Início do conteúdo

08 de Março: Ações do IFRS visam assegurar direitos das mulheres e promover a equidade de gênero


Imagine uma sala de reunião na qual a maioria das pessoas é do gênero masculino, havendo algumas mulheres. Nesse contexto, quem você acha que prepararia ou serviria o café? Quem escreveria a ata? Em um momento de maior tensão, qual das pessoas possivelmente seria apontada como “descontrolada”, “exagerada” ou  “exaltada”?  Se você imaginou uma mulher para responder qualquer uma dessas perguntas, saiba que é por essas e outras razões que são necessárias ações institucionais para promover o direito das mulheres, a equidade de gênero e a quebra de estereótipos.

Neste Dia Internacional da Mulher, conheça iniciativas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) que buscam assegurar igualdade, prevenir e combater o assédio e as violências.

IFRS na prevenção e no combate ao assédio e às violências

Uma Política Institucional de Prevenção e Combate ao Assédio e à Violência foi lançada no IFRS em 2020. O documento reúne princípios e objetivos que orientam ações de prevenção e luta contra os assédios e as violências. Além disso, prevê como acolher as vítimas e encaminhar questões relacionadas, buscando prevenir e combater situações futuras. Complementar à política, uma Instrução Normativa (IN nº 006/2022) apresenta o fluxo e os procedimentos para o acolhimento de vítimas e a realização de denúncias.

Tatiana Teixeira Silveira, professora do Campus Restinga, participou da elaboração de ambos e relata que a implantação desses documentos foi um movimento inicial, porém crucial no combate à misoginia, ao machismo estrutural e às violências contra mulheres. “São muitas as mulheres que fazem parte da nossa instituição, e não podemos invisibilizar e esquecer do processo que envolve as mulheres negras, as com deficiência, as trans, as periféricas, as trabalhadoras terceirizadas, dentre tantas outras.”

Cartilha de enfrentamento às violências de gênero no IFRS é de 2022 e apresenta os documentos citados em uma linguagem mais simples e objetiva. O material tem por objetivos orientar, informar e auxiliar nas atividades pedagógicas sobre violências de gênero, bem como contribuir com a divulgação de políticas institucionais.

A professora do Campus Alvorada Manuela Finokiet atuou na elaboração da cartilha e comenta: “Infelizmente, o espaço escolar ainda reproduz muitas situações de machismo, misoginia, racismo, lgbtfobia e capacitismo que precisam ser percebidas, discutidas e combatidas. A cartilha permite nomear violências, exemplificar como elas se manifestam e, também, apontar redes e caminhos de apoio fundamentais para não tornar comum essas situações.”

 

Assessoria e núcleos de estudo e pesquisa em gênero e sexualidades

Em 2022, o IFRS implantou a Assessoria de Gênero e Sexualidade. O setor promove atividades, desenvolve publicações, campanhas e capacitações para discutir temáticas referentes a corpos, gêneros e sexualidades e como elas têm sido abordadas em diferentes espaços, em especial, no institucional. Segundo Cátia Gemelli, assessora de Ações de Gênero e Sexualidade do IFRS, “embora a educação seja um direito fundamental, as mulheres ainda enfrentam barreiras para o acesso, a permanência e o êxito nas instituições de ensino”.

Na avaliação de Cátia, o maior desafio enquanto instituição é desenvolver práticas para identificar e contemplar a pluralidade de ser mulher, e esse trabalho deve ser coletivo. A assessoria trabalha de modo colaborativo com os Núcleos de Estudo e Pesquisa em Gênero e Sexualidade (Nepegs) e os Núcleos de Ações Afirmativas (Naafs), existentes na Reitoria e nos campi.

Camila Carmona Dias, que coordenou o primeiro Nepegs do IFRS, no Campus Erechim, em 2013, explica que, desde o surgimento, os núcleos realizam ações para o empoderamento feminino, constituindo uma rede de acolhimento, proteção e luta. “O núcleo no Campus Erechim representou um avanço e constitui um ambiente de segurança e pluralidade. Muitas mulheres sentem-se acolhidas, ouvidas e amparadas, pois formamos uma rede de proteção e acolhimento entre nossas servidoras, estudantes e funcionárias terceirizadas.”

 

Garantia de direitos fundamentais

Pensando em reduzir os riscos físicos e emocionais da falta de acesso a produtos adequados para a higiene durante a menstruação, o IFRS realizou em 2022 o projeto “Dignidade Menstrual”. Aproximadamente 1.400 estudantes em situação de vulnerabilidade social receberam, de forma gratuita, absorventes descartáveis e coletores menstruais reutilizáveis nos 17 campi da instituição.

Ocorreram também atividades formativas e rodas de conversas sobre o tema. Cartazes foram fixados nos banheiros com dicas de higiene íntima, a fim de garantir uma melhor qualidade de vida para pessoas que menstruam.

Segundo Janaina Zanchin, psicóloga que esteve à frente do projeto no IFRS, “ao integrar a distribuição dos itens de higiene pessoal com as atividades educativas, o IFRS avançou na inclusão das mulheres, na promoção da saúde dos estudantes e na criação de uma instituição e, porque não, de uma sociedade melhor para todos”.  Ela menciona pontos fundamentais para o êxito da ação: “é essencial que mulheres estejam à frente de propostas para outras mulheres. A instituição precisa estar aberta e apoiar iniciativas como essa, garantindo ações para promover o acesso e a permanência de nossos estudantes”.

Outra iniciativa voltada para a dignidade menstrual é o projeto de pesquisa “SustainPads: Absorventes sustentáveis e acessíveis a partir de subprodutos industriais”. Pelo projeto, das estudantes Camily Pereira dos Santos e Laura Nedel Drebes com orientação da professora Flávia Twardowski, do Campus Osório, foram desenvolvidos  absorventes higiênicos mais baratos e ambientalmente sustentáveis em comparação com os encontrados no mercado, de algodão e plástico. O baixo custo contribui para reduzir a falta de acesso a produtos adequados para a higiene menstrual.

O projeto ganhou visibilidade internacional com a premiação de Excelência no Prêmio Jovem da Água de Estocolmo (SJWP), em 2022, destacando a importância de as mulheres estarem atuantes também na ciência.

 

A trajetória impulsiona

Vale lembrar que a trajetória do IFRS teve início com a gestão de uma mulher e muitas dessas pautas estiveram presentes durante sua atuação na instituição. Cláudia Schiedeck, primeira reitora do IFRS, em 2009, alerta que é preciso atenção, pois “o preconceito contra a mulher não é, muitas vezes, explícito. Ele aparece nas entrelinhas, em pequenas ações diárias e vai desde a gradação do ar-condicionado até pequenas (ou grandes) sabotagens nos processos de gestão”.

Embora Cláudia acredite que seja uma caminhada lenta e muitas vezes exija posicionamento forte, ela ressalta avanços, citando dados motivadores de celebração e encorajamento: das 41 instituições da Rede Federal, atualmente 15 têm mulheres como reitoras eleitas e, pela terceira vez, uma mulher é presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). “Isso, de certa forma, aponta para uma mudança cultural nos Institutos Federais, que passaram a olhar para a mulher com competência, respeito e potencialidade.”

No IFRS, atualmente são quatro diretoras-gerais de campi e, dos 31 cargos de direção da Reitoria, 18 são ocupados por mulheres.

Fim do conteúdo