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II Ciclo de Diálogos Memória e Democracia


Na manhã do sábado, dia 25 de março, foi realizado no IFRS – Campus Erechim o II Ciclo de Diálogos Memória e Democracia, que propôs refletir sobre os acontecimentos do dia 31 de março de 1964 em que tivemos no Brasil o golpe militar e início da Ditadura Civil Militar no país. Pelo segundo ano consecutivo a atividade é organizada pelos docentes do IFRS – Campus Erechim, Miguelângelo Corteze e Giovane Rodrigues Jardim, e pelo discente Guilherme Schons da UFFS, em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisadores de Sítio de Memória e Consciência (REBRAPESC).

Nesta edição a atividade tratou do Plano Condor a partir dos Arquivos do Terror (Archivos del Terror) que foram encontrados em 1992 no Paraguai e que desde então são importantes fontes documentais para a compreensão da articulação dos países do Cone Sul em atividades de inteligência e de repressão, e sobre a Repressão e a Resistência a partir da ditadura civil-militar em Erechim. Foram momentos de reflexão e de música, com a participação e apresentação musical dos discentes dos cursos de ensino médio integrado, bem como de discussão sobre os movimentos estudantis e o grêmio estudantil.

O II Ciclo de Diálogos Memória e Democracia foi aberto ao público, e contou com a participação dos discentes e docentes do ensino médio integrado do IFRS – Campus Erechim, discentes e docentes do ensino médio da Escola Estadual Dr. João Caruso, e da comunidade em geral. Enfatizando que segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade, foram ao menos 434 mortes e desaparecidos políticos entre 1964 e 1988 no Brasil, e em torno de 230 locais de graves violações aos direitos humanos, a atividade teve como perspectiva de que a memória do que aconteceu pode contribuir para que tais acontecimentos não voltem a acontecer, e da constante necessidade de promoção e de defesa do Estado Democrático de Direito para que eventos como os de 8 de janeiro de 2023 não se repitam.

Segundo Giovane Rodrigues Jardim, que também é vice coordenador nacional da REBRAPESC, “a fala de Enéia de Stutz e Almeida ao recentemente assumir a presidência da Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, resume bem o momento histórico que estamos vivendo e reforça a necessidade de que a memória e a consciência sobre o passado contribuía para que tais acontecimentos não voltem a acontecer, mas também para a crítica do presente e compreensão de suas continuidades”. Nas palavras de Enéia de Stutz e Almeida, “Esquecer ou fingir que nada aconteceu no período da ditadura armou uma bomba- relógio, e essa bomba explodiu no dia 8 de janeiro”.

Guilherme Schons destaca que “atividades como essa são primordiais em um país que não conseguiu elaborar o passado da ditadura civil-militar – e, portanto, uma história de mortes, desaparecimentos, tortura, medo, restrição das liberdades democráticas e autoritarismo – como foco de rechaço absoluto. Em Erechim, esse cenário de esquecimento e apagamento dos horrores praticados pelo terrorismo de Estado não é diferente e, nesse caso, é urgente repercutirmos as ações do regime na cidade com vistas à construção de uma memória social a contrapelo e atenta tanto às violências cometidas como também conhecedora da luta dos sujeitos resistentes. Nos 59 anos do golpe, dizemos mais uma vez: ditadura nunca mais!”.

 

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