de mulheres em áreas de Ciência, Tecnologia, Inovação, Sustentabilidade não apenas no espaço acadêmico, mas indo além e trazendo resultados que envolvam o papel das mulheres na criação de espaços organizacionais e equipes mais diversas e igualitárias em termos de gênero.
Este projeto também deve colaborar com os tomadores de decisão em políticas públicas, pois poderão aumentar a sensibilização quanto ao tema, dando visibilidade a mulheres, mães e a importância da inserção delas em organizações à nível de liderança. Como já mencionado, a ocupação de mulheres em cargos de liderança mostrou-se benéfico para os bons resultados em geral das organizações. Logo, mostra-se a importância de políticas que possam fomentar a entrada de mulheres em empresas em cargos superiores. Além disso, serão propostas ações e políticas inclusivas para as mães na Ciência, Tecnologia e Inovação.
Esse projeto, inserido em um contexto de um projeto maior (Mulheres e Inovação – https://www.mulhereseinovacao.com.br/) pode servir como um caminho para gestores das empresas e outras organizações de ciência e tecnologia, a respeito da ocupação de postos de trabalhos por mulheres, uma vez que terão a possibilidade de analisar resultados concretos da pesquisa que poderão levar a organização a obter um desempenho superior.
Esse estudo faz-se imprescindível, levando em consideração que ele trará resultados tanto para a esfera acadêmica, quanto para as esferas públicas e governamentais, bem como para as organizações. A análise do estudo com os estudantes pode trazer impactos diretos no IFRS, com a organização de uma infraestrutura, a elaboração de políticas ou aprimoramento.
Institucionalmente, o projeto se vincula ao IFRS de forma transversal, uma vez que a instituição é extremamente comprometida com as questões relacionadas ao gênero e maternidade. A coordenadora da proposta é Embaixadora do movimento Parent in Science no IFRS. As pesquisas conduzidas no primeiro ano de projeto, por exemplo, uma pesquisa com estudantes mães e pais, visa entender quais são as dificuldades enfrentadas por esses estudantes, para propor ações e políticas para atuar na permanência êxito dos nossos estudantes. A discussão sobre a liderança nos espaços de poder também visa contribuir com a instituição e rede como um todo. Incluindo a pesquisa que envolve a investigação sobre este debate no contexto da sustentabilidade ambiental e mudanças climáticas, tema este proposto por uma bolsista e estudante do curso de Gestão Ambiental, que se agrega muito bem à proposta e aos interesses e área de pesquisa da coordenadora.
Coordenadora: Marilia Bonzanini Bossle
Eco-inovação e novas formas organizacionais na certificação de orgânicos
Resumo: A segurança de alimentos está diretamente relacionada com a salubridade e a produtividade das cadeias de produção de alimentos, e principalmente, com práticas que respeitem os princípios sociais, ambientais e econômicos (FAO, 2012). Segurança de alimentos pode estar relacionada aos elementos intrínsecos ao alimento em si e seus atributos nutritivos, ou seja, sua capacidade de prover energia. Para fins de políticas públicas, o conceito está relacionado a um alimento seguro, produzido com qualidade e de acordo com as boas práticas de produção. Constituem o conceito, além dos atributos sustentabilidade, qualidade e alimento seguro, a disponibilidade e acesso a que a população deveria ter direito aos alimentos (Campos, de Oliveira & Vendramini, 2014).
Embora os sistemas de produção e distribuição de alimentos tenham se tornado mais eficientes em muitos aspectos, a indústria ainda consome grandes quantidades de recursos naturais e enfrenta crescentes pressões de governos e consumidores sobre a qualidade, segurança e responsabilidade social e ambiental ao longo das cadeias de fornecimento (Kalfagianni, 2015). Assim, o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis e canais de comercialização mais transparentes fazem parte dos desafios atuais no setor de alimentos (Li, Wang, Chan & Manzini, 2014).
O cenário mencionado pode ser conectado ao crescimento mundial do mercado de alimentos orgânicos, que cresceu substancialmente nos últimos anos com o acesso da classe média a mercados mais diversificados. A produção e comercialização de alimentos orgânicos só se institucionalizaram no Brasil em 2009. O governo estabeleceu regulamentações para cada etapa das cadeias de fornecimento, estabelecendo normas de certificação e sistemas de rotulagem e criou um registro nacional com informações públicas de produtores orgânicos. Este é o contexto do mercado orgânico nacional do Brasil, onde o número de produtores registrados cresceu 200% de 2012 a 2019, subindo de 5,9 mil em 2012 para mais de 17,7 mil em março de 2019 e o número de unidades de produção cresceu mais de 300%, passando de 5,4 mil unidades registradas, em 2010, para mais de 22 mil em 2018 (MAPA, 2019).
