Geral
Projeto do IFRS desenvolve sistema para qualificar registros de violência doméstica nas Delegacias do RS
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul passou a contar, a partir de abril de 2025, com o sistema HiBO (Histórico de Boletim de Ocorrência) como ferramenta de apoio à formalização de registros em casos de violência doméstica e familiar. Desenvolvido no Campus Feliz do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), com colaboração de servidores da instituição policial, o HiBO visa qualificar a redação dos históricos e termos de informações nos boletins de ocorrência.
O desenvolvimento do HiBO teve início durante a pandemia como um trabalho voluntário para a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Bento Gonçalves, porém hoje está contextualizado em um Acordo de Parceria firmado entre a Secretaria de Segurança Pública/RS e o Campus Feliz do IFRS, e institucionalizado em um projeto de pesquisa.
“Pra disponibilizar o sistema pra todos, a gente precisava ter certeza que conseguia cobrir os aspectos de todos, cada delegacia tem suas particularidades, suas necessidades, seus métodos de conduzir as investigações”, comenta o professor Moser Silva Fagundes, coordenador do projeto. Também participam do projeto o aluno Andrius Nunes Zimmer do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), as alunas Kelly Larissa Thomas e Joice Esperafico Sipp do 3° ano do Curso Técnico em Informática, além dos professores Sandro Oliveira Dorneles e Tiago Cinto.
A tecnologia foi estruturada a partir do Formulário Nacional de Avaliação de Risco, adotado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incorporando também as experiências práticas colhidas diretamente nas Delegacias de Polícia do RS. Com interface simples e intuitiva, o HiBO conduz o policial ao longo de um formulário estruturado, permitindo a geração automatizada de textos, otimizando o tempo e assegurando maior qualidade na apuração inicial dos fatos.
A responsabilidade de realizar um projeto com esse tipo de aplicação também é apontada pelos alunos. “No curso do ADS a gente normalmente faz projetos menores e mais pessoais, não pensa muito se vai resolver pra alguém. Agora no projeto é uma escala maior, já tem duração de seis meses, então precisa de um trabalho mais preciso e rebuscado”, comenta Andrius Nunes Zimmer.
O grupo trabalha em atualizações do sistema, em projetos colaborativos, onde além dos registros de violência doméstica e familiar, também estão em desenvolvimento projetos voltados para pessoas desaparecidas e crimes virtuais. “Todos são sistemas independentes, mas se conversam porque conseguem fazer esse trabalho colaborativo”, explica o professor Fagundes.
Para as estudantes, que integram a equipe desde outubro do ano passado, a realização do projeto acaba sendo uma experiência enriquecedora. “Nossa experiência como voluntárias nos ajudou muito na experiência agora como bolsistas, porque a gente vai utilizar recursos do HiBO no nosso projeto agora”, fala a aluna Joice Esperafico Sipp. “É uma experiência de vida, se tu for entrar nessa área, trabalhar numa empresa, é uma experiência real que tu participou porque reflete muito o que hoje é desenvolver um software independente de qual for o fim dele”, complementa Joice.
Reconhecimento
Ainda no âmbito da cooperação entre as duas instituições, o professor Moser Silva Fagundes, representando o IFRS, recebeu o Diploma Integração Polícia Civil – Comunidade, entregue pelo Chefe de Polícia, Delegado Fernando Antônio Sodré de Oliveira, e pelo Subchefe de Polícia, Delegado Heraldo Chaves Guerreiro. O evento, que ocorreu no Palácio da Polícia em Porto Alegre, fez parte das comemorações de 183 anos da Polícia Civil, celebrados no dia 03 de dezembro de 2024.