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Transgênicos são mesmo seguros?


Quem já foi comprar um salgadinho ou um presunto no mercado e se deparou com o símbolo de um triângulo amarelo com um “T” no meio nas embalagens? Esse símbolo representa que aquele produto foi feito com um ingrediente proveniente de um planta transgênica. Esse nome que pode parecer assustador e gerar ressalvas em muitas pessoas nada mais é do que uma das técnicas mais modernas de seleção artificial de plantas.

O Iago Mocelin é egresso do curso técnico em Informática do IFRS Campus Ibirubá e estudante de Biotecnologia na UFRGS. Ele faz parte, como bolsista, do “Educiência“, um projeto de extensão do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular do CBiot da UFRGS, coordenado pela professora Lívia Kmetzsch, do Instituto de Biociência. A ideia do projeto é promover a divulgação científica em escolas de ensino fundamental e médio. Por meio do projeto, Iago esteve presente no Campus Ibirubá, no dia 11 de março, para três apresentações para os estudantes do ensino médio integrado e Agronomia.

O palestrante trouxe dados importantes sobre o que se trabalha em um curso de biotecnologia, dentre esses temas, a criação de plantas transgênicas. Segundo ele, os métodos de criação dessas plantas replicam técnicas de seleção artificial que remontam aos primórdios da história da agricultura, onde os trabalhadores selecionavam as melhores plantas para fazer sementes para novas plantações. O que a tecnologia dos transgênicos faz hoje em dia é apenas o aprimoramento dessa técnica milenar: por exemplo, os agricultores precisam de uma planta que se adapte mais facilmente a longos períodos sem chuva, então os biotecnólogos manipulam um gene específico que dá essa característica em alguma outra planta e, por meio de uma bactéria, conseguem inserir esse gene em outras plantas, tornando-as mais adequadas às necessidades dos agricultores.

O processo é relativamente simples, mas tudo que é desconhecido causa um certo espanto. Iago destaca que não existe motivo conhecido para preocupações diante do consumo de produtos derivados de plantas transgênicas, pois antes dessa planta geneticamente modificada ser liberada para produção em larga escala são feitos inúmeros testes para verificar a segurança da “nova” espécie. A lei 11.105, promulgada ainda em 2005, rege diversos princípios que devem ser observados quanto à construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados. Além disso, várias outras normativas nacionais e internacionais devem ser cumpridas para possibilitar a produção de um alimento que seja benéfico para os seres humanos. Outro exemplo, citado por Iago em sua fala, é sobre o uso dessa tecnologia para o enriquecimento de plantas, como o arroz dourado, que foi uma modificação genética do arroz para auxiliar no combate a deficiência de vitamina A, presente em grande parte da população asiática nos anos de 1980, quando o produto foi criado.

A biotecnologia que vai muito além dos transgênicos

Iago fez uma ampla e bem fundamentada explicação sobre todas as áreas em que esse profissional pode atuar. As opções são tantas que os profissionais dividiram a área em cores:

Biotecnologia vermelha: relacionada à área da saúde, no desenvolvimento de medicamentos, tratamentos médicos e manipulações genéticas.
Biotecnologia verde: relacionada à agricultura, gira em torno da elaboração de sementes e plantas geneticamente modificadas, bem como o desenvolvimento de fertilizantes e herbicidas de controle biológico.
Biotecnologia azul: relacionada ao campo da biotecnologia marinha, voltada aos estudos dos organismos e moléculas marinhas para pesquisas visando o tratamento de doenças, cosméticos, etc.
Biotecnologia branca: relacionada à indústria, foca na criação de produtos em larga escala, atuando desde a produção de insumos até a melhora de procedimentos e métodos.
Biotecnologia amarela: relacionada ao setor alimentício, trabalha com processos biológicos para produção ou conservação de alimentos, exemplos mais conhecidos são o fermento de pão e a levedura de cerveja.
Biotecnologia marrom: relacionada a ambientes desérticos e semiáridos, como a criação de sementes e plantas resistentes a altas temperaturas ou à escassez de água.
Biotecnologia preta: relacionada ao combate ao bioterrorismo, foca na proteção da população.
Biotecnologia cinza: relacionada ao meio ambiente, pode tratar poluentes e resíduos tóxicos, auxiliando na restauração de ecossistemas.
Biotecnologia roxa: relacionada às questões éticas e de legislação, como patentes, publicações e propriedades intelectuais, etc.
Biotecnologia dourada: relacionada à bioinformática, utiliza conhecimentos de informática e programação para fazer simulações e previsões estatísticas, pode auxiliar em todas as outras áreas.

No final das apresentações, Iago ainda reencontrou servidores do Campus Ibirubá que foram importantes em sua caminhada durante o técnico em informática integrado, como seu antigo orientador, o professor Edimar Manica, que cumprimentou o egresso pelo seu sucesso e engajamento na ciência.

 

 

 

Confira a entrevista completa com o Iago no Podcast IFRS Campus Ibirubá.

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