No entanto, o Brasil segue um modelo tradicional de produção, com ênfase no uso de agrotóxicos e alta dependência dos grandes produtores, principalmente. Contudo existem alternativas que estão crescendo no cenário nacional para lidar com as questões de dependência dos pequenos agricultores principalmente, assim como à redução da exposição dos consumidores a alimentos que contêm altas taxas de agrotóxicos (Lamine, Darolt & Brandenburg, 2012).
A preocupação com o desenvolvimento sustentável tende a ampliar a perspectiva dos estudos de inovação (Smith, Voß & Grin, 2010; de Vargas Mores et al., 2018). A inovação tem um papel que vai além do aumento da competitividade, tem a tarefa de organizar os sistemas de produção e combinar os fatores de produção de novas trajetórias técnicas e econômicas, o que significa buscar diferentes critérios de desempenho baseados sobre os parâmetros de sustentabilidade nas suas várias dimensões (Malorgio & Marangon, 2021).
Com uma demanda crescente por alimentos e a necessidade de garantir uma produção sustentável, destaca-se o surgimento de novas formas de organização (Costa, Souza, Müller, Comin & Lovato, 2017). As cooperativas e associações orgânicas criaram um sistema participativo para certificar agricultores com base na auto-regulação, participação e monitoramento de grupo que procura manter a filosofia orgânica de participação e sustentabilidade locais (Nelson et al., 2010). Essas novas formas organizacionais e novas formas de certificação, como o sistema participativo, podem, nesse contexto, ser consideradas eco-inovações.
A OCDE definiu a eco-inovação como “a criação de produtos novos ou significativamente melhorados (bens e serviços), processos, métodos de marketing, estruturas organizacionais e arranjos institucionais que – intencionalmente ou não – levam a melhorias ambientais comparadas a outras alternativas (OECD, 2009, p.2).
Soma-se a todos esses fatores, desde o ano 2020, o contexto da pandemia da COVID-19. A pandemia evidenciou a importância da ciência e exacerbou a importância de uma reorientação nas ações e pesquisas, para construir sustentabilidade e resiliência reforçada para a recuperação futura (Lambert et al., 2020). O setor de alimentos também está enfrentando sérios e importantes desafios (Malorgio & Marangon, 2021). Com isso, o estudo das diferentes formas organizacionais e de gestão ao longo da cadeia de abastecimento, com o objetivo de contribuir e motivar o desenvolvimento sustentável e buscar caminhos de transformação adequados para enfrentar futuros cenários (Malorgio & Marangon, 2021). Nesse sentido, novas formas organizacionais, como os Sistemas Participativos de Garantia, promovem a sustentabilidade de forma mais ampla, incluindo não só o aspecto ambiental e econômico, mas também social e político, de forma colaborativa e gerando uma aprendizagem coletiva (de Lima, Neutzling, & Gomes, 2020).
Nesse contexto, esse estudo visa abordar as seguintes questões de pesquisa: Como a adoção de novas formas organizacionais influencia (impulsiona) a sustentabilidade nas cadeias de alimentos? O que motiva a adoção dessas novas formas organizacionais, eco-inovadoras, para a certificação de orgânicos?
Considerando os objetivos deste projeto, o método de pesquisa será desenvolvido por meio de duas fases principais, envolvidas por uma série de atividades, que se dividem basicamente em coleta de dados qualitativos, etapas de planejamento, coleta de dados quantitativos, análise e disseminação do conhecimento.
Primeiro, serão realizadas entrevistas com organizações do setor de produção e certificação orgânica, em uma etapa qualitativa da pesquisa. Nessa fase, exploratória, serão investigadas as motivações para adoção de novas formas organizacionais para certificação orgânica e como os efeitos da pandemia afetaram a sustentabilidade do setor. Esses resultados darão subsídios à etapa quantitativa, juntamente com uma revisão sistemática da literatura e análise de dados secundários.
A segunda fase da pesquisa será de natureza quantitativa, em que com base nos resultados da primeira fase, será elaborado um instrumento de pesquisa quantitativo para a realização de uma survey com o setor de produção agroecológica e de certificação orgânica, principalmente para verificar questões relacionadas aos aspectos institucionais, investigando como a formação de parcerias e alguns aspectos sociológicos da Teoria Institucional (particularmente, a Nova Teoria Institucional), como símbolos, mitos e crenças influenciam a adoção de eco-inovação na certificação orgânica.
