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IFRS – Campus Farroupilha coopera com startup para desenvolvimento de embalagem biodegradável e comestível


O IFRS – Campus Farroupilha é parceiro no desenvolvimento de uma embalagem biodegradável para alimentos. A inovação? Ser comestível! Preocupada com questões atuais do meio ambiente, sustentabilidade e, principalmente, os plásticos descartáveis, a doutora em biotecnologia Juliana Machado Fernandes, à frente da startup farroupilhense Nora Biotecnologia, foi contemplada com o edital Doutor Empreendedor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs). Como exigência do edital, ela buscou o Campus Farroupilha, que dá o aporte por meio da Incubadora Increase e, desde 2022, o produto é desenvolvido nos laboratórios da instituição, com a parceria do professor do campus Edson Francisquetti.

O produto

Os biopolímeros* ou polímeros de origem natural são uma aposta atual da indústria e políticas públicas pelo mundo para redução da poluição, segundo Juliana. Portanto iniciou-se, nos últimos anos, um aumento no investimento em pesquisa e produção neste tipo de material: “Os polímeros a base de amido já são consolidados no mercado, mas geralmente eles são feitos com blendas poliméricas, ou seja, misturas com elementos a base de petróleo. Eles degradam, mas liberam componentes poluentes no meio ambiente. Já o meu produto não polui, pois é 100% feito amido de mandioca. E os testes que estamos fazendo é para que a embalagem seja comestível. Além disso, pensamos em incluir agregados nutricionais, como vitaminas”, explica a cientista.

De acordo com Francisquetti, o produto também será 100% biodegradável e acessível: “Os que existem hoje são caros, portanto estamos desenvolvendo um de baixo custo. O alto custo das embalagens de hoje se dá devido às misturas de dois polímeros que as tornam proibitivas para o segmento de alimentos. Escolhemos produzir as embalagens com amido, mas estas apresentam o problema de serem solúveis em água, o que para alimentos é um problema. Desta forma, estamos na etapa de diminuir a solubilidade do amido. Já temos uma melhora significativa nos testes de laboratório”.

A ideia é, no futuro, o material ser colocado no mercado à disposição da indústria alimentícia, franquias etc. “O produto poderá ser utilizado como embalagens em um amplo espectro de alimentos como carnes e derivados, frutas e verduras, fiambreria, produtos de panificação, congelados, refeições, lanches. Também será possível transformar o material em canudos, copos ou bowl”.

A parceria

O desenvolvimento desta embalagem vai possibilitar que estudantes bolsistas – tanto do Ensino Médio como dos cursos superiores – dos laboratório de Caracterização de Polímeros e de Transformação de Polímeros do IFRS – Campus Farroupilha participem das etapas desta cooperação. Além disso, o campus recebe, como contrapartida do projeto da startup Nora Biotecnologia,  manutenção dos laboratórios, como calibração e conserto de dois equipamentos, e confecção de moldes para produção das bandejas de amido.

O prazo do edital da Fapergs para finalização do desenvolvimento projeto é final de 2024, porém, segundo Juliana, a startup pretende concluir ainda em 2023: “E, assim, ir para os próximos passos, como transpassar do projeto para a indústria, fazer novas parcerias e buscar investimentos”.

* Polímeros são macromoléculas formadas por moléculas pequenas que se ligam por meio de uma reação denominada polimerização. Os polímeros podem ser naturais ou sintéticos. Dentre os vários polímeros naturais podemos citar a celulose (plantas), caseína (proteína do leite), látex natural e seda. São exemplos de polímeros sintéticos o PVC, o Nylon e acrílico. Os biopolímeros são polímeros ou copolímeros produzidos a partir de matérias-primas de fontes renováveis, como: milho, cana-de-açúcar, celulose, quitina, e outras [2]. As fontes renováveis são assim conhecidas por possuírem um ciclo de vida mais curto comparado com fontes fósseis como o petróleo, o qual leva milhares de anos para se formar. (Fontes UFCG e USP)

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