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“Não basta não ser racista, é preciso ser anti-racista”, reitera palestrante em evento do Neabi


São inúmeros os dados e situações que comprovam a existência do racismo na sociedade – tanto que numa plateia de mais de 250 pessoas, todas concordam com a afirmação. Mas ao serem questionados sobre quem são os agentes dos atos de racismo, a quase totalidade não sabe indicar. Foi com essa provocação que Marlise Paz, coordenadora da Assessoria de Relações Étnico-raciais do IFRS, iniciou a palestra “Enfrentamento ao racismo institucional”.

A atividade realizada no dia 21 de março de 2019, nos turnos da manhã e da tarde, contou com a presença do antropólogo Iosvaldyr Bittencourt Júnior. O debate fez alusão ao Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Marlise falou sobre o reconhecimento da identidade negra, a representatividade dos negros em espaços e funções que são majoritariamente ocupados por brancos (como a medicina, cargos políticos e docência) e apresentou dados que comprovam a exclusão racial devido à falta de oportunidades igualitárias – quadro apresentado como racismo estrutural.

Para ela, a forma mais eficaz de transformar a realidade social é com o combate ao racismo, não apenas por negros, mas por todas as pessoas. “Não basta não ser racista, é preciso ser anti-racista”, afirmou. Um dos caminhos para isso é fazer com que sejam aplicadas as leis que garantem o ensino da história e cultura negra nas escolas e a reserva de vagas na educação e nas empresas. Segundo a coordenadora, a legislação é necessária pois ampara as pessoas que tiveram seus direitos aniquilados durante séculos de escravidão e, posteriormente, não puderam iniciar os estudos por não terem calçados, cadernos ou uma família estruturada – requisitos exigidos para o ingresso na escola antigamente.

A ação foi organizada pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena (Neabi) do Campus Osório, sob coordenação do professor de Artes, Estêvão Da Fontoura. Ao final da palestra, estudantes direcionaram perguntas à palestrante e ao professor, que ressaltou a importância de compartilhar a fala com uma mulher negra a fim de trazer ao debate questões ligadas à discriminação de gênero.

 

Sobre a Assessoria de Relação Étnico-racial

Busca fortalecer e articular as ações e programas voltados à promoção de igualdade, inclusão e diversidade, com produção de dados, palestras e oficinas. São responsáveis pela promoção das ações afirmativas, a cultura da educação para a convivência, a defesa dos direitos humanos, o respeito às diferenças, a permanência e êxito dos estudantes e da população negra e da comunidade indígena, a valorização da identidade étnico-racial e o combate ao racismo. A assessoria é coordenada por Marlise Paz dos Santos, assistente de alunos e Caroline Castro, docente.

 

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