O projeto propõe avanços práticos e teóricos, com o conjunto de atividades proposto. Por meio da análise de dados secundários, entrevistas e survey, será possível contribuir para o avanço teórico no que se refere aos estudos das novas formas organizacionais na certificação de orgânicos e nos estudos dos motivadores para a adoção de eco-inovação. Além disso, é importante a divulgação de resultados desse estudo em países emergentes na literatura internacional, uma vez que temos aqui um caso de sucesso, de um sistema participativo de garantia que consegue trabalhar com a sustentabilidade nos seus pilares mais amplos. Ainda, a análise de aspectos institucionais, em relação às pressões institucionais e legitimidade, vão permitir análises teóricas e práticas, que podem contribuir com o próprio setor e com políticas públicas. Organizações que operam dentro de uma mesma estrutura social, com normas e valores semelhantes, tendem a se comportar de maneira semelhante, impondo pressões na cadeia, onde as organizações que sentirem mais essas pressões, tendem a ser mais propensas a eco-inovar (Keshminder & del Río, 2019). Cabe ressaltar que, ainda assim, o normal é a heterogeneidade corporativa, onde cada organização vai reagir de forma diferente a uma mesma pressão, por isso, é interessante e pertinente a análise proposta neste projeto em duas fases principais.
Esse projeto está articulado com uma série de ações e projetos de pesquisa, ensino e extensão do IFRS, sobretudo, do campus Viamão, onde a coordenadora da proposta é lotada. O campus Viamão tem dois eixos bem definidos, de meio ambiente e negócios, este projeto perpassa ambos. Este projeto visa contribuir com programas como o Ecoviamão do IFRS (Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica de Viamão e Entorno), que tem como propósito a implantação e a gestão democrática de projetos e atividades agroecológicas de ensino, pesquisa, extensão e inovação.
Coordenadora: Marilia Bonzanini Bossle
Diagnóstico ambiental de nascentes do Parque Saint’Hilaire de Viamão
Resumo: Assegurar a disponibilidade de água de boa qualidade para todos ainda é um desafio difícil de superar nas sociedades contemporâneas. Não se pode negar que em várias regiões do planeta têm ocorrido progressivamente a poluição hídrica e a degradação das áreas que protegem os mananciais.
Conhecer as condições ambientais de recursos hídricos e de suas Áreas de Preservação Permanente (APP) — um raio mínimo de 50 metros no entorno da nascente — são passos importantes para poder adotar medidas de proteção e de restauração de ecossistemas relacionados com a água. Nesse sentido, mediante demanda do Parque Saint´Hilaire de Viamão (RS) para atender ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), este projeto de pesquisa se propõe a diagnosticar ambientalmente as nascentes, e suas APP, dessa unidade de conservação. Para tanto, serão analisados 20 (vinte) parâmetros qualitativos, os quais estarão enquadrados em aspectos legais, geológicos, biológicos e interferências antrópicas. A forma de observação direta das condições ambientais que refletirão a qualidade da preservação das nascentes estudadas, será mensurado por meio de atributos para definir os níveis de preservação dos corpos hídricos e APP. Como resultados, pretende-se entregar para a unidade de conservação produtos cartográficos das nascentes e APP, tais como: (i) mapas temáticos indicando o grau de preservação; (ii) imagens de alta resolução (ortomosaicos); e (iii) banco de dados georreferenciados.
Coordenador: Robson Garcia da Silva
Ética e autenticidade em Charles Taylor
Resumo: Taylor parte das ideias de Allan Bloom para criticar severamente a ideia de juventude cultivada nos dias atuais. O traço principal desta visão da vida é a aceitação de um relativismo acomodatício. Todos têm seus próprios valores e é impossível argumentar sobre os mesmos. Não se trata de uma posição epistemológica, de uma visão sobre os limites do que a razão pode garantir. Trata-se de uma moral em que qualquer valor deve ser aceito sem discussão. Tais valores são objeto de decisões pessoais e, como tais têm que ser respeitados, sem que se pergunte por uma norma geral, válida para todos.
Em outras palavras, para Taylor, todos têm o direito de desenvolver sua própria forma de vida, fundada num sentido próprio do que tem importância ou tem valor. Pede-se às pessoas que sejam fiéis a si mesmas e busquem sua auto realização. Em que isto consiste cabe, em última instância, a cada um determinar. Nenhuma pessoa pode ditar seu conteúdo. Esta é hoje uma postura bastante conhecida. Reflete o que se poderia chamar de individualismo da auto realização, tão difundido em nossa época, e que se fortaleceu especialmente nas sociedades ocidentais desde os anos 60. Este individualismo centra-se no eu e numa inconsciência das grandes questões ou inquietudes que transcendem o eu, sejam elas religiosas, políticas ou históricas. Como consequência a vida se limita e, ao final, perde o sentido.
