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Dois projetos do Campus Ibirubá são classificados para a Feira Brasileira de Jovens Cientistas


A Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC) foi idealizada por estudantes que realizaram iniciação científica desde o ensino médio e tiveram suas pesquisas e projetos reconhecidos e premiados nacional e internacionalmente, dentre eles a aluna Juliana Davoglio Estradioto, egressa do IFRS Campus Osório. É um evento nacional, totalmente virtual e voltado exclusivamente para alunos do ensino médio e que acontece nos dias 26 a 28 de junho, contando com palestras, workshops, maratonas de inovação, atividades culturais, apresentação de projetos, entre outras atividades.

A FBJC é uma ótima oportunidade para a divulgação de projetos científicos inovadores e valorização de jovens cientistas, instigando desde cedo o desenvolvimento da pesquisa científica, indispensável para a produção de conhecimento e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

São dois trabalhos realizados no Campus Ibirubá que foram aprovados para participar da feira. A partir de agora, os alunos finalistas deverão elaborar resumos expandidos e vídeos sobre seus projetos, os quais serão avaliados durante o evento.

A professora Bianca Zimmermann foi a responsável por divulgar a feira no Campus Ibirubá,  a animação com a classificação dá espaço para a confiança em estar desenvolvendo um trabalho que contribuirá com seus alunos e instituição, segundo ela: “Eu acredito que o projeto tem muito potencial ao utilizar as tão populares mídias sociais com a finalidade de tornar mais palpável e democrático o acesso às informações biológicas. Por fim, destaco o mérito dos alunos na idealização e execução do projeto”.

O otimismo e determinação dos estudantes levaram a professora Daniela dos Santos a também participar da feira, ela destaca o entusiasmo e a importância da feira para fortalecer os projetos de iniciação científica: “O evento levará o nome da nossa instituição ao Brasil. Ainda, eventos desse cunho, onde trabalhos científicos de alunos que recém estão no ensino médio dão otimismo à pesquisa brasileira e valoriza nossa Instituição, pois já prezamos pela verticalização do ensino. O fato de alunos tão jovens já estarem se desafiando, assumindo responsabilidades, exercitando a proatividade, desenvolvendo seus trabalhos e aprendendo nos motiva, enquanto professores”. Ela ainda ressalta que a experiência é muito proveitosa e renova as energias em tempos de quarentena.

Conheça os projetos selecionados

Os dois projetos selecionados contam com a participação de uma equipe formada por alunos e professores. Sendo que um tem foco voltado para a biodiversidade e outro para questões de manejo do solo. Confira:

Biocense: a rede social que democratiza o conhecimento sobre a Biodiversidade

Esse projeto foi desenvolvido pelos alunos do terceiro ano do curso técnico integrado em informática Almyr Godoy, Lucas Lenhardt, Renan Poy e Valentina Beituni. Ele foi realizado durante as disciplinas de Engenharia de Software e Algoritmos e Programação, ministradas pelos professores Marina Girolimetto e Tiago Ferreira. O objetivo foi desenvolver uma mídia social na qual os pesquisadores, em especial biólogos, pudessem criar perfis para catalogar e compartilhar informações sobre a biodiversidade.

Os alunos desenvolveram um sistema totalmente funcional que possibilita o cadastro de novos usuários, catalogação de espécies, compartilhamento dos registros e um sistema de seguidores. Essa interação tem potencial de facilitar a pesquisa e o desenvolvimento científico ao viabilizar a criação de um banco de dados com acesso a informações taxonômicas de qualquer lugar do mundo. A professora Bianca Zimmermann auxiliou os estudantes em relação ao conhecimento sobre biologia.

