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De estudante a docente: formação técnica e superior em 15 anos de história do Campus Osório


O que podemos ver e viver em 5.475 dias? No período de 15 anos, é possível acompanhar o crescimento de uma criança, do nascimento ao baile de debutantes; ou o envelhecimento de uma pessoa, que conquistou sua aposentadoria e agora passa mais tempo com os netos. Dá para construir um relacionamento. Viajar o mundo inteiro. Consolidar uma carreira. Ter filhos. Construir uma casa. Fazer todas essas coisas juntas ou também nenhuma delas. Também é possível ingressar no ensino médio integrado, se formar, passar no vestibular, colar grau, entrar na pós-graduação… E com todos os diplomas na mão, ser selecionada para uma vaga de docente.

É pela trajetória de Júlia Ferri Pinto, professora substituta de Português/Inglês, que vamos celebrar neste 15 de outubro de 2025, o dia de quem dedica a sua vida para ensinar, e colabora para que a história de tantas outras pessoas que passaram pelo Campus Osório pudessem ser contadas.

Júlia marca os 15 anos do Campus Osório tanto quanto o Campus Osório marca sua vida. Em um relato recente, produzido para um livro do Núcleo de Memória com depoimentos de pessoas sobre a história do IFRS, ela coloca, logo no primeiro paragrafo, que sua escrita passa por “ter vivenciado o campus em diferentes fases — não apenas minhas, mas também dele”. Quando ingressou no curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio, em 2012, a adolescente, então com 14 anos, não imaginava que iria personificar o que mais diferencia o IFRS das outras instituições de ensino: a verticalização. Um modelo de ensino que permite aos estudantes seguir uma formação contínua, do nível básico até o ensino superior, promovendo uma experiência educacional mais integrada e profunda.

Enquanto esperava ansiosa a mudança para o “campus novo”, fato que ocorreu em março de 2013, com finalização das obras da sede oficial, Júlia passava por descobertas, que incluíam o fato de ter que estudar em uma escola nova, ainda desconhecida da comunidade, e longe dos amigos do ensino fundamental. Nesta trajetória, encontrou pessoas que já faziam parte da história do Campus Osório desde 2010 – data de chegada dos docentes e técnicos-administrativos concursados, entre os quais a professora de Letras Rafaela Drey, que considera fundamental na sua formação ao lado das docentes Maitê Gil e Luciane Ferreira.

A possibilidade de incluir diversas experiências no currículo ao longo dos quatro anos de ensino médio foi fundamental para a decisão de seguir na instituição em um curso de graduação. Júlia participou de eventos científicos, artísticos e culturais; de núcleos ligados à Assessoria de Ações Afirmativas, Inclusivas e Diversidade e de preservação da memória do IFRS; e atuou até na concepção e organização de um festival cultural e de uma jornada de inovação no campus. Mas foi nos projetos de ensino, pesquisa e extensão que encontrou a vontade de seguir uma trajetória acadêmica e, mais que isso, de lecionar.

Em 2017, por influência do pai e da avó professora, ingressou no curso de Licenciatura em Letras Português e Inglês. Nos estudos de gênero e sexualidade, encontrou o foco das suas pesquisas sobre literatura, que seguiram após a formatura, com o ingresso na Pós-graduação em Educação Básica e Profissional no ano de 2023. Já formada, foi selecionada para uma vaga de docente substituto e agora entra nas salas de aula não mais como aluna.

A professora Júlia, que aos 28 anos lembra com graça o dia que entrou no campus “odiando a possibilidade”, comemora as oportunidades que o ‘Mundo IFRS’ lhe deu: “Me sinto privilegiada, pois o IF ressignifica a nossa história e a nossa trajetória. As experiências que eu vivi foram essenciais para que eu me construísse como sujeito. Por isso, voltar para o campus é sempre muito positivo pra mim, pois é para construir conhecimento. Volto sempre muito segura de que aqui é um lugar de pertencimento”, conclui.

 

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