Início do conteúdo

IFRS – Campus Erechim participa de Juri Literário


No dia 29 de novembro de 2022, pela parte da manhã, o IFRS – Campus Erechim participou de um Júri Literário, promovido pela Escola Estadual Dr. João Caruso, de Erechim/RS. O convite, feito pela idealizadora do evento, professora Roberta Teresa Manica, foi dirigido à professora de Literatura, Carina Dartora Zonin.

Desenvolvido com as turmas 201 e 301, durante as aulas de literatura, o projeto  idealizado pela professora Roberta partiu da leitura e da análise crítica da obra O crime do padre Amaro, de Eça de Queiroz. Durante os estudos, os(as) alunos(as) foram convidados a refletir em torno das pistas deixadas pelo narrador e personagens da história, no endosso de argumentos que absolvessem ou condenassem Amaro pela morte de seu filho, entregue, ao nascimento, a uma tecedeira de anjos, que popularmente, tinha a fama de tirar a vida dos recém-nascidos, no intuito de proteger os mal-aventurados representes do clero.

Em linhas gerais, o enredo narra acontecimentos da vida do clero, marcado por divergências estruturais, como a que se passa com o envolvimento amoroso entre Amaro e Amélia. Desse amor, proibido pelos preceitos da Igreja, nasce um filho, fadado ao destino trágico da morte. Representante do realismo-naturalismo, o romance conta com uma linguagem rica em detalhes, algo que possibilita a reunião de fatos e pistas, a favor ou contra Amaro.

Se, por um lado, Amaro é vítima desse contexto, ancorado pelas bases clericais, através das quais os preceitos religiosos deveriam ser adotados e seguidos como leis inquestionáveis, até mesmo fora predestinado à vocação do sacerdócio. De outro, Amaro se torna corresponsável por essa sociedade de aparências, sem forças para uma subversão.

Os(as) alunos(as), nos papéis de acusação e defesa, apresentaram argumentos relatados na própria obra, contando, também, com orientações de estagiários do curso de Direito, da URI, Campus Erechim, para conceber maior sustentação às bases argumentativas. No papel de jurada, eu, professora Carina Zonin, tive a impressão de estar em uma situação real de julgamento, tamanho o envolvimento e expertise dos(as) estudantes. Ambos os lados, elaboraram, com propriedade, suas teses, dificultando a escolha, no momento dos jurados se posicionarem. Realmente, cumpriram com a função de leitores literários, críticos da obra, sensíveis ao enredo e às prerrogativas do Direito. Antes de iniciarem os trabalhos do Fórum, concentrados nos papéis da defesa e da acusação, seguindo os trâmites legais, a Coordenadora da Sessão, professora Roberta, realizou uma breve apresentação do grupo de juradas, e convidou representantes da defesa e da acusação, para que, em sigilo, apontassem, respectivamente, um nome, vindo a invalidar, no final do júri, os respectivos votos. Após as etapas de apresentação das teses, de escuta de testemunhas, de debates entre defesa e acusação, o júri, por quatro votos a três, apontou como culpado o padre Amaro. A contagem dos votos revelou, mais uma vez, o quanto estavam preparados os defensores e acusadores em questão.

Segundo a professora Carina, “Fico, imensamente, honrada pela representação do IFRS – Campus Erechim, em um momento como esse, e grata ao convite feito pela professora Roberta, enaltecendo sua iniciativa por trabalhos diferenciados com o texto literário, desejando possíveis diálogos e trabalhos conjuntos, envolvendo as turmas de ambas as instituições, no trabalho com a arte literária, o aprimoramento do senso crítico e o gosto pela leitura!”

 

Fim do conteúdo