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Projeto da Proex e Campus Caxias é destaque no gauchazh, Jornal Pioneiro.


Projeto da Proex e IFRS Campus Caxias do Sul é destaque no jornal pioneiro na edição do  dia 09 de junho de 2021, confira abaixo a reprodução da matéria encartada no periódico regional:

 

 

Com verba originária da aplicação de multa à empresa, recicladoras serão beneficiadas em Caxias do Sul

Medida do Ministério Público do Trabalho, em parceria com o Instituto Federal, irá apoiar duas associações nos bairros Planalto e Ana Rech

09/06/2021 – 15h33min
Marcelo Casagrande / Agencia RBS
Recicladora Santa Rita, no bairro Planalto, tem 18 famílias dependentes do trabalho de triagemMarcelo Casagrande / Agencia RBS

“Reciclando Histórias” é o nome do projeto fruto de uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campus Caxias. O convênio estabelece que as associações de recicladores Girassol e Santa Rita, localizadas nos bairros Ana Rech e Planalto, respectivamente, sejam contempladas com melhorias na infraestrutura, o que inclui até a compra de contêineres em uma delas para instalação de cozinha e vestiário. Também estão previstas a realização de Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) dos locais, reforma da parte elétrica e um novo refeitório para utilização dos trabalhadores.

A ação social é possível porque o MPT destina um valor que foi adquirido por meio de aplicação de multas a uma empresa que cometeu irregularidades. Em um primeiro momento, serão cerca de R$ 200 mil, aplicados diretamente nas associações e, em torno de R$ 100 mil, a serem revertidos em bens materiais ao IFRS. Isso ocorre porque o Instituto ganhou máquina CNC e impressora 3D, como uma contrapartida para que a unidade produza equipamentos a todas as associações da cidade como, por exemplo, a proteção facial denominada face shield para distribuição e uso dos profissionais de reciclagem. O nome da empresa não é divulgado para que a ação não seja utilizada de forma publicitária.

Segundo a procuradora do MPT em Caxias, Amanda Ferreira Fernandes Broecker, a quantia é decorrente de ações administrativas e judiciais. Há um cadastro que pode ser feito por entidades sem fins lucrativos no site do MPT RS e que recebe projetos de forma contínua. As organizações podem fazer o cadastro de forma permanente e, a partir da data de inscrição, o projeto já constará na base de dados pelo período de dois anos com possibilidade de renovação.

— É um retorno à sociedade e busca reparar tanto um dano moral coletivo, causado por uma empresa, quanto o descumprimento de uma obrigação. Nesse caso específico, nós temos um inquérito em trâmite (em Caxias) por parte de uma empresa que descumpriu o Termo de Ajuste de Conduta. Foi feito um cálculo e, a partir disso, se buscou um acordo para que fosse feito o pagamento em reversão social — explica Amanda.

O diretor-geral do IFRS, Jeferson Fachinetto, ressalta que este é um projeto pioneiro e que há expectativas de ampliação.

— Os projetos estão prontos e estamos, junto com o departamento de obras da Reitoria, providenciado o que falta. É uma espécie de projeto-piloto, mas a ideia é depois abranger as demais recicladoras de Caxias e expandir assim que possível — defende.

A advogada voluntária da causa, Letícia Gonçalves Dias Lima, explica que, neste caso, ela solicitou o apoio do MPT  e enviou os projetos para que fossem contemplados. Segundo ela, das 12 associações conveniadas ao município, nove estão em situação totalmente precária. Um delas, a Vida Nova,  já foi fechada por não ter resistido aos desafios econômicos e estruturais. As nove fazem parte do Movimento dos Catadores.

— É assustador e triste! Algumas pessoas estão à beira de passar fome. Sugeri ao MPT e então nomeamos essas duas como um projeto piloto de algo que poderá ser maior. A intenção é que essas duas sejam modelo — revela Letícia.

Santa Rita terá novo telhado

Atualmente, Caxias conta com 12 Associações de Recicladores conveniadas ao município. As duas contempladas enviaram um projeto para seleção. A Santa Rita obteve ajuda da advogada Letícia Lima. O local, formado em 2014, conta com 18 colaboradores que conseguem receber cerca de R$ 1,3 mil mensais pelo trabalho com a venda do material reciclável. Também há catadores que são cooperados e entregam material recolhido.

Marcelo Casagrande / Agencia RBS
Eliana Borges procura auxílio de empresas que possam colaborar com serviço e ajudar em um aluguel provisórioMarcelo Casagrande / Agencia RBS

Segundo a presidente da Associação Santa Rita, Eliana Paim Borges, 47, o projeto ideal passava de R$ 400 mil, mas o que será feito é bem-vindo. Com esse montante, o telhado será todo trocado e haverá reforços na construção.

— Mesmo assim, estamos buscando padrinhos para que possamos concluir a totalidade do projeto que seria o ideal. Por exemplo, precisaremos de terraplanagem, piso, muro de contenção. Há muito que pode ser feito. O prédio foi feito por nós mesmos, nós colocamos os tijolos, mas podemos trabalhar em um lugar mais digno. Nossa dificuldade é, principalmente, não ter piso, pois quando chove tem muito barro — conta Eliana.

Além dos itens citados por Eliana, a associação precisará de ajuda para custear um aluguel. Eles terão que sair do atual pavilhão de forma provisória enquanto durarem as obras de reforma. No entanto, eles não podem suspender os trabalhos, porque dependem desse serviço diário para sobreviver. A recicladora trabalha com uma média de seis toneladas de papelão mensalmente e, cinco toneladas, de plástico, além de outros materiais.

O contato para auxiliar a associação pode ser feito pelo telefone (54) 99166-8882, com Eliana. A advogada Letícia também recebe contatos de interessados em ajudar pelo telefone (54) 99214-5777.

Contêineres serão colocados na Girassol

Na Associação Girassol de Recicladores, 21 pessoas dependem do trabalho no local, sendo que quatro delas estão afastadas por questões relacionadas à covid-19. Segundo a presidente, Tatiane Ribeiro Champe Correa, as novas estruturas serão móveis para facilitar mudanças.

No local atual,  o custo do aluguel é de R$ 1,8 mil. A maioria dos trabalhadores se desloca todos os dias de bairros da zona norte, como Santa Fé, Vila Ipê e Canyon, para ir até a Girassol, em Ana Rech. Como o proprietário não aceitou receber os investimentos no pavilhão para que não aumentasse o valor do aluguel, a associação precisará de outro espaço.

— Uma ideia é irmos para um espaço público, temos a sugestão de um na Rota do Sol. Além dos locais serem mais caros do que podemos pagar, não somos bem-vindos em qualquer canto, porque quando falamos que é para reciclar, não vai adiante — lamenta Tatiane.

A estimativa é de que os contêineres sejam entreguem em 40 dias. Já as reformas na Santa Rita começarão apenas quando a equipe tiver condições de transferir o trabalho para outro espaço temporariamente.

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