Evento
‘Epitáfios 1964’ reúne ativistas da educação em Direitos Humanos, lideranças indígena e quilombola e comunidade em aula aberta
O auditório completamente lotado ratificou a importância de não deixar cair no esquecimento um dos períodos mais críticos da história do nosso país, que ainda provoca marcas profundas na vida da nação. O Golpe Civil-Militar, que deu início à ditadura militar brasileira, completou 60 anos em 2024, foi tema da Aula Aberta ‘Epitáfios 1964: para não esquecer’, realizada na noite de 31 de outubro de 2024.
A atividade foi promovida numa parceria entre o Núcleo de Memória (NuMem) do Campus Osório, a Linha III – Direitos Humanos, Educação e Tecnologias, do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado Profissional da Uergs, o Núcleo de Orientadores Educacionais do Litoral Norte (NOELN) e a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos (RBEDH)- Seção RS.
Mais de 200 pessoas acompanharam as palestras proferidas pelos ativistas da educação em Direitos Humanos Solon Viola, Critiaine Johann e Rodrigo Lentz. Entre as falas, destacou-se o testemunho do ex-preso político durante o golpe cívico militar, professor Solon Annes Viola: “me deram uma coronhada, colocaram uma arma na minha boca e puxaram o gatilho, duas vezes”.
Colaboraram com a atividade lideranças indígenas e quilombolas da região do litoral norte. Hélio wherá, coordenador da Comissão Guarani yvyrupa Sul/Sudeste, salientou o problema da tutela indígena durante a ditadura, que tem efeitos ainda hoje: “apenas cinco terras indígenas gaúchas, das 60, estão regularizadas, isso é perigoso para a mãe terra, vocês sabem, nós sabemos como cuidar da terra, nós sabemos identificar os remédios que estão nas plantas”.
Seu Mané Chico, de 104 anos, do Quilombo do Morro Alto, em Maquiné/RS contou que foi preso e acusado de subversivo porque lutava para que fosse reconhecido o testamento em que Rosa Marques Osório doava o território para os ex-escravizados, visto que vários posseiros brancos estavam se instalando no lugar: “até hoje ainda estão lá, mas a terra é nossa, tem que lutar, tem que lutar”.
A noite também contou com a participação da cantora, professora do Campus Osório e mestranda da Uergs, Jade Garcia Rocha, da Banda Arauco, que entoou músicas temáticas como Epitáfio (Titãs) e Para não dizer que não falei das flores (Geraldo Vandré). O evento foi coordenado e mediado por Maria Cristina Schefer, pedagoga do Campus Osório e professora da Uergs.
Fotos: Marina Schneider