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Estudo mostra que estudantes do ensino médio técnico tem mais oportunidades no mercado de trabalho e maior salário


A pesquisa intitulada “Inclusão produtiva de jovens com Ensino Médio e Técnico: experiências de quem contrata”, realizada pela Fundação Roberto Marinho, Itaú Educação e Trabalho e Fundação Arymax, entrevistou profissionais de recursos humanos em mais de 800 empresas para entender como o perfil do egresso do ensino médio e médio técnico se encaixa no mercado de trabalho. Segundo a pesquisa, “o diploma de curso técnico é apontado como diferencial e indicativo de candidatos comprometidos e focados”.

Os dados apontam que apenas 58% da população brasileira concluiu o ensino médio. A modalidade regular corresponde a 53% dos egressos, enquanto o ensino médio técnico atinge apenas 5% dos brasileiros. Aqueles que cursaram apenas o ensino médio tendem a trabalhar em empregos com menor valor agregado como restaurantes, salões de beleza, serviços de entrega etc. A especialização fornecida pelo nível técnico permite que esses jovens já ingressem em áreas consideradas mais sofisticadas dentro do mercado de trabalho, como a área de tecnologia e cargos administrativos mais altos, que remuneram melhor.

Quando analisadas as estatísticas de contratação das empresas, especialmente no sul e sudeste, o estudo indica que há uma grande dificuldade das empresas em contratar profissionais do ensino médio técnico, devido a baixa oferta de candidatos às vagas. Mesmo para vagas que não exigem o técnico, o diploma dessa área é um diferencial, sendo mais valorizado na indústria do que no comércio, principalmente em empresas de grande porte, onde esses jovens tendem a alcançar cargos de gestão. Os recrutadores geralmente associam o ensino técnico ao maior comprometimento do indivíduo, identificando um preparo melhor não apenas nas competências técnicas como nas “soft skills”, habilidades comportamentais apontadas como principal ponto que pode levar à demissão dos jovens. O que se comprova ao analisar que 75% dos jovens contratados com ensino médio técnico permanecem na empresa e a maioria deles ainda evolui de cargo.

 

O ensino médio técnico do IFRS Campus Ibirubá

 

O IFRS Campus Ibirubá se preocupa em oferecer cursos técnicos integrados e subsequentes que promovam o desenvolvimento integral dos estudantes, ou seja, uma formação que pensa na evolução intelectual, profissional e pessoal de cada um. A diretora de ensino do Campus Ibirubá, Carina Tonieto, destaca que as principais atividades relacionadas a essa formação estão centradas na consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos possibilitando a continuidade dos estudos; preparação para a inserção no mundo do trabalho e exercício profissional com responsabilidade técnica e social; formação ética, cidadã, desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico de modo a contribuir efetivamente na resolução de problemas relevantes do ponto de vista educacional, social, científico, tecnológico e profissional; compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos para fazer uso de diferentes tecnologias nas atividades laborais.

Para atingir todos esses pontos é importante que os estudantes cheguem ao IFRS com uma boa base inicial, adquirida durante o ensino fundamental. Mesmo assim, há um período de adaptação e retomada dos conteúdos básicos, que acontece de forma contínua na sala de aula. Estudantes que apresentam dificuldades podem solicitar atendimento individualizado semanalmente para esclarecer as próprias dúvidas. A equipe de docentes e técnicos administrativos do IFRS é formada por servidores altamente qualificados, o que possibilita a identificação de necessidades específicas de cada estudante, as quais são trabalhadas em sala de aula ou com a equipe multidisciplinar composta por pedagogas, psicopedagoga, psicóloga, assistente social e assistentes de alunos do Campus.

Para reforçar as áreas de interesse dos estudantes, eles podem participar de projetos de ensino, pesquisa e extensão, que fornecem suporte extra para os conhecimentos adquiridos em sala de aula e ainda auxiliam a conhecer as perspectivas do mercado de trabalho em diferentes segmentos de sua formação. Esses projetos são ligados aos eixos atendidos pelo Campus, no caso de Ibirubá as áreas são: educação, ciências agrárias, informática e eletromecânica. Esses eixos foram pensados de acordo com os setores principais da economia regional, o que possibilita que o instituto forme parcerias com as empresas da região, oferecendo oportunidades de trabalho para estudantes e egressos:

— Há, sim, a preocupação quanto a empregabilidade dos estudantes e para isso são pensadas ações de integração dos mesmos na comunidade por meio das ações de parcerias supracitadas, assim como, na organização estratégica do currículo, realização dos estágios, integração teoria e prática — ressalta Carina. Além disso, uma solução digital do IFRS busca favorecer esse contato entre empresas e o Campus, o Portal Integra que tem como objetivo estimular a execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em parceria com organizações públicas e privadas para atender às demandas dos arranjos produtivos, sociais e culturais.

Atualmente, o IFRS Campus Ibirubá oferece formação técnica na modalidade integrado ao ensino médio (agropecuária, informática e mecânica) e na modalidade subsequente ao ensino médio (eletrotécnica e mecânica). Os cursos estão em fase de consolidação e já contam com várias turmas formadas, as quais possuem bons índices de empregabilidade e acesso ao ensino superior. O IFRS está em fase de elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI 2024/2028, no qual prevê a expansão dos cursos atuais e integração da modalidade concomitante ao ensino médio. Em breve será disponibilizado um questionário para que a comunidade dê sua opinião sobre os cursos do Campus e sobre as necessidades de formação da região. As ideias planejadas no PDI dependem, obrigatoriamente, dos investimentos do governo federal em orçamento e infraestrutura dos institutos federais.

 

Histórias que inspiram

O IFRS está em Ibirubá desde 2009 e nesse período muitas pessoas passaram pela instituição e tiveram suas vidas impactadas pelo ensino público, gratuito e de qualidade. É o caso do egresso do curso técnico em Informática e estudante de Ciência da Computação Marcos Gabriel de Oliveira Abreu, que finalizou o técnico e descobriu sua afinidade com a área de tecnologia, optando por seguir carreira na área:

— A possibilidade de concluir o ensino médio junto ao curso técnico otimizou o tempo dedicado e já me colocou a frente no mercado de trabalho justamente pelo diploma técnico — enfatiza Marcos. Ele pode ingressar na área ainda enquanto cursava o ensino médio técnico, fazendo seu estágio em uma grande cooperativa da região onde trabalhou na área de suporte técnico e pode treinar habilidades como comunicação, trabalho em equipe e adaptação aos diversos setores da área. As vivências de Marcos no ensino médio técnico no Campus Ibirubá fizeram com que ele optasse por seguir no curso de Ciência da Computação da mesma instituição:

— A experiência foi positiva, diversos laboratórios e professores dispostos a tirar dúvidas em prol do conhecimento contribuíram para uma boa experiência no Campus — relata Marcos. O conhecimento adquirido durante o técnico também serviu como suporte na graduação, pois desde o início o estudante já reconhecia os conteúdos:

— O convívio mais recorrente com as tecnologias ajuda a fixar o conhecimento — finaliza Marcos.

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