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Projeto de Dignidade Menstrual atende estudantes do Campus Rolante
Papelão, sacolas plásticas, jornais e até miolo de pão são alguns dos materiais utilizados durante o período menstrual por quem não possui acesso a absorventes. Há também quem passe muitas horas ou até dias com o mesmo absorvente. Essas informações foram divulgadas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) durante o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdades e violações de direitos”, publicado em 2021. O mesmo estudo aponta que o uso de materiais inadequados e a falta de higiene íntima podem levar a situações como alergias, irritações, infecções sérias e, até mesmo, à morte.
Pensando nos riscos físicos e emocionais que a pobreza menstrual pode acarretar, o IFRS desenvolveu o Projeto Dignidade Menstrual. O objetivo é promover a distribuição gratuita de absorventes higiênicos descartáveis e coletores reutilizáveis para estudantes que necessitam, dos 17 campi da instituição.
No Campus Rolante, essa ação está ancorada na equipe do projeto de extensão Líbera: Ciclos, Círculos e Feminilidades, que já discute, desde 2019, os impactos da menstruação na vida de quem menstrua. De acordo com a coordenadora do Líbera e assistente social do Campus Rolante, Neila Sperotto, são muitas as implicações da menstruação, desde emocionais até econômicas. “As pessoas que menstruam estão sendo convidadas para círculos de cultura onde, acolhidas pelas bolsistas do Líbera, socializam suas experiências, trocam informações e discutem estratégias para reduzir os impactos dos efeitos físicos e emocionais dos ciclos menstruais”, explica.
Parte do material (absorventes higiênicos descartáveis e coletores menstruais) foi recebida no mês de agosto pelo Campus Rolante. Inicialmente, serão fornecidos às pessoas que menstruam 10 coletores menstruais (com validade de três anos) e mais de 600 absorventes higiênicos descartáveis. O campus já possui um espaço na Coordenação de Assistência Estudantil (Caep) para a oferta de bem-estar às pessoas que menstruam, com bolas de Pilates para o alívio de dores nas costas e cólicas, chás com propriedades curativas, travesseiros térmicos e cards com informações e dicas para diminuir o mal-estar.
“Nas quartas-feiras, nos turnos da manhã e tarde, temos as bolsistas de plantão para ajudar a esclarecer dúvidas, apoio emocional e estudo sobre os ciclos menstruais. O atendimento é realizado na sala T15, das 8h às 17h. Nas trocas de experiências e nas enquetes realizadas pelo Projeto Líbera, já identificamos que as pessoas que menstruam são prejudicadas no desempenho acadêmico, pois os sintomas de saúde (dores nas costas, cólicas, enxaquecas, desconfortos nas mamas, assaduras, alteração no humor, etc.) reduzem as capacidades de atenção. E, ao tomar medicação para aliviar esses sintomas, ainda percebem que sua capacidade de raciocínio e memória ficam prejudicadas. Temos ainda estudantes que precisam ser hospitalizadas para reduzir os efeitos colaterais da menstruação. Sem mencionar ainda o sofrimento emocional das pessoas não binárias”, destaca Neila.
Saiba mais sobre o Projeto Dignidade Menstrual
Poderão receber os itens estudantes (mulheres, homens transgênero, pessoas não binárias e pessoas intersexo) em situação de vulnerabilidade social. Há ainda a oferta de atividades educativas relacionadas ao corpo, à sexualidade e à reprodução para toda a comunidade acadêmica.
O projeto foi publicado no formato de Instrução Normativa 01 no mês de maio deste ano. As despesas decorrentes da aquisição dos materiais ocorrerão por conta do orçamento da Reitoria. A previsão é que os itens beneficiem cerca de 1.400 estudantes mensalmente com absorventes higiênicos descartáveis. Quem optar por coletores reutilizáveis, receberá uma unidade por ano. E além da entrega aos contemplados pelo projeto, os setores de assistência estudantil disponibilizarão absorventes para entrega a qualquer estudante, em caso de necessidade.
Iniciativa busca contribuir para a permanência dos estudantes
“O projeto foi iniciado no IFRS no final de 2021, em consonância com o Plano de Permanência e Êxito da instituição, que tem entre os seus objetivos específicos atuar na resolução de fragilidades que obstruem a permanência e o êxito dos estudante na instituição, garantindo o direito à educação”, esclarece o diretor de Assuntos Estudantis, Neudy Alexandro Demichei.
A iniciativa é da Pró-Reitoria de Ensino (Proen) em parceria com a Assessoria de Gênero e Sexualidade do IFRS e conta com a participação dos Núcleos de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade (NEPGS), Núcleos de Ações Afirmativas (NAAF), Direções de Ensino e equipes de Assistência Estudantil dos campi.
Os estudantes interessados em saber mais ou se cadastrar para receber os materiais podem procurar os núcleos ou a Assistência Estudantil do campus.
Contatos no Campus Rolante:
Por meio do Projeto Líbera, você pode enviar mensagem no IG @libera_ifrs, ou procurar a Sala T15.
Saiba mais sobre o tema
A higiene menstrual é um direito humano reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2014. No Brasil, foi promulgada a Lei 14.214/21, que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. A norma determina que estudantes dos ensinos fundamental e médio, mulheres em situação de vulnerabilidade e presidiárias recebam, de forma gratuita, absorventes para sua higiene pessoal. No entanto, ainda não foi divulgada a data de início da distribuição pelo SUS.