Lucas Lenhardt foi quem inicialmente teve interesse em participar da feira, ideia que foi logo aceita por seus colegas de projeto. Quando questionado sobre a relevância de ter um trabalho aprovado em uma feira nacional, Lucas destacou: “Isso é sensacional!!! Ser um projeto finalista de uma feira a nível nacional é, certamente, muito validador. Isso foi, para nós, uma confirmação e validação de um trabalho que colocamos tanto esforço, que foi construído à base de muitas aulas, nervosismo, ansiedade, um pouquinho de brigas e muitas outras emoções. Então, finalmente ser reconhecido por isso é muito satisfatório e recompensador. Sem falar ainda no significado disso tudo, que, a partir de agora, ter dois projetos finalistas da FBJC no mesmo campus pode servir como combustível para que outros alunos façam o mesmo e se dediquem mais e mais em seus próprios projetos, pois, nesse caso, independente do resultado, qualquer um sai como vencedor”.

Dispersão de argila em Latossolo após calagem, gessagem e manejos de solo 

O solo da nossa região é naturalmente pobre quanto à fertilidade. Apresenta acidez e baixa disponibilidade de nutrientes. O uso de corretivos de solo (calcário) e fertilizantes pode incorporá-lo ao sistema produtivo. Isso é prática comum nas lavouras da região. No entanto, em razão de se praticar o sistema plantio direto (o solo não pode ser revolvido) a aplicação desses corretivos e fertilizantes se dá na superfície do solo. Anos repetindo essa prática, como é o histórico regional, têm ocasionado que o perfil do solo tenham características químicas distintas. Na camada superficial o pH do solo e os níveis de nutrientes estão mais elevados e decrescem à medida que o solo se aprofunda. Essa característica não é benéfica ao desenvolvimento vegetal, pois as raízes ao se aprofundar encontram adversidades. Os tratamentos do estudo são a combinação da calagem às estratégias de escarificação e gesso agrícola. A escarificação é uma prática mecânica que visa, de certo modo, revolver o solo e ao “misturá-lo” pode deixá-lo mais homogêneo. Já o gesso, é um condicionante de solo, que pode contribuir na mobilidade de nutrientes no solo, permitindo que eles se aprofundem e também homogeinizem o perfil.

O que será avaliado no estudo do IFRS é a argila dispersa no perfil. Ao mesmo tempo em que nossos solos são pobres quimicamente, eles são excelentes do ponto de vista físico. Pois tem alta porcentagem de argila em sua constituição e essa é naturalmente estável no solo. A argila é uma partícula que constitui a fase mineral do solo, juntamente com areia e silte. Ela é muito pequena e altamente reativa. Então, a elevação do pH pode alterar características químicas da argila e torná-la dispersa/móvel no perfil do solo. Ou seja, pode haver uma eluviação (movimento de argila em profundidade) quando o pH do solo for elevado em razão do uso excessivo e contínuo de corretivo de solo (calcário). Como a argila é uma partícula muito pequena caso se movimente  no solo, ela pode obstruir os poros do solo, esses poros são responsáveis pela aeração e pela infiltração de água. Se o solo estiver com poros obstruídos, ele apresentará limitações físicas como adensamento, compactação, suscetibilidade à erosão.

O estudo deseja diagnosticar se nos nossos solos há argila dispersa em água, em qual camada do solo ela acontece e se essa está associada ao uso de calcário ou à prática de escarificação ou gessagem.

A ideia de submeter o trabalho para a FBJC foi da estudante pesquisadora Gabriele Molinari Rother, bolsista do laboratório de solos e tecido vegetal do Campus Ibirubá, ela pediu auxílio da professora Daniela dos Santos que, como orientadora, forneceu a base teórica e prática necessária para a aluna seguir com o projeto. Gabriele espera novos conhecimentos e experiências participando da feira, de acordo com ela: “Além da classificação e premiação, o mais importante para mim é ter experiência e ampliar meu conhecimento, com isso, divulgar o campus, mostrar o que fazermos, como fazemos e o quanto essas oportunidades que a instituição nos oferece são importantes para nossa qualificação”. Ela espera ter destaque na feira para retribuir o incentivo que está recebendo da instituição e de seus professores, ainda ressalta que quer desenvolver novos projetos nessa área.

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