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Publicação de projeto denuncia censura e reafirma compromisso acadêmico com a memória e a democracia
O Grupo de Pesquisa Memória, Democracia e Direitos Humanos, do IFRS – Campus Erechim, anuncia o lançamento do livro intitulado “Cancelado en el Conti”. A obra é uma iniciativa da Rede Brasileira de Pesquisadores de Sítios de Memória e Consciência (REBRAPESC) e reúne contribuições de pesquisadores do Brasil e da Argentina. O e-book está disponível gratuitamente para consulta pública e download na página do Grupo de Pesquisa e no repositório Educapes. O e-book também está disponível gratuitamente nas páginas da editora Multiatual e da REBRAPESC.
“Cancelado en el Conti” reúne treze capítulos que sistematizam debates, análises e resultados de pesquisas originalmente apresentados na mesa temática “Disputas e estratégias para trabalhar memórias traumáticas em espaços memoriais diante da ascensão da extrema direita na América Latina”, realizada em Buenos Aires, em outubro de 2024, durante o XV Seminário Internacional Políticas de la Memoria.
O evento, tradicionalmente organizado pelo Centro Cultural de la Memoria Haroldo Conti, teve suas atividades suspensas pela Secretaría de Derechos Humanos do governo argentino, o que motivou manifestações de repúdio por parte de delegações estrangeiras e gerou ampla repercussão acadêmica internacional. Apesar dessa atitude, considerada pelo grupo uma tentativa de censura, o seminário foi mantido graças ao apoio de trabalhadores demitidos da instituição e de organizações de direitos humanos, reafirmando o papel dos espaços de memória como lugares de resistência e produção científica. Esse contexto inspirou o título da obra, concebida como gesto de solidariedade, denúncia e registro histórico do ocorrido.
Organizado por Ana Paula Brito (UFPE) e Giovane Rodrigues Jardim (IFRS – Campus Erechim), o e-book apresenta pesquisas desenvolvidas por docentes, estudantes e profissionais de áreas como história, direito, educação, museologia, literatura, políticas públicas e comunicação. Para os organizadores, a obra constitui um instrumento de fortalecimento das políticas científicas de memória, ressaltando que a liberdade acadêmica, a preservação histórica e o debate público são pilares fundamentais da democracia.