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Estudante do ensino médio conquista o 1º lugar em feira científica e credenciamento para evento internacional


Ana Clara conquistou premiação de destaque no evento

A vontade de ajudar as pessoas com deficiências através da ciência foi o que despertou a aluna Ana Clara Jardim, do 4º ano do curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio, para atuar com pesquisa. E a mais recente conquista da jovem foi o 1º lugar na área de ‘Letras, Linguística e Arte’ com o trabalho ‘Estudos acerca das variações linguísticas de Língua Brasileira de Sinais no litoral norte gaúcho’ durante a 3° Feira Mineira de Iniciação Científica – Femic, realizada de 13 a 16 de agosto de 2019 na cidade de Mateus Leme, em Minas Gerais. Como premiação, ela recebeu troféu e certificado, além do credenciamento para Genius Olympiad 2020 por obter a maior nota do evento.

A pesquisa, orientada pela professora de Libras Aline Dubal com coorientação de Ingrid Gonçalves Caseira, consiste na realização de um estudo para averiguar os sinais (gestuais utilizando as mãos que representam palavras) mais utilizados pela comunidade surda nas cidades de Osório, Tramandaí, Imbé, Santo Antônio da Patrulha e Capão da Canoa. O objetivo era catalogar esses sinais para ampliar a acessibilidade comunicativa entre os surdos da região do litoral norte e auxiliar o aprendizado de Libras na região.

Ana Clara conta que, ao participar das oficinas de Libras oferecida pelo Campus Osório como atividade de extensão, em 2017, observou que pessoas que já tinham algum contato com a língua usavam sinais diferentes para representar a mesma palavra. “Descobri que elas eram de municípios diferentes e aprendi que a Libras é uma língua legítima e genuína como as demais, diferindo apenas por sua modalidade gestual-visual. E, assim como as demais línguas, não apresenta unidade e sofre variações, como é o caso aqui da nossa localidade, onde essas diferenciações são também perceptíveis e marcantes”, explica.

O estudo, além de analisar as variações linguísticas da região, também comparou configuração de mãos, localização e configuração do gesto mais usuais no litoral norte gaúcho com o que é apresentado pelo Minidicionário da Faders e também pelo Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue – referência no pais.

O resultado do trabalho pode ser conferido na plataforma didática, o Litoral Libras produzida pelo irmão de Ana Clara, Lucas Jardim, que está concluindo o curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e já atuou em outros projetos de destaque do Campus Osório, como o aplicativo Pró-Mamá. No site está disponível um glossário com vídeo dos sinais mais usuais da região. Na lista estão verbos, adjetivos, nomes das cidades e objetos. O repositório virtual também contém materiais teóricos com diversas informações importantes acerca do sujeito surdo, da Libras e da comunidade e cultura surda.

Entre as constatações, está o fato de que o sujeito surdo do município de Capão da Canoa é o que mais varia em relação aos das demais cidades da região, enquanto o de Imbé é o que apresenta maior diferenciação em relação aos sinais encontrados em ambos os dicionários analisados. “A comunidade surda do litoral norte gaúcho vem apresentando uma crescente demanda por plataformas de estudos de Libras direcionadas à região, com as variações linguísticas que formam a cultura local. E com o Litoral Libras estamos colaborando para difundir os principais sinais e sendo pioneiros, inclusive, ao oficializar a divulgação da lista de cidades, que até então era aprendida apenas de forma prática” comemora Ana Clara.

O projeto já havia sido destaque na  17ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada março deste ano no Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (USP). Ganhou o 4º lugar em Ciências Sociais e Aplicadas e o credenciamento para a Prêmio Feira Mineira de Iniciação Científica (Femic), na qual concorreu com outros 130 trabalhos de nível médio/técnico.

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