Geral
Campus relembra vítimas da ditadura com debates sobre memória e democracia
Evento marcou os 61 anos do golpe de 1964 e discutiu repressão e resistência na região
Em memória aos 61 anos do golpe de Estado de 1964, o Grupo de Pesquisa Sítios de Memória e Consciência, do Campus Erechim do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisadores de Sítios de Memória e Consciência, promoveu o IV Ciclo de Debates Memória e Democracia. Nesta edição, o tema central foi: “Ainda estamos aqui: repressão e resistência na ditadura civil-militar em Erechim”.
A programação teve início no dia 31 de março, com uma atividade coordenada pelos docentes Giovane Rodrigues Jardim e Miguelângelo Corteze. O encontro contou com a palestra de Guilherme Schons, mestrando da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), voltada para estudantes do Ensino Médio Integrado do campus (foto abaixo).
Durante sua fala, Schons trouxe uma reflexão sobre os impactos da ditadura no interior do Brasil. “E se o Rubens Paiva, retratado no filme Ainda estou aqui, fosse um agricultor no interior do Rio Grande do Sul?”, provocou. “Leopoldo Chiapetti foi, como Rubens Paiva, mais um assassinado pela ditadura. Relembrar sua história é um convite para compreendermos que a violência desse período foi abrangente em todo o território nacional, incluindo Erechim. Sua família convive com a ausência até hoje e enfrentou, como tantas outras, a negligência do Estado brasileiro, que só agora, em 2025, emitiu a certidão de óbito retificada”, destacou Schons.
A programação do ciclo continuou no dia 2 de abril, com uma palestra do professor Giovane Rodrigues Jardim, direcionada aos estudantes do curso de Engenharia de Alimentos. A atividade abordou o tema “Democracia e Direitos Humanos” e foi organizada com apoio da professora Valéria Borszcz. Segundo Jardim, o encontro foi uma oportunidade para articular os conteúdos da curricularização da extensão com discussões éticas e profissionais mais amplas. “O contexto do ciclo permitiu estabelecer relações entre os direitos humanos violados durante a ditadura e os desafios contemporâneos, contribuindo para a formação cidadã dos estudantes”, explicou.
Como ato simbólico, o Grupo de Pesquisa Sítios de Memória e Consciência doou um exemplar do livro “Ainda Estou Aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, para a Biblioteca da instituição (foto de destaque).