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Reunião dos Comitês de monitoramento das IES públicas debate o contexto atual da pandemia no ensino superior do RS
Na tarde da última sexta-feira, 28, representantes de nove instituições de ensino superior públicas do estado estiveram reunidos para debater o contexto atual e os impactos da pandemia nas suas atividades acadêmicas e administrativas. Algumas das pautas colocadas em debate foram referentes a organização dos calendários acadêmicos, a situação da pandemia no estado e os critérios de vacinação. De acordo com os participantes, no contexto pandêmico atual de muitas incertezas, o desafio está no planejamento para uma retomada segura, especialmente das atividades práticas. O encontro, realizado via videoconferência, foi organizado pela FURG, por meio do vice-reitor, Renato Duro Dias.
De acordo com professor “O grupo de trabalho, que congrega os Comitês de Emergência das Instituições de Ensino Superior (IES) do RS, tem como principal objetivo subsidiar ações de enfrentamento à pandemia de modo colaborativo e é constituído por: Universidade Federal Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e Instituto Federal Farroupilha (IFFar)”, explicou o vice-reitor.
Estiveram presentes durante a reunião: Jenifer Saffi, representando a UFCSPA; Marcos Britto, representando a UFPel; Mariana Marquezan, representando a UFSM; Shirley Nascimento, representando a Unipampa; Gabriel Cunha, representando a Uergs; Raquel Janelli, representando o IFSul; Amilton Figueiredo, representando o IFRS; Nídia Heringer, representando o IFFar; e o vice-reitor da FURG, Renato Duro Dias.
Percepções do contexto atual
Com o fim do sistema de monitoramento estadual em bandeiras, responsável por informar, de forma visual, o contexto pandêmico vivido, se tornou mais difícil comunicar o panorama atual vivido nos municípios do estado frente ao avanço do vírus, o estado das UTIs e o quantitativo de novos casos confirmados da doença. Na oportunidade, os representantes fizeram um balanço da situação geral de suas cidades, discutindo questões relacionadas à possibilidade do retorno das atividades presenciais, seus impeditivos, protocolos de segurança, vacinação e demais situações que implicam impactos diretos no planejamento das instituições dentro do primeiro e segundo semestres do calendário emergencial 2021-2022.
“Em Pelotas só atividades essenciais estão acontecendo de forma presencial, e todas ações deste tipo, julgadas como tal dentro do comitê próprio da universidade são autorizadas, e isso contempla atividades de pesquisa e atividades dos cursos da área da saúde envolvidos no combate ao vírus”, esclareceu Marcos Britto, coordenador de pesquisa da UFPel.
“NA UFCSPA, já foi decidido que todas as aulas teóricas em 2021 acontecerão de forma remota”, disse Jenifer Saffi, Vice-reitora da universidade. Ainda segundo a representante, para os cursos de graduação da instituição, as únicas atividades presenciais permitidas neste momento são estágios curriculares. “Para aulas práticas, retomamos as gravações, realizada apenas com um docente e um técnico ou monitor, se for o caso. Estamos nos preparando para a retomada de atividades práticas prioritárias assim que a situação epidemiológica melhorar”, pontuou a gestora.
De acordo com Raquel Janelli, médica do IFSul-Rio-Grandense, na instituição, apenas as atividades essenciais, sem presença de alunos envolvida, estão ocorrendo. “Agora estamos discutindo a liberação de atividades excepcionais. Também nos preocupam os critérios que deverão ser adotados para que as unidades do Instituo Federal possam liberar a entrada de estudantes nas suas facilidades”, colocou.
“Aqui no IF-Farroupilha as atividades de ensino, pesquisa, extensão e de caráter administrativo estão acontecendo de forma remota até o final do primeiro semestre. Para que essas atividades sejam autorizadas a acontecer, são apresentadas propostas ao Comitê local, que avalia a viabilidade e defere ou indefere o pedido”, informou Nídia Heringer, Reitora do instituto. Ainda segundo ela, as ações presenciais em curso no campus envolvem, basicamente, a alimentação de animais e alguma produção de insumos como o álcool em gel, por exemplo.
Segundo Gabriel Cunha, pró-reitor da Uergs, a instituição segue com as atividades presenciais regulares suspensas enquanto durar o estado de calamidade pública. De acordo com a sua fala, no próximo semestre letivo deverão ser retomadas algumas atividades presenciais, tais como as aulas práticas, seguindo os protocolos de contingência de cada uma das 23 unidades da instituição.