Taylor afirma estar de acordo com muitas críticas que autores como Daniel Bell, Christopher Lasch e Gilles Lipovetsky fazem da cultura contemporânea, pois acredita que o relativismo hoje em dia amplamente adotado constitui um profundo erro e em certos aspectos até se auto anula. A cultura da auto realização tem levado muitas pessoas a perder de vista aquelas preocupações que as transcendem. Muitos têm adotado formas de vida trivializadas e autoindulgentes. Isto pode resultar numa espécie de absurdo, na medida em que aquelas pessoas que se esforçam para ser elas mesmas tendem a se conformar com as ideias dominantes. Além disso, geram-se novas formas de dependência, na medida em que as pessoas inseguras de sua identidade se voltam para toda a sorte de tipos de autoajuda e de gurus que se mascaram pelo prestígio da ciência ou por uma espiritualidade exótica.
Taylor percebe, porém, em Bloom um desprezo pela cultura que está descrevendo. Não parece reconhecer que existe um poderoso ideal moral em ação, por mais confusa que possa ser sua expressão. O ideal moral que sustenta a auto realização é o ideal de ser fiel a si mesmo, em uma compreensão especificamente moderna do termo. Taylor toma de Lionel Trilling o termo autenticidade para definir o ideal contemporâneo.
2 – O ideal moral
O que se entende por ideal moral? Trata-se de um modo de vida melhor ou superior, em que melhor e superior se definem não em função do que se deseja ou se necessita, mas do que se oferece como norma do que se deve desejar. A força de termos como narcisismo ou hedonismo está no fato de que no núcleo deles não atua nenhum ideal moral, fazendo-os operar só na superfície ou na autoindulgência. Tal como disse Bloom: “Há uma certa retórica de auto realização que dá um ar de encanto a esta vida, mas não há nada de especialmente nobre. A luta pela sobrevivência substituiu o heroísmo como qualidade digna de admiração”. Não há dúvidas de que narcisismo e hedonismo são descrições válidas para algumas pessoas, até para muitas, mas constitui um grande erro pensar que expressam tudo o que está havendo na atual mudança da cultura. É fundamental compreender esse ideal se se quer explicar inclusive por que é utilizado como desculpa por parte dos autoindulgentes.
Neste caso, é importante compreender a força moral que respalda noções como a da auto realização. Enquanto se explicar isto simplesmente como uma espécie de egoísmo, ou uma autoindulgência com respeito a uma época anterior, mais dura e exigente, perde-se o rumo. Falar de permissividade é errar o alvo. Segundo Taylor, lassitude moral existe e esta época não é singular nisto. O que se necessita explicar é o que de peculiar existe hoje. Não se trata apenas das pessoas que sacrificam suas relações sentimentais e o cuidado dos filhos para dedicar-se a uma carreira profissional. O importante da questão está em que muitas pessoas se sentem chamadas a trabalhar deste modo, em crer que devem atuar assim e têm a impressão de que desperdiçariam suas vidas não agindo dessa forma.
Nosso autor afirma que o que se perde nesta crítica é a força moral do ideal da autenticidade. Esta permanece, de algum modo, implicitamente desacreditada, junto com suas formas contemporâneas. Que a adesão à autenticidade tome a forma de relativismo fácil, significa que a vigorosa defesa de qualquer ideal moral fica de algum modo fora de consideração. Suas implicações, tal como foram descritas anteriormente, indicam que algumas formas de vida são superiores a outras, e a cultura da tolerância frente à auto realização individual se retrai ante tais pretensões. Isto significa que há algo contraditório e contraproducente em sua postura, já que o relativismo mesmo se vê impulsionado, ao menos parcialmente, por um ideal moral. De modo coerente ou não, esta é a postura habitualmente adotada. O ideal se apresenta como axioma, algo que não se põe em discussão, porém que tampouco se explica.
Taylor destaca que, ao adotar o ideal, as pessoas da cultura da autenticidade prestam apoio a um tipo de liberalismo que tem sido abraçado por muitos outros. Trata-se do liberalismo da neutralidade. Um de seus princípios básicos é que uma sociedade liberal deve ser neutra em questões que dizem respeito ao que constitui o bem viver. O bem viver é aquilo que cada indivíduo busca à sua maneira; um governo faltaria à imparcialidade, e portanto ao respeito equitativo aos cidadãos, se tomasse partido nesta questão. Mesmo que muitos autores desta escola sejam apaixonados oponentes do relativismo brando (Dworkin e Kymlicka entre eles), o resultado de sua teoria consiste em relegar as discussões sobre o bem viver para a margem do discurso político. Como resultado se tem a incapacidade de articular um dos ideais constitutivos da cultura moderna. Seus adversários o depreciam e seus partidários não podem falar dele. O debate em seu conjunto permanece na sombra. Isto tem consequências prejudiciais. Mas existem outros fatores que contribuem para intensificar este silêncio.
