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Professora representa o Campus no III Encontro Nacional de Inovação e Empreendedorismo na Educação Profissional e Tecnológica
A professora Taise Quadros da Silva, do IFRS Campus Rolante, representou o Campus no III Encontro Nacional de Inovação e Empreendedorismo na Educação Profissional e Tecnológica, realizado em Brasília entre os dias 10 e 12 de junho. Sua participação está vinculada à candidatura de um projeto ao edital voltado à seleção de iniciativas sustentáveis para a COP 30 – a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontecerá em Belém no final de 2025. Este evento internacional reúne anualmente lideranças mundiais, cientistas, organizações da sociedade civil e representantes governamentais para discutir ações de enfrentamento às mudanças climáticas.
Com o trabalho intitulado “Nhemombaraete Rekoraĩ – Visitas Educativas e Culturais ao Território Guarani Tekoa Yvyty Porã: Etnodesenvolvimento e Bioeconomia Indígena,” a professora apresenta o projeto submetido ao edital de projetos indissociáveis de 2024. A proposta parte da valorização do artesanato guarani como forma de repensar o conceito de produção sustentável, a partir da cosmovisão dos povos originários sobre bioeconomia. Essa abordagem está alinhada com os recentes debates conduzidos por intelectuais indígenas como Braulina Baniwa e Francisco Apurinã, que problematizam o uso do termo “bioeconomia” enquanto conceito funcional ao mercado, propondo uma reflexão mais profunda sobre sustentabilidade e modos de vida tradicionais.
No projeto, o tempo e o sentido da produção guarani estão intimamente ligados ao ritmo da vida e à reprodução da cultura, fundamentando-se no nhandereko — o “modo de ser” coletivo —, e não na lógica da oferta e demanda. Ao nos aproximarmos dessas concepções, somos convidados a refletir sobre os descompassos entre o tempo da vida e o tempo da produção na lógica industrial contemporânea — um dos eixos centrais da crise ambiental que enfrentamos. Nesse contexto, propomos uma nova forma de inovar: menos centrada na tecnologia e mais enraizada na vida. Respeitar o tempo das comunidades que dialogam com os ciclos da terra é, hoje, um gesto verdadeiramente inovador. Valorizar saberes historicamente invisibilizados pela lógica do mercado é uma missão fundamental dos Institutos Federais. Integrando justiça social, cuidado ambiental e educação, é possível promover uma inovação que transcenda fórmulas mercadológicas, reconhecendo na cultura e na sabedoria dos povos originários caminhos potentes para um futuro mais justo e sustentável.