Dificuldades no planejamento das atividades
Segundo Janelli, o IFSUL-Rio-Grandense enfrenta diversos problemas na estruturação das suas ações devido a uma série de problemas em outros sentidos, um deles está relacionado à vacinação, uma vez que o instituto atende alunos – e colaboradores -, de outras cidades que não a que abriga o campus, fazendo com que esta parcela da comunidade acadêmica esteja submetida a outros planos de vacinação que não levam em consideração o IF.
“Existe um município da região que está se negando a vacinar os nossos professores pois eles estão desenvolvendo atividades de ensino remoto, e só vão proceder com a imunização caso os servidores retornem às atividades presenciais. O que é completamente arbitrário”, recordou a médica. Para ela, a falta de padronização na campanha de vacinação também implica dificuldades no planejamento da retomada do modo presencial quando posto sob a ótica de estudantes e colaboradores que precisam deslocar-se via transporte público de uma cidade até a outra.
“Existe muita dificuldade nos fluxos; em relação ao aluno, residente em outra cidade, se, por ventura, apresentar sintomas durante atividades no Instituto? Como vamos chamar os seus pais ou viabilizar a logística necessária para que ele retorne para casa em segurança?”, destacou Janelli.
Renato Dias, vice-reitor da FURG, também abordou sobre os fluxos de vacinação municipais, principalmente no que tange o impacto perante a estrutura da universidade. “Observa-se que os quantitativos de doses distribuídos pelo governo federal está aquém do que se esperava, essa lentidão também agrega um complexificador para o planejamento institucional”, disse o gestor.
O tema da vacinação, no IF Farroupilha, é também uma preocupação, visto que a instituição atende 12 municípios. “Os servidores, em algumas cidades, já foram vacinados, em função do município ser pequeno, ou possuir uma lógica já definida para distribuir o imunizante. No entanto, outras cidades, nas quais servidores residem, vacinam apenas pessoas que ali trabalham, e, nos municípios que essas pessoas trabalham, vacinam apenas residentes. Temos muitos servidores presos neste limbo, não aptos a receber o imunizante”, detalhou Nídia.
Outra questão levantada pela reitora, que representa um impeditivo para a retomada de atividades presenciais de larga escala é o uso do transporte coletivo, com segurança, para servidores e estudantes. “Há uma instrução normativa que define que devem permanecer prioritariamente em atividades remotas àqueles que fazem uso do transporte coletivo. Esse grupo, para nós, é muito grande”, explicou a reitora. Segundo ela, de 11 mil estudantes mais de 50% fazem uso de transporte coletivo. “Quando observado este limitador, reduz-se violentamente a possibilidade de presença nas instalações do Instituto. No quadro de servidores de alguns campi o cenário se repete”, completou.
De acordo com Shirley Nascimento, representante do Comitê de Monitoramento do Coronavírus da Unipampa, a volta às atividades presenciais neste momento é um assunto complicado, pois implica colocar, deliberadamente, a vida de estudantes e servidores em risco. Para ela, existe outro fator que representa um impacto significativo no modo de organização das universidades neste momento: o sistema de monitoramento estadual. “A gente já vinha discutindo formas para balizar as ações de enfrentamento ao vírus; agora não há mais o sistema de cores para auxiliar essa tomada de decisão”, apontou Shirley.
Modelo de distanciamento controlado estadual e a organização das universidades
De acordo com Renato Dias, nos documentos oficiais referentes à organização das atividades na FURG, não houve uma vinculação expressa, tanto ao modelo de distanciamento controlado estadual anterior como ao novo. “Não adotamos no nosso plano esse critério, pois o Comitê da universidade atenta aos indicadores epidemiológicos qualitativos e quantitativos, acompanhando os dados regionais e municipais e a partir destes faz a tomada de decisão”, esclareceu o vice-reitor. Segundo Jenifer, “a mesma medida de precaução foi adotada na UFCSPA”.
Amilton Figueiredo, pró-reitor de Desenvolvimento Institucional do IFRS, durante sua fala, chamou a atenção para o tema e propôs ao grupo a criação de um entendimento coletivo acerca de fatores limitantes, de alerta e de ação. “Seria interessante pensar no que consiste cada ponto, o que seria um sinal vermelho, por exemplo; o que dá a ideia de cuidado redobrado, alerta. Se a gente pudesse pensar em como alinhar o nível de preocupação entre as nossas instituições, seria proveitoso”, disse o professor.
A próxima reunião do grupo de trabalho das IES públicas acontece em duas semanas, no dia 11 de junho. “Até lá vamos observando a dinâmica da pandemia, o avanço da vacinação e tentando planejar cenários futuros’, encerrou Renato Dias ao final da reunião.
Texto: Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande (Furg)