Um deles é a influência que tem o subjetivismo moral em nossa cultura. Por ele se compreende a visão segundo a qual as posturas morais não se fundam na razão nem na natureza das coisas, mas que em última instância são adotadas por cada um porque ele assim o quer. Segundo este ponto de vista, a razão não pode mediar disputas morais. Naturalmente alguém pode apontar certas consequências de uma determinada posição nas quais o outro não tenha pensado. Porém, se o interlocutor se mantém na postura inicial, nada mais pode ser dito para contradizê-lo.
Os fundamentos desta visão são complexos e vão bastante além das razões morais de um relativismo brando, mesmo que o subjetivismo proporcione um claro respaldo a este relativismo. Evidentemente, muitas pessoas imersas na cultura contemporânea da autenticidade se sentem felizes adotando esta compreensão do papel, ou ausência de papel, da razão. O mais surpreendente é que assim se sentem também muitos de seus oponentes, que se veem levados ao desespero. Se os jovens não se preocupam realmente com as causas que transcendem o eu, o que se lhes pode dizer então? Naturalmente, há críticos que sustentam que existem critérios morais da razão. Pensam que existe algo como a natureza humana e que a compreensão da mesma mostrará que certas formas de vida são corretas e outras errôneas, que umas são superiores e melhores que outras. As raízes desta postura se encontram em Aristóteles. Por contraposição, os subjetivistas modernos tendem a ser muito críticos com Aristóteles, e dizem que sua biologia metafísica está hoje em descrédito. Os filósofos que pensam deste modo, porém, têm sido contrários ao ideal da autenticidade; consideram-no um desvio errôneo do modelo fundamentado na natureza humana. Estas éticas aristotélicas não têm razão para articular um ideal da autenticidade; e os subjetivistas não o fazem exatamente por serem subjetivistas.
Um terceiro fator que tem obscurecido a importância da autenticidade como ideal moral tem sido a forma normal de explicação das ciências sociais. Estas se têm abstido de invocar ideais morais e têm assim aberto mão de fatores essenciais em sua explicação. Deste modo os traços da modernidade aqui enfocados: o individualismo e a expansão da razão instrumental têm sido tratados como subprodutos das mudanças sociais ou como efeitos indiretos da industrialização ou da maior mobilidade, ou da urbanização. As relações causais são fundamentais, para explicar as atuais mudanças de cultura e de perspectiva, mas alguns autores tendem a omitir o poder intrínseco dos ideais morais.
3 – Autenticidade e mudanças sociais
Naturalmente é necessário explicar as mudanças sociais que, supostamente, engendram essa nova perspectiva e isto faz com que se recorra às motivações humanas, a menos que se suponha que a industrialização, ou o crescimento das cidades, ocorreram num momento de distração. Para Taylor, necessita-se de alguma noção que explique o que era que movia as pessoas a atuarem firmemente, seguindo um rumo regular, um rumo que, por exemplo, apontava para uma aplicação cada vez maior da tecnologia à produção, ou a maiores concentrações de população. O que geralmente se invoca, porém, são motivações que não são de ordem moral. Motivações que podem impulsionar as pessoas, sem conexão com ideal moral algum, tal como definido anteriormente. Frequentemente essas mudanças sociais são explicadas em função do desejo de maior riqueza ou de poder, ou de meios de sobrevivência ou de controle sobre os outros. Hoje, para que uma explicação seja considerada sólida e científica deve omitir os ideais morais, mesmo que todas as coisas sejam tramadas a partir deles.
No dizer de Taylor, mesmo quando a liberdade individual e o desenvolvimento da razão instrumental se tomam como ideias cujo atrativo intrínseco pode ajudar a explicar sua aceitação, este atrativo é visto com frequência em termos não morais. Ou seja, o poder destas ideias se entende não em termos de força moral, mas em função das vantagens que parece oferecer às pessoas, independente de sua visão moral, ou da ausência de qualquer visão moral. A liberdade permite fazer o que se quer e a maior aplicação da razão instrumental oferece mais do que se deseja, seja o que for.
