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Primeiro aluno imigrante do Campus Ibirubá defende TCC
Serigne Khassim Mbaye é senegalês e ingressou em 2016 no curso de Ciência da Computação do Campus Ibirubá. Em abril de 2021 ele defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), uma das últimas etapas para a finalização do curso.
O TCC versa sobre o desenvolvimento e avaliação de um buscador de portarias. O buscador é voltado para o serviço público e tornará mais fácil para o cidadão localizar esses documentos nos portais, tarefa que costuma ser demorada devido aos diferentes formatos de publicação. Serigne destaca que a elaboração foi extensa e exigiu várias habilidades técnicas e o uso de diferentes ferramentas para deixar o buscador funcional. A principal dificuldade do estudante foi na parte escrita, visto que português não é sua língua materna, entretanto destaca que esse desafio serviu para avaliar o próprio conhecimento que adquiriu ao longo do curso.
O trabalho foi orientado pelo Professor Dr. Edimar Manica, que destaca a persistência do estudante: “O Sergine foi meu aluno em algumas disciplinas e já na primeira percebi a dedicação e empenho dele”. O orientador salienta que o aluno realizou um trabalho muito completo e seguindo uma rígida metodologia científica: “O Serigne teve mais facilidade nesse trabalho porque já havia atuado em projetos de pesquisa disponibilizados pelo Campus, dessa forma já conhecia o rigor científico”. Edimar, que também é coordenador de desenvolvimento institucional do Campus Ibirubá, ainda ressaltou a importância de ter um imigrante no Campus: “Acredito que o exemplo do Serigne pode inspirar outros imigrantes a utilizarem a educação como forma de transformação social e melhoria da qualidade de vida própria e de seus familiares”.
Ao longo da graduação, Serigne participou de projetos de pesquisa que abriram portas para ele no mercado de trabalho. Edimar conta um pouco dessa história: “Durante uma das minhas disciplinas, ele começou a trabalhar fora da área da Computação para ajudar a família, pois o projeto de pesquisa que ele participava havia concluído. Eu então soube de uma vaga em uma empresa de desenvolvimento de software de Ibirubá e recomendei que ele fizesse uma entrevista. O Serigne foi em um sábado fazer a entrevista e já saiu contratado. Ele logo se destacou na empresa e quando a empresa se mudou para Passo Fundo, queria levá-lo para lá também. Mas, ele quis ficar em Ibirubá porque reconhecia a qualidade de nosso curso de Ciência da Computação, que possui nota máxima pelo MEC”. Serigne está há 4 anos atuando na área da ciência da computação e hoje é Gestor de Seurança da Informação. E ele não pretende parar por aí, quando questionado sobre o que fará no futuro, ele destaca que o primeiro objetivo é fazer mestrado, para o qual já está se preparando, e depois seguir para o doutorado, buscando o sonho de atuar na área acadêmica.
O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) do Campus Ibirubá foi fundamental para o sucesso de Serigne. Foi por meio do curso de português para estrangeiros oferecido pelo núcleo que o estudante conheceu o IFRS e ficou sabendo das oportunidades. Segundo ele: “Foi ali que eu vi que podia estudar mais, foi com a ajuda deles que eu consegui chegar aqui”. Maurício Lopes Lima, coordenador do Neabi, ressalta a função do IFRS nessa trajetória: “Cabe destacar ainda o papel do IFRS enquanto espaço de efetivação de política pública: Serigne acessou a instituição por cota racial para negros, foi acompanhado pelo NEABI e foi subsidiado por bolsa de permanência durante quase todo o curso. Nesse sentido, o IFRS representa a presença do próprio Estado brasileiro acolhendo esses imigrantes. Porém, ao mesmo tempo, não podemos fazer uma romantização do caso do Serigne como se fosse regra. Seu sucesso é um misto de mérito pessoal e política pública robusta”. O coordenador ainda enfatiza que há muito que evoluir na acolhida dos imigrantes, facilitando o acesso e desburocratizando processos, conforme ele: “Não podemos confundi-los com estrangeiros, pois eles são imigrantes: pessoas que vieram para este país para ajudar a construí-lo”.
O IFRS oferece cursos de graduação gratuitos, o que Serigne considera como uma excelente oportunidade não só para os imigrantes, mas para todos os brasileiros. As bolsas da assistência estudantil ainda permitiram que ele permanecesse estudando nos dois anos que ficou desempregado. Por fim, o estudante deixa um recado para todos os imigrantes: “Os imigrantes tem oportunidade aqui de aprender e de trabalhar, o IF é uma das instituições que oferecem essa oportunidade. É um lugar muito bom, bacana, professores profissionais, servidores excelentes, então eu digo assim, dá para aproveitar tanto. Conhecimento é a coisa que eu acho mais valiosa no mundo. Quem quer lutar mesmo, tem que lutar com conhecimento”.