Início do conteúdo

Representatividade: curso de Tecnologia em Marketing tem a primeira cadeirante formada no Campus Erechim


Na noite do último sábado, dia 30 de agosto de 2025, o Campus Erechim do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) celebrou a colação de grau do curso de Tecnologia em Marketing e, com ela, a formatura de Camilla Eduarda Bet, primeira egressa cadeirante da instituição. Sua presença na solenidade, além de histórica para o Instituto, é representativa para as pessoas com deficiência (PcD) da região do Alto Uruguai, uma vez que a tecnóloga superou uma série de barreiras para concluir o curso superior.

A solenidade foi conduzida pelo diretor-geral do campus, professor Sidnei Dal Agnol e pela coordenadora substituta de Registros Acadêmicos, servidora técnico-administrativa Josiele Sfredo Michelin. Estiveram presentes autoridades, servidores homenageados, familiares e amigos dos formandos.

Além de Camilla, mais 12 tecnólogos colaram grau na ocasião: Anaclara Aparecida Strapasson, Carla Caren Popiolek, Daniel Palú Jantara, Gabriel Felipe Ioppi, Giovane Quadros Silveira Junior, Heloísa Vitória Lukaszewski, Isabelle Storti, Jessica Concolato, Maiara Paula Woievoda Onyszko, Maria Eduarda Farias, Michael Ferreira dos Santos e Naiara Celina Armange.

Representatividade importa

Devido à falta de oxigênio no cérebro durante a gestação, Camilla teve paralisia cerebral. “Afetou meu ato de andar, por isso faço uso de cadeira de rodas, e um pouco da minha motora fina também foi lesionada, mas meu intelectual foi totalmente preservado. Fui para escola normalmente, apenas precisei de algumas adaptações”, explica a jovem. Em 2023, ingressou no curso superior de Tecnologia em Marketing no campus.

 

Em 2024, Camilla foi selecionada como bolsista do projeto de extensão “Estratégias inclusivas na comunidade erechinense”, projeto que tratou da inclusão de pessoas com deficiência (PcD) na sociedade e das dificuldades enfrentadas por elas. “Camilla participou ativamente das atividades de cunho intelectual, contribuindo expressivamente a partir de suas vivências e conhecimentos no desenvolvimento das ações do projeto”, avalia Márcia Racoski, coordenadora do projeto e do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do campus.

Já para a tecnóloga, o foco de iniciativas como essa deve ser a divulgação de informações corretas e que, portanto, não alimentem a exclusão das pessoas com deficiência dos espaços, inclusive o da educação formal: “Sempre tive o desejo de trazer a informação sobre as mais variadas deficiências com intuito de diminuir cada vez a desinformação por parte de alguns cidadãos que não são muito conhecedores quando tratamos desse assunto e, como recompensa, reduzir as barreiras e desafios por nós enfrentados, pois somente a informação pode fazer com que esse objetivo se torne possível”.

Durante o curso, a tecnóloga contou com a apoio do NAPNE do campus, que dispõe de profissionais de apoio escolar – no caso de Camilla, sua própria mãe, Julcilene (de vestido azul, acima) – durante sua permanência no curso e de suporte pedagógico para contribuir com seu êxito acadêmico. Para Márcia, o suporte oferecido pela instituição sempre esteve, contudo, acompanhado da determinação pessoal de Camilla: “Para o NAPNE, ela representa um exemplo de força e dedicação. Durante sua trajetória no curso, foi muito gratificante acompanhá-la enquanto núcleo, pois suas condições físicas não foram obstáculo para sua vontade de aprender, evoluir e vivenciar o ensino superior. Sua formatura representou a superação de muitas barreiras físicas e atitudinais, sendo muito representativa para as pessoas com deficiência”.

Hoje formada, Camilla vive a realização de um sonho, mas sabe que os desafios continuam, sobretudo no mercado de trabalho, em que a empregabilidade das PcD é ainda muito dependente da Lei de Cotas, que completou 34 anos no final de julho. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), mostram que, de janeiro a junho de 2025, mais de 93% das admissões de PcD ocorreram em empresas que, por lei, são obrigadas a cumprir cotas mínimas de contratação.

“Minha expectativa agora no mundo de trabalho, tenho que confessar, que me sinto um pouco insegura e com algumas dúvidas, devido a experiências anteriores e conhecendo a luta das pessoas com deficiência para que consigam se inserir no ambiente empregatício e, ainda existem muitas dificuldades nesse caminho que precisam melhorar”, reflete Camilla.

Confira abaixo mais registros da solenidade:

 

Fim do conteúdo