O resultado disto consiste em tornar mais densa a escuridão que cerca o ideal moral da autenticidade. Os críticos da cultura contemporânea o menosprezam como ideal, e o confundem com um desejo não moral de fazer o que se quer sem interferências. Os defensores desta cultura se veem incapacitados de articular a questão por sua própria perspectiva. A força geral do subjetivismo no mundo filosófico atual e o poder do liberalismo neutral intensificam a sensação de que não se pode nem se deve falar destes temas. E, além disso, as ciências sociais parecem estar dizendo que, para compreender tais fenômenos como a cultura contemporânea da autenticidade, não se deve recorrer a coisas tais como ideais morais, mas que se dever considerar tudo isto em termos de mudanças recentes no modo de produção, de novos padrões de consumo juvenil, ou da segurança e da opulência. Muitas das coisas que os críticos da cultura contemporânea atacam são formas degradadas e pervertidas deste ideal. Isto é, procedem dele, e aqueles que as põem em prática apelam a ele, mas de fato não representam uma autêntica realização do ideal em si mesmo. O relativismo brando é pertinente neste caso. Bloom adverte que ele tem uma base moral: a relatividade da verdade não é uma intuição teórica, mas um postulado moral, a condição de uma sociedade livre, como creem os jovens estudantes. Mas a relatividade da verdade engana e trai esta intuição moral.
Algo similar se pode observar nas apelações à autenticidade que servem de justificação para omitir tudo o que transcende o eu: a rejeição do passado considerado irrelevante; a negação das exigências da cidadania, ou dos deveres da solidariedade, ou das necessidades do meio ambiente natural. De forma parecida, justificar em nome da autenticidade a auto realização individual é uma parodia que se anula a si mesma. A afirmação do poder de escolha como um bem que será maximizado constitui um produto pervertido do ideal.
O que Taylor quer sugerir é uma posição distinta tanto dos defensores quanto dos críticos da cultura contemporânea. Ao contrário dos defensores, ele não acredita que tudo seja como deveria ser nesta cultura. Nisto está de acordo com os críticos. Porém, ao contrário destes, crê que a autenticidade deve ser tomada seriamente como ideal moral. Diverge também de diversas posições intermediárias, que sustentam que há algumas coisas boas nesta cultura, como uma maior liberdade para o indivíduo, porém que essas são conseguidas ao custo de alguns perigos, como o enfraquecimento do sentido de cidadania, de modo que a melhor política de cada um consiste em encontrar o ponto ideal de negociação entre vantagens e custos. Taylor oferece uma descrição de um ideal que se degradou, porém que em si mesmo vale a pena e resulta, de fato, impossível de ser repudiado pelos modernos. O que se necessita não é uma condenação desde a raiz nem um louvor desprovido de qualquer crítica, nem tampouco um intercâmbio cuidadosamente equilibrado. O que faz falta é um trabalho de recuperação, que ajude a restaurar a prática.
Para conseguir isto Taylor destaca que precisa acreditar em três coisas, todas elas controvertidas: 1. que a autenticidade é um ideal válido; 2. que se pode argumentar razoavelmente sobre os ideais e sobre a conformidade da prática com estes ideais; 3. que estas argumentações engendram uma diferença.
Coordenador: Rogério Foschiera
A centralidade da linguagem na experiência psicanalítica
Resumo: O presente projeto de pesquisa se propõe a compreender a importância e o papel da linguagem na obra de Jacques Lacan, a partir da identificação dos principais conceitos que fundamentam a compreensão de Lacan sobre o papel da linguagem e de um aprofundamento da importância das relações conceituais entre a obra de Lacan e de Sigmund Freud. O projeto se constrói metodologicamente de forma hermenêutica, com base na interpretação de obras selecionadas de Jacques Lacan e Sigmund Freud e com o auxílio de comentadores. O processo será dialético, no sentido de colocar em diálogo, autores, comentadores, relatos de experiências e percepções coletadas na vivência da realidade atual. Este articula ensino ao envolver as turmas de Ensino Médio da disciplina de Filosofia, extensão na medida em que vai apresentar seus resultados para a comunidade e dialoga com a realidade e pesquisa na interpretação dos textos de Freud e Lacan. Com este projeto buscamos dialogar com a realidade atual e com a comunidade local e científica através de encontros de estudos, participação em eventos e produção de artigos científicos e capítulos de livros.
Coordenador: Rogério Foschiera
Análise comparativa dos requisitos legais sobre auditoria ambiental compulsória nos estados brasileiros
Resumo: A auditoria ambiental é um processo sistemático, documentado e independente, de grande utilidade para as organizações, pois por meio deste instrumento atrelado ao processo licenciatório, elas podem verificar sua adequação a legislações, normas e requisitos específicos, avaliando atividades e procedimentos, em especial os que oferecem riscos potenciais ao meio ambiente e à sociedade. Assim, pode-se perceber que a auditoria ambiental apresenta caráter preventivo, visando melhorar o desempenho das organizações auditadas e agindo de forma a evitar os danos ambientais, sendo realizada de forma voluntária ou compulsória. Além da minimização de impactos e passivos ambientais, as auditorias ambientais podem proporcionar diversos benefícios para a organização, tais como aumento da competitividade no mercado, agregação de valor à marca e ao produto. Desta forma, o objetivo deste projeto de pesquisa é analisar comparativamente os requisitos legais sobre auditoria ambiental compulsória – AAC estabelecidos para os estados brasileiros, de forma a verificar suas similaridades e divergências. Para tal, foi realizada uma revisão bibliográfica sistemática para a identificação das legislações e outras fontes bibliográficas sobre o tema. Agora, serão aplicados os critérios de comparação definidos previamente para condução da análise comparativa. Com os resultados obtidos, espera-se construir um mapa da adoção das AAC nas diferentes regiões do país, conhecendo a realidade estadual e contribuindo para a desmistificação do uso deste importante instrumento de gestão ambiental.
Coordenadora: Sabrina Rodrigues Sousa
ObservaViamão: popularizando a compreensão e práticas de economia como instrumento de solidariedade e desenvolvimento local
Resumo: O projeto visa realizar pesquisa e produção de Notas Técnicas (NTs) com dados sociais e econômicos de Viamão, com a sistematização e exposição de caráter didático e simplificado, difusão, diálogo e formação da comunidade local através de oficinas, sua publicação através do Observatório do Desenvolvimento Territorial de Viamão e Entorno – ObservaViamão – e apoiar uma prática de iniciar uma feira de economia solidária pela comunidade da Escola Estadual Farroupilha. A pesquisa e produção de NTs será seguida de diálogos com a comunidade, para discussão dos dados e sua contextualização com a realidade nacional e local dos moradores, bem como para identificar necessidades específicas destes. O projeto busca contribuir e ampliar com os objetivos do ObservaViamão, de identificar e difundir uma melhor compreensão da realidade territorial como meio de ampliar as capacidades da comunidade local para a transformação da realidade. A popularização da compreensão e práticas econômicas serão aliadas para maior significação e protagonismo da comunidade. Este projeto parte da experiência acumulada e visa ampliar a produção de Notas Técnicas (NTs), a relação estabelecida (de forma remota, por conta da pandemia) com professores e estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Farroupilha em 2021 e as demandas do comitê impulsor para a produção do Atlas Socioambiental de Viamão.
Coordenador: Sergio Roberto Kapron
Ensino de economia na educação básica, técnica e tecnológica: produção didática em uma perspectiva substantiva e ecológica para a vida no século XXI
Resumo: A pesquisa trata de aprofundar, sistematizar e atualizar referências teóricas, temas e abordagens para o ensino de economia, que responda questões centrais da contemporaneidade, a estudantes de cursos diversos, principalmente do ensino médio, técnico e tecnólogo. A economia é compreendida como parte das relações que devem sustentar a vida humana e do planeta e contribuir para transformações que ampliem as potencialidades e capacidades humanas para o bem viver. Esta perspectiva substantiva é tomada como referência e vai ao encontro da abordagem ecológica e de outras centradas na vida humana, com olhares multidisciplinares e de diversidades culturais, que oferecem e buscam subsídios aos desafios postos pelas diversas crises que se combinam nesta terceira década do Séc. XXI. Parte de um referencial crítico das perspectivas convencionais da ciência econômica – restritas a lógica dos mercados, das finanças, do consumismo e do produtivismo -cujos limites e questionamentos se ampliam. Trata-se de uma sequência aos estudos e experiências docentes e de estudo do proponente. Busca responder a questão geral de qual economia ensinar/aprender para os atuais desafios da humanidade. Utilizar-se-á de pesquisa bibliográfica, incluindo materiais visuais, de dados e informativos para fins ilustrativos e de significação, contextualizados social e localmente. Também usará pesquisação, nas atividades docente. Espera ampliar referenciais teóricos, produzir e aperfeiçoar metodologias e recursos didáticos de ensino aplicáveis na educação básica, técnica, tecnológica e de cidadãos e cidadãs em geral, independente das áreas de formação buscadas, mas como suporte para o mundo do trabalho, a ampliação das capacidades e potencialidades humanas e à promoção do bem viver coletivo. Será desenvolvida em etapas compatíveis com o pouco tempo possível de dedicação semanal. Espera-se algum ganho de escopo com as atividades docentes regulares.
Coordenador: Sergio Roberto Kapron
Desenvolvimento de embalagens rígidas biodegradáveis a partir de compósitos de amido reforçados com resíduos agroindustriais
Resumo: Este projeto de pesquisa pretende estudar a viabilidade da utilização do resíduo agroindustrial casca de arroz na síntese de filmes biodegradáveis de amido, com o objetivo de melhorar suas propriedades mecânicas e viabilizar a produção de embalagens rígidas. O uso combinado de um polímero biodegradável de base renovável, como o amido, juntamente com uma carga de fibra natural, é uma alternativa sustentável e promissora para substituir os chamados “commodities” plásticos no setor de embalagens de alimentos. A casca de arroz é considerada matéria-prima de baixo custo, de difícil reaproveitamento e de baixas propriedades nutritivas, sendo o subproduto mais expressivo do processo de beneficiamento do arroz e seu volume representa cerca de 20% em massa. A escolha da casca de arroz encontra justificativa pelo fato desse resíduo ser produzido em grande quantidade no beneficiamento de arroz na região sul do Brasil, com ênfase na produção de arroz orgânico do assentamento Filhos de Sepé, localizado na região metropolitana de Porto Alegre, sendo este resíduo atualmente considerado um passivo ambiental pela cooperativa dos assentados. Na presente proposta o resíduo poderá ser utilizado na sua totalidade e o único tratamento prévio sugerido será a moagem, com a consequente classificação da casca de arroz para seu aproveitamento. Portanto, o projeto torna-se relevante pela sua importância ambiental, científica e socioeconômica ao promover o aproveitamento de resíduos agroindustriais e propor uma alternativa aos materiais plásticos existentes.
Coordenadora: Silvia Regina Grando
Desigualdade no acesso a água, esgotamento sanitário e coleta de resíduos: estudo para a região metropolitana de Porto Alegre
Resumo: Esse projeto de pesquisa visa realizar uma análise aprofundada sobre métricas para monitorar a desigualdade no acesso aos serviços de saneamento e discutir como elas deveriam ser incorporadas pela Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Para realizar essa análise, seis medidas de desigualdade serão testadas: curva de concentração, índice de concentração, índice de dissimilaridade, medidas de entropia generalizada (e suas três principais variações), índice de Atkinson (contanto com três valores para o parâmetro de aversão à desigualdade) e simples desagregação (decil e quintil). As comparações entre os métodos serão realizadas considerando: a) princípios da seleção de indicadores de sustentabilidade (relevância, facilidade de comunicação, solidez metodológica, mensurabilidade, entre outros); b) características desejáveis das medidas de desigualdade (axiomas: Pigou-Dalton, Princípio da população, Invariância de escala, Invariância da tradução e Decomposibilidade); c) observações empíricas da aplicação nos estudos de caso. Os estudos de caso serão realizados nas capitais brasileiras e dentro da cidade de Porto Alegre (desigualdade nos distritos ou nas zonas OD). Com os resultados desse projeto espera-se identificar a melhor ou as melhores métricas para representar a desigualdade no acesso aos serviços de saneamento devido a discriminação econômica e contribuir para a discussão sobre como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável deveriam incorporar esses valores. As abordagens do projeto contribuem para avanço da fronteira científica na área, pois as medidas de desigualdade supracitadas nunca foram aplicadas ao acesso a serviços de esgotamento sanitário e manejo de resíduos e existem poucas pesquisas e evidências empíricas sobre a desigualdade no acesso a coleta de resíduos e sobre desigualdades dentro de regiões de uma cidade.
Coordenador: Tiago Balieiro Cetrulo
Análise da eficiência de operadoras de saneamento na Região Metropolitana de Porto Alegre
Resumo: Devido ao monopólio natural, em que operadoras de saneamento trabalham, é obviamente importante o desenvolvimento de estudos que as analisem para evitar abusos em relação à qualidade de serviço. Uma das análises mais realizadas internacionalmente, feita por reguladoras, é utilizar o benchmarking métrico para comparar a eficiência dessas operadoras. No Brasil, essa prática é muito incipiente e isso, por si só, justificaria a realização desse presente estudo. Porém, ele se justifica também, pois irá identificar fontes de ineficiências e os fatores ambientais que influenciam nos resultados, além disso irá contribuir para identificar as abordagens e modelos que são melhores aplicados a cada contexto Político, Institucional e Regulatório (PIR) do setor. Nesse projeto, as operadoras de saneamento da Região Metropolitana de Porto Alegre serão estudadas, enquanto sua eficiência em converter recursos em resultados. Para tanto será utilizada a Análise Envoltória de Dados, que é uma técnica de benchmarking métrico total.
Coordenador: Tiago Balieiro Cetrulo
Última atualização em 04/11/2024